Bandas do 5G podem ser licitadas esse ano, avalia Anatel

Com velocidades até 20x superior à atual geração da telefonia móvel, tecnologia pode acelerar conceitos de cidades inteligentes

Por: Eduardo Brandão  -  16/02/20  -  17:02
Senado decidiu que consumidor tem direito a celular reserva
Senado decidiu que consumidor tem direito a celular reserva   Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil

Cidades gerenciadas a partir de dados coletados de sensores, veículos sem motoristas e automação completa de linhas de montagens nas fábricas: uma revolução digital se aproxima com a quinta geração de telefonia móvel. A mudança de paradigma, que ultrapassa a forma de se comunicar e consumir conteúdo na internet, é esperada com a licitação das faixas de radiofrequência que serão usadas no 5G. 


O edital para conceder à iniciativa privada bandas para a adoção da tecnologia foi aprovada no último dia 6, pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel). O ato encerrou quase oito meses de debates, e idas e vindas, para definir as regras à adoção da tecnologia no País. O texto passa por fases de consultas e audiências públicas, que devem ser finalizadas em até 45 dias. 


Confira o infográfico com mais informações sobre o 5G


A expectativa do governo federal é licitar esses espectros ainda nesse ano. Segundo a Anatel, o início da oferta para o consumidor deve ocorrer meses após a assinatura dos contratos – ainda sem previsão. Analistas e fabricantes afirmam se tratar do maior leilão do setor no país e a mais robusta oferta pública para a tecnologia móvel de quinta geração no mundo. 


A oferta pública provoca disputa comerciais entre EUA e China, que lideram as pesquisas de desenvolvimento da tecnologia. O Brasil se torna estratégico para as gigantes do setor, já que todo o parque de transmissão deverá ser alterado.


“Exigirá investimento grande das operadoras, que terão que instalar várias antenas, de outro tipo que as atuais, e em pequenas distâncias”, diz o diretor de Tecnologia Meta Sistemas e professor da Fatec, Cláudio Nunes. 


Com isso, as antenas de transmissão de dados atuais serão substituídas por aparelhos menores, mas instalados em distâncias mais curtas. 


Com velocidades na casa de um gigabit por segundo (até 20 vezes superior à atual taxa de transferência na telefonia móvel) e com menos latência (tempo resposta de acesso) que a quarta geração da telefonia móvel (4G), a próxima rede é promessa para ampliar a gama de serviço de internet das coisas (IoT, na sigla em inglês) e tirar do papel processos de automação, como indústria 4.0, por exemplo. 


Com possibilidades de uso que lembram obras ficção científica, a nova barreira deve acelerar mais rapidamente do que qualquer ruptura tecnológica já vista pela humanidade. Teóricos de tecnologia apontam que o 5G terá o impacto similar ao que eletricidade, na transição entre os séculos 19 e 20.
“Não se trata apenas de uma evolução, mas uma revolução tecnológica. Vai permitir uso de aplicações que hoje não são possíveis”, diz o diretor de Tecnologia Meta Sistemas e professor da Fatec, Cláudio Nunes. 


Especialistas destacam que o aumento da velocidade – como ocorreu na transição para o 4G – vai possibilitar o desenvolvimento de novos produtos, serviços e modelos de negócio. “Um médico poderá fazer uma operação a distância, usando óculos de realidade aumentada e, do outro lado, um braço mecânico executa os movimentos no paciente”, exemplifica Nunes. 


Mais rápido e mais máquinas
As maiores taxas de velocidades possibilitarão assistir filmes em alta qualidade em tempo real e sem perda de sinal. Chamadas em vídeo serão mais estáveis, com compartilhamento quase instantâneo de arquivos à nuvem. Mas, para esses benefícios, os usuários deverão ter aparelhos móveis que suportam tal tecnologia – o que, por enquanto, se limita a poucos modelos à venda no mercado nacional.



A tecnologia ainda em debate no Brasil já é realidade em cidades da China, Coreia do Sul, Reino Unido e EUA. Considerada “uma grande via” de transporte de dados, o 5G possibilitará inclusão de mais dispositivos interligados à rede.


E não se trata apenas de celulares ou computadores, mas carros autônomos, drones para diversas finalidades, sistemas de segurança, sensores corporais inteligentes capazes de tomar decisões. Tudo isso operado de forma autônoma, a partir de dados capturados por sensores.


O coordenador de Customer Experience da Magna Sistemas, Davi Silvestre Moreira dos Reis, avalia que o 5G tornará as peças com alta tecnologia mais baratas. Isso porque a maior velocidade e menor latência possibilitará processamento em nuvens (cloud), retirando esses elementos de aparelhos conectados.


Por isso, teóricos analisam que o 5G como um divisor no mundo digital e cada vez mais conectado. Desde 2017, a internet possui mais dispositivos de IoT interligados que pessoas no planeta. Estimam-se que as máquinas online já ultrapassem a barreira de 13 bilhões de unidades. 
De smart TVs a câmeras de segurança, aparelhos ligados à internet podem ser facilmente encontrados nos lares. 


A consultoria empresarial McKinsey estima que a cada segundo 127 dispositivos estão conectados à internet. Até 2025, avalia-se que mais de 75 bilhões de dispositivos IoT estejam conectados – concentrados na China, América do Norte e Europa, com 67% dessa base. De eletroportáteis a dispositivos no corpo (como relógios), tudo estará ligado na rede, trocando dados e informações para tornar a vida mais confortável. 
 


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