Baixada Nerd é iniciativa para colocar região no radar das gigantes do setor de tecnologia

Encontros são voltados à formação de profissionais de Tecnologia da Informação

Por: Eduardo Brandão & Da Redação &  -  03/11/19  -  13:53
Movimento de jovens profissionais e estudantes querem chamar a atenção para a Baixada em tecnologia
Movimento de jovens profissionais e estudantes querem chamar a atenção para a Baixada em tecnologia   Foto: Carlos Nogueira/AT

A popularização da internet, a partir da década de 1990, revolucionou a forma como as pessoas se comunicam e reduziu barreiras para a difusão de conhecimento. Informações deixaram livros e bibliotecas, passando a circular livremente a poucos cliques. É com esse espírito de troca mútua de aprendizado e experiências que um movimento de jovens profissionais e estudantes pretende incluir a região no radar das gigantes do setor de tecnologia. 


Batizada de Baixada Nerd, a iniciativa funciona sem hierarquia, controle central ou incentivo do Poder Público. Tal qual a internet, são os seus agentes que retroalimentam e fomentam a construção de conteúdo, de forma análoga aos fóruns virtuais dedicados a assuntos específicos. 


“A ideia nasceu de uma inquietação que tinha de mostrar para o mundo que a Baixada Santista é um celeiro para a formação de craques e gênios em tecnologia”, diz o idealizador do movimento e consultor em tecnologia Léo Andrade, de 37 anos.


O formato dos encontros é baseado no conceito de comunidade colaborativa dedicada a tecnologias. Remonta às origens do Vale do Silício, na Califórnia (EUA), que abriga as sedes globais das gigantes do setor.


Formato das reuniões se baseia na ideia de comunidade colaborativa
Formato das reuniões se baseia na ideia de comunidade colaborativa   Foto: Divulgação

Com pequenas palestras, os encontros ocorrem em universidades e polos de cursos técnicos voltados à formação de profissionais de Tecnologia da Informação (TI). Os eventos são itinerantes, nas nove cidades da Baixada.


“O Baixada Nerd é um movimento. E, como tal, ele quer mexer com você. Tirá-lo desse lugar comum. Arrancá-lo da zona de conforto e provocá-lo para que saia da ‘caixinha’. Motivá-lo a fazer diferente”, sintetiza o breve manifesto público da ação.


Andrade explica que a iniciativa busca atrair estudantes, profissionais e entusiastas de tecnologia a fim de compartilhar e consumir conteúdo relevante. As reuniões abordam desde boas práticas de codificação a tendências de aplicações que, em muitos casos, estão distantes dos bancos acadêmicos. 


O despertar


O embrião do movimento ocorreu quando Andrade estava no primeiro ciclo do curso de Ciências da Computação, na Universidade Santa Cecília (Unisanta), em 2009. “Participei de um evento de tecnologia organizado na sede [brasileira] da Microsoft. Aquilo me despertou. Foi algo mágico ver o pessoal compartilhando conteúdo, mesmo que pouco, para outras pessoas. Era algo participativo”.


No ano seguinte, ele idealizou um ciclo de palestras. Em dois dias de evento, reuniu 1,2 mil pessoas. Era o que faltava para pôr o plano em ação. “Sentia a necessidade de unir as pessoas que trabalham com tecnologia”.


Contato direto com profissionais ajuda quem está iniciando a carreira
Contato direto com profissionais ajuda quem está iniciando a carreira   Foto: Divulgação

Formado, Andrade cumpriu a sina da maioria dos profissionais da área: buscar oportunidade em São Paulo. A rotina de engarrafamentos e horários rígidos de fretados resgatou a ideia de fomentar, na região, o estímulo ao desenvolvimento tecnológico.


“Um dos pilares do movimento é fazer barulho para despertar o interesse de empresas a investirem na região, mostrando que aqui há muito talento para essa área”, afirma.


Um encontro mudou a vida de Davi


Distante dos principais centros de tecnologia, Davi Ferreira estava desanimado com a graduação. O volume de matérias e a falta de orientação profissional quase o fizeram desistir do curso no segundo módulo. 


“Não conhecia as possíveis áreas de atuação e nem tinha contato com profissionais da área. Eu pensava em trancar a matrícula”, diz o jovem de Itanhaém, hoje com 19 anos. Foi por pressão dos professores que o então estudante participou do primeiro ciclo de palestras do Baixada Nerd, naquela cidade.


“Para mim, aquele encontro foi demais. Estava sem perspectivas, nem sabia para onde ir. E abriu minha visão. Tive contato direto com profissionais que atuam na área e que se formaram na Baixada Santista”, resume ele, atualmente gestor de uma empresa de tecnologia. 


No encontro, Ferreira teve uma amostra da extensão da área e suas possíveis ramificações. Ele concluiu a formação técnica e fez mais cursos e obteve certificação. “[O Baixada Nerd] É um apoio importante para quem dá os primeiros passos na carreira”. 


A plataforma de troca de informações na área também é destacada por profissionais experientes. Com mais de duas décadas de trabalho, o arquiteto em cibersegurança, Daniel Donda, tenta participar do máximo de encontros que pode. 


“São oportunidades que me proporcionam compartilhar um pouco da minha experiência, dos desafios e, o mais importante, situações do mundo real com informações para ajudar a motivar, cada vez mais, os jovens que estão ingressando em TI”, diz.


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