Artista plástica Jessica Diskin fará obra comemorativa aos 80 anos de Pelé

Com elegância e perspicácia, Jessica investe no senso crítico e estudo para compor obras contemporâneas de temas variados

Por: Beatriz Viana  -  13/02/21  -  10:52
Jessica Diskin contextualiza suas obras com muita pesquisa e observação
Jessica Diskin contextualiza suas obras com muita pesquisa e observação   Foto: Reprodução/Facebook

A arte se ressignifica como um instrumento democrático conforme evoluímos em sociedade. Com elegância e perspicácia, a artista plástica Jessica Diskin investe no senso crítico e exerce essa força artística com obras que recortam o cotidiano, refletindo os tempos tão extraordinários que vivemos por meio de detalhes do dia a dia.


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Jessica compõe colagens a partir de objetos recicláveis. De uma caixa de cigarros a embalagens de chocolate, a paulistana evoca em suas crônicas visuais como as coisas mais comuns também podem ser artísticas. “As pessoas olham e pensam: 'nunca imaginei que uma coisa assim poderia se tornar um objeto artístico'. Isso acaba nos aproximando. Tudo que a gente puder reutilizar e transformar em arte é maravilhoso”, reflete.


Suas narrativas são feitas pelas imagens, transformando recortes de livros antigos, revistas, jornais e os mais inusitados objetos em obras de arte.


Atualmente, a artista organiza um quadro comemorativo aos 80 anos de Pelé, que ficará em exposição fixa no Museu do Rei. “Pelé é o ídolo de todo mundo, me senti muito honrada com esse convite. Já estou aqui com os livros dele pesquisando tudo (risos), espero contar histórias inéditas”. Ela também segue produzindo a série Sobreviver, que será realizada o ano inteiro, com cinco peças diferentes.


Caminho para o sonho


Antes de se dedicar às artes, Jessica trabalhou como arquiteta por três anos. Também estudou artes na Universidade Autônoma de Barcelona, quando começou a refletir sobre sua carreira. “Eu via que faltava alguma coisa, não estava apaixonada pela minha profissão”.


Desde setembro de 2019, quando começou a trabalhar exclusivamente como artista, ela já produziu cerca de 100 obras. Ela atua em seu ateliê próprio, na Capital, além de integrar o time de artistas da Up Time Gallery, com quem irá participar da exposição Carrossel do Louvre, ainda sem data marcada. “Desde que comecei, sempre fiz críticas aos vícios, à sociedade, ao consumo. Gosto de trabalhar com o feminismo, a luta das mulheres, as diferenças sociais que temos principalmente no Brasil, e faço isso porque gosto, acho que faz parte da história”.


Seu processo criativo envolve muito tempo de pesquisa para contextualizar suas obras. “O mais demorado nos quadros é a pesquisa: tenho trocentos livros, revistas, história da moda, do cinema... Eu estudo, escrevo um texto sobre a obra e aí começo a pesquisar as imagens que vou utilizar. Tudo para poder encaixar as peças no quadro”.


Pandemia


Por trás de cada obra, deve haver uma intenção. No quadro Past Masters, por exemplo, utilizou um quebra-cabeças dos Beatles para contextualizar a pandemia. “Foi uma experiência incrível, é um dos meus quadros favoritos. Foi bem no comecinho da pandemia. Comprei um quebra-cabeças de 2 mil peças, com todos os discos deles. Montei ele inteiro, o que foi bem difícil (risos), e pensei ‘preciso fazer arte com ele’”.


Quando ela chegou no ateliê, conta que começou a desmontar e achou que tinha tudo a ver com a pandemia, com o mundo. “Fiz uma base com várias notícias da época, sobre o coronavírus e a economia, e fragmentei as peças, ilustrando a desconstrução do mundo nesse momento. Também tem partes faltantes, pois o mundo não será como era antes; temos e ainda teremos perdas em todos os lados”.


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