17 anos após primeira nomeação, Scarlett Johansson volta ao Oscar com duas indicações

Atriz falou um pouco sobre seus dois filmes, 'História de Um Casamento' e 'Jojo Rabbit'

Por: Paoula Abou-Jaoude & De Los Angeles, Especial para A Tribuna &  -  05/02/20  -  00:37
Scarlett Johansson concorre prêmio de Melhor Atriz Coadjuvante pela participação em Jojo Rabbit
Scarlett Johansson concorre prêmio de Melhor Atriz Coadjuvante pela participação em Jojo Rabbit   Foto: Divulgação

Demorou, mas 17 anos depois do clássico cult 'Encontros e Desencontros', a atriz norte-americana Scarlett Johansson, enfim, foi indicada ao Oscar. E não poderia ser melhor: foram duas nomeações: Atriz (História de Um Casamento) e Atriz Coadjuvante (Jojo Rabbit). Em entrevista, a artista falou um pouco sobre os dois filmes.


Por que ficou atraída por esse roteiro?


Quando estava filmando Vingadores: Guerra Infinita, o Chris Hemsworth, que acabara de filmar Thor: Ragnaro, com o Taika Waititi, me falou sobre o roteiro. Alguns meses depois, foi a vez de meu agente mencionar o roteiro. E acabei lendo-o. Obviamente, eu já li roteiros suficientes em minha vida para poder apontar as pérolas, e esse era tão lindamente escrito. O roteiro era excêntrico e infantil, mas também comovente e devastador. A força dos personagens estava na vulnerabilidade deles. É tão difícil ler um roteiro assim, e eu queria muito fazer parte do filme. Me apaixonei pela personagem da Rosie (Betzler), senti muita empatia por ela. Quando encontrei-me com o Taika, não sabia se devia impressioná-lo para ele me escalar para o filme, ou se ele estava tentando me impressionar para eu aceitar a fazer parte do projeto. E acabou sendo um encontro no qual a gente tomou um drinque, pois a gente já se conhecia um pouco, e acho que nem falamos sobre o projeto (risos). Foi uma situação de eu dizer: “me fale as datas que você precisa de mim”. E ele respondeu; “ok!” Foi isso (risos).


Teve alguma improvisação nas cenas mais cômicas?


Fizemos um monte de improvisação em alguns momentos cômicos. Taika ficava reescrevendo o roteiro constantemente e tendo ideias. Ele escuta a musicalidade dos diálogos e ele tem um timing bem particular para o ritmo. A cadência do diálogo é algo que ele lida com muita sensibilidade. Ele estava sempre tentando fazer uma boa cena ficar ainda melhor, o que para mim era uma coisa diferente. Eu tinha acabado de rodar História de um Casamento, com o Noah Baumbach, e, com o Noah, você não tira ou acrescenta nenhuma palavra no diálogo. Ele é rigoroso a respeito disso, e as palavras dele são as palavras que valem. Então foi uma experiência mais chocante para mim, pois não estou muito acostumada com improvisação. Não é minha zona de conforto, então foi um desafio interessante e bem divertido. E, naturalmente, se você tem um parceiro com quem fazer isso, nada melhor do que com o Taika, pois ele está sempre pronto para tentar de tudo e ele não é precioso a respeito de nada.


Fale sobre sua paixão pela personagem Rose?


O relacionamento entre mãe e filho foi algo muito poderoso para mim. Eu me conectei fortemente com o fato de esta mulher tentar manter seu lar funcionando normalmente, enquanto tudo ao redor deles deixa de fazer sentido e tudo começa a desmoronar ao redor dela. E a motivação primordial dela é a de proteger o filho, custe o que custar. Para mim, o filme era isso. Foi isso o que me tocou. O fato de ela tentar proteger a jovem Elsa e fazer de tudo o que estava ao seu dispor para proteger o povo que ela amava. Foi uma coisa corajosa e impactante. E uma mulher que estava no meio dessas pessoas ser jogada num momento de tanto desespero, era ilustrativo o suficiente para mostrar as atrocidades daquele tempo.


Você interpreta uma mãe protegendo o filho em ambos os filmes (JoJo Rabbit e História de um Casamento). Você acha que o fato de ser mãe na vida real te deu um acesso diferente às emoções que utiliza como atriz?


Eu acho que, como um ator, você tem que ter o estofo necessário para ser levado aonde o personagem precisa ir. Você não precisa ter uma empatia extra por um personagem, só porque experimenta as mesmas coisas que ele. Você também pode levar uma vida completamente diferente da do personagem, e ter a mais completa simpatia por ele. Para mim, como mãe, acho que meu coração expandiu infinitamente por conta da capacidade que tenho de amar minha criança. É a primeira vez que sinto que eu tenho que fazer de tudo por uma outra pessoa, de que tenho que fazer o sacrifício necessário pela felicidade dela.


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