Cid Moreira retorna às origens e lança rádio
Apresentador criou um canal na internet
Se para muitos chegar aos 93 anos com saúde representa o momento de descansar, aproveitar o lazer e nem pensar em trabalho, para outros essa ideia está fora de cogitação. É o caso do jornalista Cid Moreira, uma das vozes mais conhecidas do País, que está empreendendo na área de tecnologia – outro fantasma para quem já tem uma idade avançada – e acaba de lançar uma rádio.
“Estou emocionado como quando eu entrei na rádio, aos 17 anos. Comecei lá e nunca mais pensei que voltaria ao rádio”, afirma ele, que estreou na Rádio Difusora, em Taubaté, no Interior, em 1943. “Quando eu entrei, eu pensei em fazer estágio em Contabilidade. Mas quando o diretor ouviu minha voz, me falou que seria para a locução e meu coração disparou”, afirma.
A nova emoção veio com a Rádio Conhecer, que estreou no começo deste mês, com transmissão pela internet. O projeto está disponível no site da rádio e tem programação 24 horas por dia, mesclando música – jazz, mbp, blues, trilhas de cinema – com programas de duração de três a quatro minutos, inseridos a cada meia hora.
Neles, um grupo de comunicadores especializados em diferentes conteúdos, como saúde, bem-estar, curiosidades, história, arte, música, literatura, ciência, tecnologia, empreendedorismo, maiores mistérios do mundo e reflexões sobre a vida, trazem informações para os ouvintes.
O próprio Moreira, que é diretor geral da rádio, comanda dois programas: Crônicas e Poemas Imortais e Mensagens da Bíblia em Áudio. A dupla que convidou o jornalista para o projeto também está na programação.
Sérgio Azevedo, que responde pela direção comercial e marketing, apresenta Empreender com sucesso e Momento da Engenharia. A direção artística da rádio é do radialista Cyro César, que vai comandar as atrações Programa de Entrevistas - Conversa com Famosos, Mídia Training e A Era do Rádio.
Cuidados
Toda essa disposição, Moreira afirma que vem de berço, e ele não faz planos para parar. “Eu sempre encarei o trabalho e tenho um bom exemplo. Meu pai era gerente de um clube no Interior e fazia até a limpeza do local. O trabalho sempre me motivou. Assim (trabalhando), eu vou chegar até os 140 anos”, brinca ele, que conta ainda com o apoio da mulher, a também jornalista Fátima Moreira, que participa do projeto no programa Crônicas da Vida. “Hoje, eu tenho domínio dela e tenho até que me conter um pouco”, conta ele, que é lembrado por apresentar Jornal Nacional, entre 1969 e 1996, fazer locuções para o Fantástico e gravar toda a Bíblia em áudio.
Para continuar na linha de frente da locução, ele mantém o mesmo cuidado há anos para garantir a voz forte. Na época do rádio, Moreira lembra que havia um pote de sal para cuidar da garganta. “Depois, (a cantora) Elizeth Cardoso havia me dito que se dava bem com cravo da índia e eu passei a usar. Ganhei uma tremenda gengivite. Hoje, eu uso gengibre e água de coco”, revela.
Esse hábito gerou um episódio curioso na TV brasileira. Ele lembra que, uma vez, na bancada do Jornal Nacional, o gengibre que ficava no canto da boca escapuliu durante a exibição ao vivo do programa. “No dia seguinte, o Armando (Nogueira, que na época comandava o jornalismo da Rede Globo) me chamou para perguntar porque tinha feito careta no ar”, conta.
Tecnologia
Com um canal no Youtube e um perfil no Instagram, que conta com quase 900 mil seguidores, o veterano afirma que o isolamento devido à covid-19 foi benéfico para ele, permitindo que ficasse em casa, se dedicando aos novos projetos digitais. Ele permanece em quarentena com a mulher em Petrópolis, região serrana do Rio de Janeiro, de onde grava os programas para a rádio e os vídeos de seu canal.
“Eu me sinto realizado como ser humano, como profissional. Não estou mais na área de jornalismo, estou me dedicando uma a promessa que fiz quando eu gravei O Sermão da Montanha. Naquela época, escrevi na capa: ‘quero levar Evangelhos, as notícias de Deus, até o último dia da minha vida’. É isso que está me motivando. Estou investindo não só em mim, mas em todos nós. A realidade é essa. Ninguém fica aqui para semente”, conclui.
