Sabrina Petraglia usou seu talento para que a personagem Shirlei, de Haja Coração, novela das 19h da Globo, vivesse um verdadeiro conto de fadas na trama de Daniel Ortiz. No folhetim, exibido originalmente em 2016, a irmã de Tancinha (Mariana Ximenes) tem um romance com Felipe (Marcos Pitombo), após perder a sua bota ortopédica. O rapaz guarda o calçado na esperança de algum dia reencontrar a moça. Após uma série de desencontros, ela acaba indo trabalhar como faxineira na casa dele e o amor nasce. Só que, em vez de uma madrasta má, o casal enfrentará Jéssica (Karen Junqueira), que armará para separá-los.
Na entrevista a seguir, a paulistana de 37 anos, que também aparece na reprise de Flor do Caribe (2013), na pele da psicóloga Simone, fala sobre a importância de rever estes trabalhos; da parceria de sucesso com Marcos Pitombo em Haja Coração e dos fãs confundirem ficção com realidade. Além disso, a atriz comenta sua fase atual, em que uma gravidez obrigou-a a encerrar a participação em Salve-se Quem Puder.
Como está sendo a experiência de se ver em momentos distintos da carreira?
É uma felicidade e uma boa sorte, porque eu não fiz tantas novelas assim. Era jornalista, trabalhei durante sete anos como radialista e, com 24 anos, larguei tudo para começar a atuar. Na Escola de Arte Dramática da USP (Universidade de São Paulo), o João (Baldasserini) foi meu colega de turma. A minha ida para a TV Globo foi em uma participação na novela Passione</CF> (2010/2011). Aí fiz a Simone em Flor do Caribe (2013). Quando vejo o folhetim das seis, lembro o quanto estava nervosa e com Haja Coração foi uma história coadjuvante muito encantadora.
Em Haja Coração, o casal Shirlipe moveu uma forte torcida nas redes sociais. O carinho foi tão grande que se estendeu aos personagens de vocês também em Salve-se Quem Puder. Como foi lidar com essa repercussão?
A gente não esperava o sucesso da Shirlei e do Felipe. Foi um susto! Fiquei um pouco desesperada, nem sabia se estava preparada para aquilo tudo. A gente estava imerso nesse universo da novela, então eu só falava para continuar trabalhando. Enfim, foi uma grande oportunidade. Se não tivéssemos feito esse gol, não ia me perdoar. A parceria com o Marcos (Pitombo) veio para a vida. Tenho um relacionamento de quase nove anos com o meu marido, o Ramón (Velázquez), mas as pessoas queriam que eu ficasse com o Marcos. Elas confundiam ficção com realidade e isso era assustador.
Por causa da gravidez, você precisou deixar o elenco de Salve-se Quem Puder. Já terminou de gravar a sua participação na fase final da trama?
Sim, já acabei de gravar Salve-se Quem Puder com o Fred (Mayrink, diretor). Filmei grávida do meu segundo bebê e vai ser maravilhoso assistir a esse momento. Sinto que estou mais madura e serena com a Micaela, além de repetir a parceria com o Marcos. Vejo uma evolução, continuo aprendendo o tempo todo. Estou no período de licença-maternidade e acompanhando as duas novelas no ar. Vou fazer uma análise do meu trabalho e ver o que quero daqui para frente.
Qual foi o momento mais difícil gravando Haja Coração?
A novela inteira foi muito prazerosa. Mas eu acho que todo o começo é difícil de você acertar o tom. Sou um pouco teatral, então tudo na televisão ficava um pouco grande, era caricata. Para mim, acertar o passo da Shirlei foi o mais complicado.
A Shirlei manca por causa da displasia do desenvolvimento do quadril. Na época, você fez uma pesquisa com pessoas que possuem essa mesma condição física. Como foi o processo?
Até hoje eu falo com as meninas que têm displasia e o processo foi muito rico. Todo o meu caminhar era a partir do quadril e eu ficava torta mesmo. No começo, a marcha da Shirlei foi difícil e me dava muita dor. Todo mundo tem uma deficiência de alguma coisa, mas pode se aceitar do jeito que é. A personagem podia ter operado, porém não quis. Ela não se sentia deficiente; as pessoas que a viam dessa forma.