As livrarias e seus leitores na Tarrafa Literária

O segundo dia do festival apresenta ao público uma reflexão sobre a relação entre os livros, leitores, livrarias e bibliotecas

Por: Egle Cisterna  -  20/11/20  -  15:18
  Foto: Pedro Madueño/Divulgação

O segundo dia do Festival Tarrafa Literária apresenta ao público uma reflexão sobre a relação entre os livros, leitores, livrarias e bibliotecas. Para debater o tema, cuja mesa será transmitida pelo Facebook e YouTube do evento, hoje, a partir das 18 horas, participam o crítico cultural do jornal norte-americano The New York Times e escritor espanhol Jorge Carrión, e o professor universitário, crítico e escritor Miguel Sanches Neto. 


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“Há uma relação de indissociabilidade entre livros e pessoas, principalmente para mim que sou um escritor, que tem uma tendência autobiográfica, e para o leitor que eu sou, que busca nos livros uma representação da sua própria biografia. A minha biblioteca é a minha verdadeira biografia e não aquilo que vivi”, define o paranaense Sanches Neto, autor de A Bicicleta de Carga (Companhia das Letras) 


Sobre as livrarias, o professor percebe uma mudança em curso no mercado editorial. “Nós vínhamos num mercado livreiro só de grandes redes e, hoje, começamos a ver as livrarias de rua e pequenas livrarias, que têm a relação com o bairro, com um grupo de pessoas, ressurgindo como um espaço cultural”, avalia. 


Carrión acredita na necessidade de defender as livrarias independentes dos grandes comércios eletrônicos de livros, como a Amazon. “Nestes tempos, as ameaças são múltiplas: a ecológica (a nova ordem climática, os vírus que se despertam), a política (Bolsonaro e tantos outros), a tecnológica (com os algoritmos e a Big Data, que alteram a visão humanista do mundo). As livrarias são lugares onde nos informamos destas realidades para nos posicionarmos criticamente sobre elas. Lugares para tomar consciência e embaixadas da democracia”, defende ele, que tem publicados no Brasil os livros Contra Amazon (Elefante Editora) e Livrarias (Bazar do Tempo). 


Pós-pandemia 


A retomada do hábito da leitura durante o isolamento e ações de incentivo e arrecadação de recursos para que as livrarias independentes não fechassem neste período podem fortalecer o vínculo entre leitor, livro e livraria daqui em diante. 


“Cria-se uma rede de união em torno de um projeto que é cultural. No pós-pandemia, eu acredito que as livrarias que não são vinculadas às redes terão um espaço de crescimento e um papel fundamental para colocar o autor brasileiro com o público leitor, uma vez que as grandes livrarias são dominadas pelo mecanismo do best seller”, opina Sanches Neto. 


A programação da 12ª edição do festival segue até dia 30. Amanhã, os autores Itamar Vieira Júnior e Beatriz Bracher discutem a escrita como espelho do autor e o processo de criação de livros. A transmissão acontece a partir das 18 horas.


Pedro Madueño -divulgação
Escritor espanhol Jorge Carrión participa do debate hoje, às 18 horas


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