Alfredo Dias Gomes lança primeiro álbum dedicado ao jazz

Baterista passeia pelo gênero musical e inclui clássicos como "Cherokee", "Seven Steps to Heaven" e "Footprints"

Por: Egle Cisterna & Da Redação &  -  08/04/20  -  11:57
Atualizado em 08/04/20 - 11:58
"Jazz Standards" é o 12º álbum lançado pelo artista, que tocou no Heróis da Resistência   Foto: Divulgação

Clássicos mundiais do jazz, como "Cherokee", "Seven Steps to Heaven", "Lazy Bird", "Red Clay", "Solar", "Giant Steps" e "Footprints", estão reunidos no álbum "Jazz Standarts", do baterista Alfredo Dias Gomes, que acaba de ser lançado.


Esse é o 12º disco da carreira do músico, mas o primeiro dedicado exclusivamente ao estilo. “Desde 2015, eu gravo um disco por ano um sempre diferente dos outros. E eu nunca tinha feito um disco só de jazz. Em 2015, cheguei a lançar um de jazz fusion, mas nada só de jazz”, conta ele.


O álbum foi gravado em seu estúdio no bairro da Lagoa, no Rio de Janeiro, e conta com a participação dos músicos Jessé Sadoc (trompete), Widor Santiago (sax tenor), Jefferson Lescowich (baixo) e Lulu Martin (teclado). Ao todo, são nove faixas selecionadas pelo baterista entre as canções mais conhecidas entre aqueles que estudam música.


“Evitei gravar baladas. Só músicas que tinham a ver comigo tocando bateria”, diz Gomes, que evitou ouvir antes da gravação outros bateristas para não se influenciar, tocando a sua maneira. “Foi muito fácil de ser gravado e traz toda a minha bagagem de 40 anos de trabalho”, completa ele.


DNA artístico


A influência do jazz veio da adolescência que foi embalada pelo som do trompetista e compositor norte-americano Miles Davis. “Foi nessa época que começaram a misturar o jazz com rock, com a salsa e com a música brasileira”, lembra ele que também sofreu grande influência artística dos pais. Gomes é filho dos dramaturgos Janete Clair e Dias Gomes.


E foi nesta fase, com 16 anos, que Gomes entrou de vez para o mundo da música. Ele teve aulas com o baterista e percussionista americano Don Alias, referência das baquetas, que gravou o lendário disco "Bitches Brew", de Davis. 


“Estávamos nos anos 70 e, para surpresa do Don, eu estava perfeitamente familiarizado com aqueles ritmos”, lembra. “Então ele me passou exercícios de jazz, que era completamente diferente de tudo que eu já havia tocado. Foi uma época mágica”.


E foi numa dessas sessões de aula com Alias, que Gomes teve a oportunidade de ingressar na carreira com chave de outro. “Eu comecei a tocar um baião e na porta do estúdio estava Hermeto Pascoal, que me disse 'um dia, você vai tocar comigo'”. 


A profecia do mestre multi-instrumentista se realizou. Aos 18 anos, Gomes levava o seu estilo de bateria livre de jazz para fazer parte dos músicos que acompanhavam Pascoal. Ele fez parte, inclusive, da gravação do álbum icônico "Cérebro Magnético".


“Essa época foi crucial para mim e até para a preocupação dos meus pais. Lembro que meu pai foi assistir a um show e falou ‘não tem jeito, ele vai ser isso mesmo’”, relembra entre risos.


A influência do jazz, especialmente dos standards, se deve em muito a sua participação em shows de Márcio Montarroyos, quando, de fato, tocou os standards pela primeira vez. Mas foi a partir dos anos 2000, a convite do amigo pianista Lulu Martin (integrante da banda pop dos anos 80 Heróis da Resistência, da qual Alfredo também fez parte) que o chamou para tocar na noite, uma experiência inédita, uma vez que estava acostumado a tocar em grandes teatros, casas de shows, ginásios, festivais ao ar livre, sempre alto, pra muita gente.


"Jazz Standarts" está disponível como CD físico e nas plataformas digitais. 


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