'A Voz Suprema do Blues' traz interpretações magistrais de Viola Davis e Chadwick Boseman

Viola faz a cantora de blues Ma Rainey, em sua relação ressentida com a indústria musical nos anos 20

Por: Bia Viana  -  15/04/21  -  14:18
Filme conta a história da cantora Ma Rainey e sua relação com a indústria musical
Filme conta a história da cantora Ma Rainey e sua relação com a indústria musical   Foto: Divulgação

Em destaque nessa temporada de premiações, A Voz Suprema do Blues, dirigido por George C. Wolfe, é a melhor pedida para quem se interessa por filmes em atmosfera teatral.


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Adaptado da peça escrita por August Wilson, a história possui uma base factual, contando a história da cantora Ma Rainey (Viola Davis) e sua relação ressentida com a indústria musical de Chicago, nos anos 1920. Ao mesmo tempo, traz a figura poética do ambicioso trompetista Levee, último papel interpretado por Chadwick Boseman, que busca trilhar seu próprio sucesso ao desafiar as intempéries de uma vida de dor e sofrimento.


Esta não é a primeira parceria no cinema entre Viola Davis e Denzel Washington, que assina a produção deste longa, muito menos em adaptações teatrais. A dinâmica entre os dois com uma abordagem teatral veio forte em Um Limite Entre Nós (2017), dirigido e protagonizado por Washington ao lado de Viola. Diferentemente do longa que analisamos aqui, o filme de 2017 é muito mais denso, demorado e aprofundado.


Mesmo que raramente em confronto, os dois personagens principais fazem um show de performance e sustentam uma tensão constante, que aguça a curiosidade e marca vários pontos de reflexão. Focado em monólogos, o roteiro preza por uma narrativa crítica, que incentiva o espectador a mudar a percepção sobre os personagens a cada fim de cena.


É um filme de apreciação, com estilo de espetáculo, sempre optando por engrandecer seus atores através de planos de câmera majestosos. A discussão racial, que permeia fortemente o conflito de Ma sobre o papel da mulher negra na indústria musical, reflete preocupações contemporâneas, nos fazendo questionar o quanto evoluímos numa indústria que continua fetichizando mulheres ao torná-las meros objetos de barganha.


Lucidez na insanidade


No caso de Levee, a história intensa do personagem tira os espectadores desavisados de suas zonas de conforto. A atuação de Chadwick entrega alma ao personagem, nos ofertando uma das melhores performances do ator. Ele é visceral, segue na busca pelo sucesso autêntico, acreditando em uma esperança que, como o desfecho nos revela, nunca realmente existiu. Mesmo com momentos de aparente insanidade, percebemos a lucidez do personagem em seus questionamentos, pautas e até em suas contradições.


Com forte carga dramática, excelentes diálogos e um trabalho primoral de atuação dos atores, A Voz Suprema do Blues é uma grata surpresa, especialmente para os fãs de música e teatro que buscam uma narrativa mais contemplativa, com boas doses de drama e tragédia.


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