Clima sombrio atrapalha Dumbo

Filme não agrada e coloca elefante como coadjuvante

Por: Rubens Ewald Filho  -  29/03/19  -  09:28
Dumbo teve um orçamento de produção de US$ 170 milhões
Dumbo teve um orçamento de produção de US$ 170 milhões   Foto: Divulgação

A primeira coisa que me impressionou nesta nova versão de Dumbo é sua escuridão. Cheguei a tirar os óculos e verificar se era culpa minha ou resultado do estilo sombrio do senhor Tim Burton. Estilo do qual, por sinal, ele usou e abusou diversas vezes com resultados irregulares.


Curiosamente a coisa mais bonita do filme é justamente a escolha que ele fez de dar o papel principal para uma atraente e, por vezes, fascinante atriz francesa, Eva Green (conhecida como filha da atriz Marlène Jobert, que foi estrela por lá, nos anos 1960, com O Passageiro da Chuva, O Astrágalo, Alexandre o Felizardo e chegou a ter 48 créditos). Eva tem tido sua chance em filmes como 007 Cassino Royale, a série Penny Dreadful, Os Sonhadores de Bertolucci, Baseado em Fatos Reais, de Polanski, O Lar das Crianças Peculiares, também feito por Tim Burton.


Mas nunca esteve tão bonita e charmosa quanto aqui. Ela parece ser vilã, mas vai mudando e se tornando uma ousada aventureira que gosta de Colin Farrell – pai de crianças e sem um braço.
Também faz falta uma trilha musical mais intensa e mais adequada para crianças. Não se repete a simplicidade do original, a ajuda dos amigos, a ingenuidade de todo o filme, enquanto aqui lembra-se mais de outros anteriores filmes de circo, no estilo O Maior Espetáculo da Terra, de Cecil B. De Mille ou Doris Day em A Mais Querida do Mundo, onde ela trabalhava num grande circo (aliás é um grande musical) e como elefante esse sim chamado de Jumbo! Ou seja sua ingenuidade hoje morta, até porque os grandes circos do passado fecharam , não existem mais as danças, e paradas, e brincadeiras de antigamente (inclusive foram eliminados há poucos anos).


O fato é que o pequeno “Jumbinho” está sempre com seus delicados olhos azuis e imensas orelhas, que ele usa para voar (claro que depois de muitos problemas com isso).


Desculpem os possíveis fãs, mas é muito mais encantador e faceiro toda a saga do antigo Dumbo. Sua mãe era mais evidente, e não era necessário inventar deus sabe da onde, surgindo do “sem mais nem menos”, como o promotor maldito. É um momento infeliz para Michael Keaton, que está com uma peruca branca e não acerta nenhum momento quando tenta ser o vilão mal. Acaba fazendo um monte de besteiras sem lógica ou sentido. A única coisa que ajuda ele é o fato de que escalaram para aparecer no filme dois grandes veteranos: Danny DeVito e o querido Alan Arkin.


Ainda assim as danças, as pseudo coreografias, os poucos truques, tudo é secundário perante a única coisa que seria importante: a figura de Dumbo e resolver logo seus probleminhas (num set gigantesco demais). Chega a ser ruim? Digamos que errado, eu, espectador, quero ver o elefante voador e não as cenas sombrias do picadeiro mal resolvido. E, por favor, da próxima vez acendam as luzes, que brilhem as estrelas e explodam um pouco mais de luz!


Confira o trailer de Dumbo abaixo:



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