Utilize a sua intuição: especialistas ensinam como acessá-la e estimulá-la

Psicóloga Katia Rosa e neurocientista Jô Furlan comentam sobre o tema

Por: Alcione Herzog  -  16/01/22  -  11:46
Todas as pessoas têm intuição. Veja formas de exercitá-la e aperfeiçoá-la
Todas as pessoas têm intuição. Veja formas de exercitá-la e aperfeiçoá-la   Foto: Adobe Stock

“Siga sua intuição”. Quantas vezes você já ouviu essa frase? Oriunda do latim intueri, a palavra intuir quer dizer “considerar”, “ver interiormente”. A psicóloga Kátia Rosa explica que ser intuitivo é ter a capacidade de conhecer, perceber algo diretamente, sem a mediação do campo racional. “Temos essa percepção sobre pessoas, coisas, processos e situações”.


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No nosso cotidiano, a intuição aparece como um processo espontâneo e imediato. Usamos essa habilidade várias vezes em meio ao turbilhão de demandas e tarefas, de modo que “sentimos” que é melhor ir por um caminho do que seguir por outro.


A intuição não requer lógica, tampouco análise material da realidade, mas ela acontece baseada na informação que tivemos em algum momento sobre outras experiências, de forma consciente ou inconsciente.


Por isso a pergunta quem é intuitivo? acaba sendo respondida pelos psicólogos da seguinte forma: todos somos intuitivos, pois a matéria-prima da intuição – o aprendizado – pode ser acessada por qualquer pessoa. No entanto, o que acontece é que alguns de nós estão mais atentos ao sexto sentido do que outros.


Nesse sentido, interferem as vivências ao longo da vida, a fluência numa determinada área, entre outros fatores que nos permitem ficarmos livres e seguros para deixar a nossa intuição aflorar e nos guiar.


“Para que a pessoa tenha mais condições de confiar no seu intuir, é importante que ela confie em si também. Pessoas inseguras, insatisfeitas com a vida, fragilizadas ou vulneráveis não aceitam as próprias intuições. Acham que é um pré-julgamento, paranoia, uma forma ácida de ver o mundo ou uma fantasia”, analisa Kátia.


Para a psicóloga, quando a pessoa se conhece bem, ela se abre para ouvir com sabedoria seu sexto sentido, enxergando-o como um aliado. “Há condutas na psicologia que levam em consideração a intuição, pois entendemos que ela faz parte do corpo psicológico se manifestando. É a psiquê falando com a gente”.


Barreiras
Muitas vezes, acabamos jogando um pano por cima da nossa voz interior, numa espécie de autossabotagem, que nos leva para o “escuro”. “São duas as principais barreiras para nossa voz interior. Uma é interna e gera o autoboicote, que é quando estamos inseguros, sem clareza do que queremos. O outro obstáculo está fora. São as influências das pessoas que não apoiam nossos projetos e mudanças pessoais ou profissionais”, resume a psicóloga.


O médico e neurocientista Jô Furlan pondera que não são todas as pessoas que buscam apurar o seu sexto sentido ou estimular a intuição. “Muitas não gostam dessa sensação. Há quem não dê valor e se arrependa. Outras não estimulam o cérebro e órgãos sensoriais. Não se permitem perceber o que está acontecendo ao redor”.


Coração + bom senso
Seja qual for o bloqueio, o ideal para ajudar a apurar nossos sentidos é conversar com o coração. “É o que chamo de obter a autorização interna. Ouça o coração e pergunte: o que eu sinto sobre essa intuição? Eu sinto que consigo fazer o que ela sinaliza? E se não der certo, eu aguento?”


Nessa hora, o bom senso é indispensável para possíveis compulsões disfarçadas de sexto sentido. “Não podemos misturar intuição com desejos insanos ou compulsões. Antes de agir, pondere se haverá ganho emocional para si e para os outros. Ao seguir a voz interior estarei ferindo alguém? A qualidade do desejo é importante e deve ser questionada”.


Autor do livro Inteligência Comportamental Humana – A Inteligência do Sucesso, Jô acredita no caminho do meio. “Não devemos fechar os olhos para o que chamamos de intuição, mas também não é o caso de dar todo valor do mundo a isso. O caminho do meio sempre costuma ser o mais coerente”.


A escritora Monica Buonfiglio, autora de vários livros sobre espiritualidade, dá algumas pistas para obtermos boa intuição. A primeira é eliminar a fadiga. “Desejar ter intuição significa distanciar-se do trabalho sufocante e, dessa forma, reviver a mente cansada para estar mais receptivo aos impulsos intuitivos”.


Evitar situações de tensão também ajuda, já que o conflito é irmão da ansiedade e, portanto, antagônico à intuição. Por fim, se você tem tendência a ser muito conservador nas decisões, repense tal postura. Ela pode ser um obstáculo para a criatividade e, consequentemente, para escutar as mensagens internas.


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