Atriz Aline Deluna é uma voz contra o preconceito racial: 'Fazer arte é um ato político'

Ela está na peça-filme A Reinvenção do Amor, lançada neste mês

Por: Beatriz Araujo  -  15/04/21  -  14:07
Aline disse que é apaixonada pela arte desde as contações de histórias na escola
Aline disse que é apaixonada pela arte desde as contações de histórias na escola   Foto: Lúcio Luna/Divulgação

Ativismo e arte se misturam, sim. E sempre seguirão atrelados. É o que acredita a atriz carioca Aline Deluna, que em seus últimos trabalhos artísticos têm dado vida a personalidades que, com o passar dos anos, sofreram com o apagamento da cultura negra. Sua última estreia é na peça-filme A Reinvenção do Amor, lançada neste mês, em que ela interpreta uma musa que vai contra estereótipos construídos ao longo dos anos em filmes clássicos.


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Além disso, no ano passado, durante o especial da Rede Globo Falas Negras, de Manuela Dias e direção de Lázaro Ramos, Aline interpretou Virgínia Bicudo, uma das responsáveis por trazer os estudos da psicanálise ao Brasil. Outro trabalho de grande repercussão em sua carreira foi a peça Josephine Baker, a Vênus Negra, de 2017, do qual ela foi uma das idealizadoras e contribuiu na produção, dirigida por Otávio Muller.


“Fazer arte é um ato político. Atualmente, mais do que nunca. Não tem como não ser ativista em meio a uma cultura preconceituosa, racista e homofóbica, sendo artista, mulher e negra”, ressalta Aline.


Ela conta que é apaixonada pela arte desde as contações de histórias que escutava na escola. A partir disso, com 7 anos ela começou a trilhar seu caminho teatro. Aos 14 começou a executar seus primeiros trabalhos no mundo artístico. E hoje, com 30 anos, olha para sua trajetória e acredita que ainda há muito pela frente. “A arte não tem idade. Não quero me aposentar. Enquanto der, quero estar sorrindo e trabalhando sempre”.


Mas sua história não foi composta apenas por momentos felizes. Na escola, ela conta que sofreu bullying por conta de seu cabelo crespo e traços afrodescendentes. Cresceu se sentindo deslocada, com poucas referências de beleza negra para “se enxergar” na televisão. E tentando trabalhos para a televisão, Aline conta ter se deparado diversas vezes com o racismo velado.
“Já ouvi muito, por exemplo, que tinha que ajeitar o cabelo, que não fica bem na câmera. Eram formas de falar que eu não estava dentro do padrão que as pessoas queriam ver”. Mas, apesar das dores, Aline conta que, lidar com isso também é um processo de reconstrução interna. “Percebi que há mulheres incríveis para eu me inspirar. Como as que eu tenho interpretado, que são mulheres feministas, ativistas e livres”.


Onde assistir


A Reinvenção do Amor segue disponível no YouTube, de forma gratuita, até domingo, dia 18. Mais informações no Instagram. O episódio de Falas Negras que Aline participa, dando vida a Virgínia Bicudo, está disponível no Globoplay. Já Josephine Baker, a Vênus Negra, no momento está fora de cartaz. Mas Aline adianta que há projetos para que, em breve, o espetáculo esteja disponível em novos formatos.


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