Cartunista Caco Galhardo lança livro por editora de Santos

Cinco Mil Anos Mais Um de Covid é o novo livro do renomado cartunista paulistano

Por: Beatriz Araujo  -  28/12/21  -  08:04
São tirinhas, charges e cartoons com seus dias de produção registrados
São tirinhas, charges e cartoons com seus dias de produção registrados   Foto: Divulgação

Em uma espécie de diário de ilustrações, o renomado cartunista paulistano Caco Galhardo, de 54 anos, registra com humor e crítica as nuances humanas em torno do caos pandêmico. O livro Cinco Mil Anos Mais Um de Covid foi lançado neste mês pela editora santista Realejo.


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São tirinhas, charges e cartoons com seus dias de produção registrados. Os desenhos são acompanhados de pequenos textos que resgatam o contexto do momento. Galhardo reconhece ser um livro “curtinho, mas bem divertido”, com cerca de 80 páginas.


Ao longo das tirinhas, são expostas situações intimistas – como a rotina de trabalhar, lavar louça e assistir Netflix, cita Galhardo. Mas também há espaço para dramas externos e políticos.


Ele acredita que a condução da pandemia foi equivocada por parte do governo. Aliás, o presidente Jair Bolsonaro é um dos personagens que aparece com frequência no livro.


Confinamento
Perguntado sobre como o confinamento afetou seu processo criativo, Galhardo assume que, no início, foi até uma experiência desejada. “O cartunista já é um confinado existencial. Ficamos muito tempo dentro de casa e muitos tínhamos o sonho de ficar sem ver ninguém por um ano”, brinca.


Mas o “sonho” se tornou realidade e os sentimentos ao longo do tempo foram os mais diversos. “Enxergamos a importância dos amigos, de ir até a padaria, comer uma coxinha... as coisas assumiram uma importância que eu não reconhecia”, admite.


Os desenhos são acompanhados de pequenos textos que resgatam o contexto do momento
Os desenhos são acompanhados de pequenos textos que resgatam o contexto do momento   Foto: Divulgação

O cartunista recorda ter trabalhado como nunca na vida. Mas, também, descobriu outras pequenas paixões – como a meditação. “Tiveram coisas boas que saíram daí. Mas eu não gostaria de repetir isso de jeito nenhum”, ressalta, contando também ter passado por situações difíceis de ansiedade na família por conta da covid e a morte do sogro.


Trajetória
“Costumo dizer que comecei desenhando p... nos cadernos da escola”. Os anos se passaram e Galhardo se consagrou com a série de tirinhas Pescoçudos, publicada na Folha de S.Paulo de 1997 a 2010.


Ele também criou a personagem Lili, a Ex, adaptada para uma série no canal GNT, entre 2014 e 2016 – ele mesmo escreveu os roteiros. “Uma das coisas que mostram que o trabalho deu certo é quando ele é adaptado para a TV”, diz Galhardo, recordando a produção com carinho.


Além disso, entre diversos trabalhos, teve tirinhas em versões animadas reproduzidas na programação adulta do canal Cartoon Network, com outros renomados cartunistas como Angeli, Laerte, Glauco e Adão Iturrusgarai.


O currículo é longo e parte de seus trabalhos está reunida na coletânea Cinco Mil Anos, lançado em 2019 pela Companhia das Letras.


Agora, após lançar Cinco Mil Anos Mais Um de Covid, Galhardo adianta estar trabalhando em um projeto de animação e desenvolvimento do personagem “pequeno pônei”. “Algumas coisas estão acontecendo, mas ainda nada fechado”.


Crítica
Refletindo sobre a série Pescoçudos, com os personagens que o lançaram nos anos 90, Galhardo vê que eles “cairiam muito bem” atualmente. “Vivemos algo ainda mais distorcido, voltados para o próprio umbigo, e com o pescoço entortado olhando para o celular”.


Os personagens, apesar de divertidos, marcaram uma fase mais crítica de Galhardo, “de ficar pondo o dado na ferida”. Depois, então, ele resolveu trabalhar com personagens mais soltos, de forma mais libertária. “Comecei a me divertir, com um humor mais leve e escrachado”.


Agora suas produções estão mudando novamente, como resultado do período mais reflexivo que o mundo está passando. “O Brasil tem essa característica, de proporcionar muitas tiras autorais que vão mudando de acordo com o estado de espírito do cartunista e da situação”.


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