Não foi apenas a pandemia de covid-19 que impossibilitou que artistas de um grupo teatral de Cubatão pudessem apresentar-se, ainda que virtualmente, ao público nesse período. O Coletivo 302 teve parte de seu material de trabalho furtado e agora tenta, por meio de uma vaquinha digital, se recuperar do prejuízo para retomar parte das atividades no próximo ano.
O grupo tinha um contêiner, emprestado por uma empresa de transporte, utilizado para guardar todo o material do espetáculo Vila Parisi, que foi montado a partir de recursos vindos do edital de fomento ProAC-SP, que desde maio de 2019 ficava na Praça Cruzeiro Quinhentista, onde aconteciam ensaios e apresentações.
“Era de conhecimento e aval da Prefeitura, da CMT (Companhia Municipal de Trânsito) e da Polícia Militar que os eventos aconteciam ali, que autorizavam inclusive a interdição do entorno sempre que tínhamos apresentações”, conta a atriz e integrante do grupo Allana Santos.
Segundo ela, com a paralisação das atividades, a partir de março, o grupo passava com frequência no local para pegar algum material para os trabalhos de audiovisual que fizeram no período e foi surpreendido, no final de agosto, ao descobrir que o contêiner havia sido removido pela Prefeitura para o pátio da CMT. “A secretária (ex-secretária municipal de Cultura, Vanessa Toledo) mandou uma mensagem, à noite, para um dos integrantes, avisando informalmente que teríamos que tirar de lá e ele pediu mais um tempo para tomar as providências. Mas, na manhã seguinte, já haviam removido, sem que tivéssemos tempo de protocolar qualquer pedido”, relata a artista.
Impossibilitado de ter acesso ao contêiner, o grupo foi atrás de recursos para pagar um guincho e as taxas para a remoção e, mais uma vez, foram surpreendidos quando tiveram permissão para entrar no pátio da CMT: ainda trancado com os cadeados originais, o material não se encontrava mais ali. Equipamento de som, de iluminação, figurinos e cenários tinham desaparecido.
Como o projeto faz parte de um edital e foi utilizado dinheiro público para a compra de tudo, o grupo afirma que o prejuízo é de R$ 16 mil e é esse valor que quer recuperar por meio da vaquinha virtual. Além disso, eles fizeram boletim de ocorrência e a Polícia investiga o desaparecimento do material. “Também mandamos um ofício para a Prefeitura cobrando informações sobre o ocorrido, uma vez que o contêiner estava sob a guarda deles neste período. Não tivemos nenhuma posição até agora”, lamenta Allana.
Por nota, a Prefeitura de Cubatão afirma que o equipamento “encontrava-se sem qualquer trava ou cadeado e em visível estado de abandono em espaço público” e que a autorização de permanência no local estava vencida.
A Prefeitura afirma que, no momento da remoção, as portas estavam abertas, sem qualquer tranca, o que constaria no Auto de Remoção e que o pátio da CMT tem vigilância 24 horas. A Administração Municipal promete instaurar sindicância para apurar os fatos.