É da Austrália que ecoa a voz da africana Tkay Maidza

Cantora se destaca na cena vibrante do rap

Por: Lucas Krempel  -  28/10/20  -  14:45
Recentemente, Tkay lançou sua segunda mixtape
Recentemente, Tkay lançou sua segunda mixtape   Foto: Divulgação

Geralmente, de forma muito equivocada, as pessoas não costumam prestar atenção em outros cenários do rap mundial. Estados Unidos, Reino Unido e Brasil são os mais ouvidos e procurados pelos apaixonados por hip hop, enquanto os demais são simplesmente esquecidos.


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Adelaide, na Austrália, possui uma cena muito vibrante, fomentada por imigrantes africanos que estabeleceram residência na cidade e transformaram a vida cultural por lá. Um desses nomes é Tkay Maidza, de 23 anos, que nasceu em Zimbábue, mas cresceu na Austrália. Está na Oceania desde os 10 anos.


A cantora acabou de lançar sua segunda mixtape, Last Year Was Weird (Vol. 2), que traz toda sua personalidade na hora de compor, cantar e garantir beats pesados. As faixas Awake, Don't Call Again e You Sad mostram bem o ecletismo no trabalho de Tkay.


“Acho que 24K (segunda faixa da mixtape), de alguma forma, pode ser o meio termo para onde quero chegar. Mas mesmo essa música não mostra o escopo completo do que posso fazer. Acho muito difícil apontar onde está a faixa que mais define o projeto, porque todas elas contam uma história semelhante, mas estão todos em mundos diferentes”, comenta.


Tkay conta que o processo de criação da mixtape foi divertido, mas difícil e com um desafio diferente do antecessor.


“Fazer o primeiro EP foi difícil porque pareceu uma grande mudança desde o início da minha carreira, enquanto este tive que construir a partir dele e mostrar que posso ser enérgica e introspectiva ao mesmo tempo. Esse trabalho foi o equilíbrio perfeito de tudo”.


O terceiro volume de Last Year Was Weird já está confirmado e deve ser impactado justamente pelo 2020 atípico para o mundo inteiro. “Ao longo do caminho vou falar sobre as mudanças que passei, mas acho que minhas letras são muito vagas, então vou ver no que vai dar”.


Fã confessa do funk brasileiro, Tkay citou MC Bin Laden e MC Fioti como artistas que gosta de acompanhar. Além disso, falou da parceria com o sul-africano naturalizado australiano Troye Sivan. “O Troye queria que eu participasse de seu primeiro álbum, então sua equipe entrou em contato e fez mais sentido para mim conversar com ele. Foi muito legal, uma experiência muito boa e estou feliz por ter sido escolhida para ser uma parte de sua jornada”.


Racismo


Recentemente, Gabriel Akon, o DyspOra, outro grande nome do rap local e nascido no Sudão, reclamou da forma como os africanos têm sido tratados na Austrália, nos últimos anos. Tkay enxerga a mesma dificuldade.


“A população em Adelaide é geralmente branca, então sinto que ser um africano nestes territórios é definitivamente difícil. As pessoas não entendem como interagir conosco, porque a maioria deles geralmente não conhece muitos negros e não há muita cultura para elas aprenderem”.


O Black Lives Matter, movimento fortalecido após os protestos contra a brutalidade policial que tirou a vida de George Floyd, nos EUA, também ecoou na Austrália.


“Acho que nos fez olhar para nós mesmos e o que significa racismo na Austrália. Acho que as pessoas ainda são muito frágeis quando se trata de falar sobre esses tipos de questões, porque os números em termos de população são muito diferentes aqui”, avalia Tkay. “Ainda houve protestos e sinto que fui capaz de me sentir menos sozinha. Eu entendo que é tão comum se sentir confusa sendo uma africana australiana. Acho que há algum tipo de consciência, acredito que as pessoas se sentem mais livres para defender aquilo que acreditam, porque estamos fora de questão, se você não entender os fundamentos dos direitos humanos”.


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