Crítica: 'A Vida Invisível' emociona com história pesada

Longa foi indicado pelo Brasil para concorrer a uma vaga entre os indicados ao Oscar

Por: Lucas Krempel & Da Redação &  -  22/11/19  -  11:09
'A Vida Invisível' emociona com história pesada
'A Vida Invisível' emociona com história pesada   Foto: Divulgação

Quando Guida (personagem de Julia Stockler) retorna grávida à casa dos pais, após viver uma loucura de amor na Europa, mas é impedida pelo patriarca de retomar o convívio com a irmã, não há como segurar as lágrimas.


Tamanha maldade praticada por um pai machão, chucro, poderia ser apenas um retrato da década de 1950, época na qual se passa a história de 'A Vida Invisível'. No entanto, infelizmente, não é raro ouvir dramas semelhantes até hoje.


Indicado pelo Brasil para concorrer à uma indicação no Oscar 2020, 'A Vida Invisível' é pesado, denso, dramático, porém necessário. Ainda mais em tempos de machões que se acham donos de alguém.


A Trama


Definido pelo diretor Karim Aïnouz como um melodrama tropical, a obra traz como protagonistas Eurídice (Carol Duarte), 18, e Guida, 20, duas irmãs inseparáveis que moram com os pais em um lar conservador, no Rio de Janeiro.


Ambas têm um sonho: Eurídice o de se tornar uma pianista profissional e Guida de viver uma grande história de amor. Mas elas acabam sendo separadas pelo pai e forçadas a viver distantes uma da outra. Sozinhas, elas irão lutar para tomar as rédeas dos seus destinos, enquanto nunca desistem de se reencontrar.


Estreantes no cinema, Julia Stockler e Carol Duarte têm atuações marcantes, que dão o tom dramático que o filme pede. Apesar da falta de experiência na telona, ambas possuem currículos expressivos. Julia no teatro, Carol na TV aberta.


Soma-se ao elenco o ator, humorista e apresentador Gregório Duvivier, que vive o marido machão de Eurídice. Não está no mesmo nível das duas protagonistas, mas revelou uma curiosidade durante a coletiva de imprensa do filme, em São Paulo. As roupas utilizadas por ele são do avô, que viveu a mesma época na qual se passa o filme.


Todavia, esse é outro ponto que merece destaque na obra. Figurino, fotografia, citações, referências de carros e objetos, tudo remete aos anos 1950. É nítido que os realizadores tiveram um cuidado imenso na hora de mergulhar nessa década.


Fernanda Montenegro


Não, não esqueci da Fernanda Montenegro. Aos 90 anos, a veterana atriz participa de pouco mais de dez minutos do longa. Pouco? Tempo suficiente para emocionar ainda mais.


A indicada ao Oscar e o Globo de Ouro de 1999, por seu papel em Central do Brasil, vive Eurídice nos dias atuais. Não é possível comentar quase nada sobre esse momento. Um spoiler pode ser fatal.


Não me surpreenderia se Fernanda Montenegro fosse indicada como melhor atriz coadjuvante nas principais premiações. Algo difícil, ainda mais pelo pouco tempo em tela, mas seria justo.


Campanha pelo Oscar


Por falar em premiações, 'A Vida Invisível' teve sua estreia adiada diversas vezes, mas por uma boa causa. Segundo os realizadores, o objetivo era chamar a atenção da Academia justo a partir de novembro, quando começam as campanhas dos filmes por um lugarzinho no prêmio mais cobiçado da indústria do cinema.


Logo A Tribuna
Newsletter