Aos 84 anos, Tom Zé lança álbum com tesouros dos anos 70

Raridades traz 14 canções dos catálogos dos selos Continental e RGE

Por: Lucas Krempel  -  11/11/20  -  12:30
Músico baiano lança álbum com tesouros dos anos 70
Músico baiano lança álbum com tesouros dos anos 70   Foto: Divulgação

Em 1969, o cantor, compositor e arranjador baiano Tom Zé, de 84 anos, já despertava o interesse do Brasil todo com seu jeito criativo e inovador. No ano anterior, além de vencer o 4o Festival de Música Popular Brasileira com a canção São Paulo Meu Amor, ele marcou presença no icônico álbum Tropicalia ou Panis et Circencis, gravado por Caetano Veloso, Gal Costa, Gilberto Gil, Nara Leão, Os Mutantes, além dos poetas Capinam e Torquato Neto, e do maestro Rogério Duprat.


Diante de tais acontecimentos, que incluiu ainda o lançamento do seu primeiro álbum solo, a trajetória de Tom Zé estava pavimentada. E foi entre 1969 e 1976 que o artista conseguiu mostrar que era um artista que havia chegado para ficar. Agora, mais de 50 anos depois, Tom Zé tem suas joias sonoras reunidas no álbum Raridades (Warner Music Brasil).


Raridades traz 14 canções dos catálogos dos selos Continental e RGE. Entre os destaques do repertório estão raras versões alternativas de canções conhecidas de Tom Zé, como Senhor Cidadão e Augusta, Angélica e Consolação, além das músicas que ele gravou para a novela Xeque-Mate, da TV Tupi.


“Até pra mim esse disco foi uma verdadeira revelação. O Renato Vieira (jornalista responsável pela curadoria), por sorte, descobriu atos e fatos inumeráveis da minha vida”, comenta Tom Zé, que conversou com A Tribuna por telefone. 


Entre os achados, o baiano destaca Você Gosta, faixa que abre o álbum, uma parceria com o poeta e compositor Hermes Aquino, um raro representante do tropicalismo gaúcho.


“O Hermes Aquino fez muito sucesso com uma música chamada Nuvem Passageira, mas naquela época ele morava aqui (São Paulo) e passou um tempo tentando a vida por esses lados”, relembra Tom Zé, ao falar do hit que foi tema da novela O Casarão, da Rede Globo (1976).


Outra preciosidade encontrada por Renato, segundo o baiano, foram os arranjos especiais do argentino Hector Lagna Fietta. 


“O Enrique Lebendiger, da RGE, trouxe o Lagna Fietta, que era um nome forte do bolero e tango. Quando vi esse arranjo fiquei admirado de como ele era bem feito, fácil de cantar. A introdução chamava o cantor a cantar. Eu não tinha hábito de ler arranjos, mas Jeitinho Dela tem isso”, justificou o artista ao falar da terceira faixa.


Durante a nossa conversa, Tom Zé estava empolgado, disposto a fazer um faixa a faixa do disco, tamanha a felicidade com o repertório resgatado por Renato Vieira. Porém, parou assim que o telefone tocou.


“Esse telefone tá doido. Preciso até não ser demorado nas respostas porque gosto de contar histórias, mas acaba engavetando e atraso os outros compromissos”, comentou, aos risos.


Para resumir o que faltou do álbum, Tom Zé voltou a elogiar a participação de Lagna Fietta. “Quase todos os arranjos foram dele. Ele era um craque de arranjador. Depois, o Lagna Fietta participou das últimas músicas de Vinicius com Toquinho. O Toquinho viu o que ele fez comigo e chamou”.


Sem tempo para parar


Mas enquanto celebra a redescoberta de seus tesouros, Tom Zé também segue ativo no seu processo de criação. Entre lives e conversas com os amigos, diz que continua acordando às 4 horas da matina para escrever novas canções. “Sempre trabalhei muito dentro de casa porque não faço música com facilidade. É uma batalha grande”, confessa.


No momento, Tom Zé afirma que tem se dedicado a compor mais faixas para o musical Língua Brasileira, de Felipe Hirsch.


“Era um musical sobre meu disco da Tropicália, mas ele viu a música Língua Brasileira (do álbum Imprensa Cantada, de 2003) e disse que queria mudar. Agora estou dia e noite aproveitando a quarentena para fazer músicas que ele vai me passando de diversas possibilidades na peça”. Aguardemos!


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