O envelhecimento começa ao nascer, mas há formas de amenizar seus efeitos

Por: Tatiane Calixto & Da Redação &  -  23/03/19  -  19:08
  Foto: Vanessa Rodrigues/AT

Sim, começamos a envelhecer assim que nascemos. Mas, até por volta dos 30 anos, o tornar-se mais velho é um amadurecimento mais baseado no crescei e fortificai-vos: o esqueleto aumenta de tamanho, ganha-se massa muscular, o cérebro desenvolve habilidades. Depois disso, porém, a curva é descendente. 


O metabolismo já não é o mesmo, e o envelhecer chega trazendo conhecimento, maturidade, queda dos cabelos, problemas de audição. Mas é possível acumular primaveras com saúde para aproveitar a experiência de vida que os anos trazem. E, quanto antes vier a preocupação com isso, melhor.


“Após o nascimento, temos o processo de crescimento. Pode-se dizer que é um envelhecer em nível celular, mas ele não é percebido. Agora, existem trabalhos científicos mostrando que, a partir dos 25 anos, algumas evidências de envelhecimento já começam a ficar proeminentes. A partir dos 30, se acentuam, como é o caso da perda da memória”, explica Daniel Siquieroli, doutor em Patologia pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) e professor de Genética da Universidade Santa Cecília (Unisanta).


Para Siquieroli, a memória é uma referência interessante porque, depois de três décadas aprendendo Matemática, História, novas línguas, passos de dança, arriscando algum instrumento musical, atividades no trabalho, enfim, retendo informações, a memória começa a falhar. Apesar disso, o professor diz não haver um marco físico definitivo, pois o envelhecer não é o mesmo para todo mundo.


Carga Genética


Médica geriatra e professora voluntária da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), Jullyana Affonso explica que o envelhecimento tem uma carga genética, relacionada tanto à longevidade quanto às predisposições a doenças herdadas. “Mas nossos hábitos pesam bastante. Maus hábitos, por exemplo, podem acelerar o reloginho.”


Conforme a Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia, a Organização Mundial da Saúde (OMS) adotou o termo envelhecimento ativo para expressar a conquista de uma vida mais longa e feliz.


O envelhecimento ativo significa aproveitar as oportunidades de saúde, participação e segurança, a fim de melhorar a qualidade de vida à medida que as pessoas ficam mais velhas.


“A palavra ativo refere-se à participação contínua nas questões sociais, econômicas, culturais, espirituais e civis, e não somente à capacidade de estar fisicamente ativo ou de fazer parte da força de trabalho. As pessoas mais velhas que se aposentam e as que apresentam alguma doença ou vivem com necessidade especial podem continuar a contribuir ativamente para seus familiares, companheiros, comunidades e países”, segundo a sociedade.


Tripé de ações sustenta o futuro


Envelhecer é um processo natural. Se tudo der certo, passaremos por ele. A questão, no entanto, é: como? “O envelhecimento está sustentado em três pilares principais. A alimentação, as condições físicas e o gerenciamento do estresse da vida. São pontos decisivos para definir a maneira de envelhecer”, afirma Daniel Siquieroli.


Manter, já a partir da juventude, uma alimentação balanceada é um passo importante, a exemplo de evitar o cigarro e o abuso de álcool. A prática de atividade física é essencial tanto para evitar a obesidade quanto para fortalecer os músculos e manter a mente equilibrada.


Segundo Jullyana Affonso, ter um sono adequado é fundamental. Dormir bem e o suficiente ajuda a restabelecer as funções do organismo e a regulação hormonal. “Agora, um ponto muito importante é a interação social. É importante ter amigos, praticar hobbies e atividades que resultem em prazer à pessoa.”


Outro detalhe, conforme Jullyana, que pode ser um fator importante para ajudar a mente a trabalhar bem com o passar dos anos é garantir estímulos variados. 


“É importante exercer ações que estimulem diferentes partes do cérebro. Para uma pessoa que exerce uma função voltada totalmente para atividades intelectuais, por exemplo, é interessante fazer, no tempo livre, algo que exija habilidade manual.


Assim, conseguimos equilibrar as diferentes partes do cérebro.” 


Exercitar a mente e aprender atividades em todas as idades são maneiras de garantir saúde, afirma Jullyana. 


 


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