Blues resiste ao tempo e às crises na Baixada Santista

Ritmo nascido nos EUA tem público fiel na Baixada Santista, graças aos bares com música ao vivo e a eventos como o Clube do Blues

Por: Egle Cisterna  -  16/09/20  -  12:39
Carla Mariani e sua banda incluíram o blues no repertório em 2013: “Espaço está incrivelmente legal
Carla Mariani e sua banda incluíram o blues no repertório em 2013: “Espaço está incrivelmente legal"   Foto: Divulgação

O ritmo nascido no final do século 19, nos Estados Unidos, e que deu origem a tantos outros estilos, como o próprio rock, o blues ainda circula pelas noites da Baixada Santista, onde encontra um público fiel. E fora do período de isolamento, os bares com música ao vivo são o cenário ideal para curtir os artistas locais.


Um dos pioneiros deste estilo musical é o guitarrista Mauro Hector, que durante 30 anos fez parte da banda Druidas, desde 1989. “Junto com o amigo e cantor Marcos Paulo Nóbrega, que considero um dos melhores cantores desse ritmo do Brasil, abrimos vários espaços para que hoje tenha uma cena de blues na Baixada Santista. Mas nunca foi e não é fácil. Fico feliz em ver muita gente tocando blues e misturando com outros estilos”, comenta Hector.


O músico Digo Maransaldi também está na estrada com o blues desde o início dos anos 1990, primeiro com a banda Delta Blues e agora com a Dog Joe. “Percebo que o cenário melhorou e vem aquecendo por aqui. Nos anos 1990, veio a moda nacional do blues e havia espaço para shows. Nos anos 2000, ele sumiu. Por aqui, a partir de 2016, com a abertura de lugares específicos, o espaço para os músicos voltou a existir”, lembra Maransaldi.


Normalmente, os artistas se apresentam em bares, principalmente em Santos e Guarujá. “Hoje, o espaço está incrivelmente legal. Anos atrás, era impossível entrar num bar e ouvir um blues. Agora, já há lugares que têm essa proposta. E quem gosta do som sabe das apresentações e vai”, diz a cantora Carla Mariani, que desde 2013 adotou o ritmo em seu repertório.


Hector acredita que o formato das lives, que ganharam força durante a pandemia, deve continuar. “Mas espero que volte de forma segura a música ao vivo. Eu participei do primeiro festival de blues, nos anos 1990, no Parque Balneário Hotel, e gostaria que tivéssemos mais festivais para o segmento”, afirma o músico, que destaca ainda iniciativas como o Clube do Blues, cuja edição deste ano acontece on-line até sexta-feira e onde Hector se apresenta hoje, às 20 horas, na página do Facebook.


Maransaldi, que está na produção do evento junto com o produtor cultural Eugênio Martins Júnior, afirma que iniciativas assim só acontecem porque partem dos músicos. “Se não vier da gente, músicos e produtores, a coisa não sai. E, daqui para frente, pode ser mais difícil, pois muitos bares fecharam e outros, para garantir mais público, podem optar por música de modinha”.


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