Musa tropical: banana é a fruta mais consumida no mundo

Apesar de não ser brasileiro, o alimento encontrou aqui um lar

Por: Fernanda Lopes  -  16/01/22  -  10:02
Atualizado em 16/01/22 - 10:03
A fruta mais consumida do mundo foi levada à África pelos árabes e, depois, cultivada pelos europeus, inclusive nas américas.
A fruta mais consumida do mundo foi levada à África pelos árabes e, depois, cultivada pelos europeus, inclusive nas américas.   Foto: Adobe Stock

Sabe aquela visita que se sente em casa, que é bem-vinda e esparrama-se por todos os cômodos? Assim aconteceu com a banana no Brasil. De origem asiática, ela pertencente ao gênero musa. A fruta mais consumida do mundo foi levada à África pelos árabes e, depois, cultivada pelos europeus, inclusive nas américas.


Clique, assine A Tribuna por apenas R$ 1,90 e ganhe centenas de benefícios!


Os índios a chamavam de pacova, e os colonizadores que escreveram sobre ela ressaltaram o seu sabor doce e a sua textura de manteiga. A palavra banana já era usada na costa ocidental africana e foi incorporada pelos colonizadores do Brasil. Provavelmente, deriva do árabe “banan”, que quer dizer “dedo”. Isso porque, naquele tempo, a fruta era menor e parecia-se com um dedo. Jesuítas descreviam ainda o fato de que, ao ser cortada ao meio, costumava revelar o desenho de um crucifixo.


Em terras litorâneas, a banana encontrou clima perfeito, quente e úmido, e é até hoje um dos ícones da culinária caiçara. De fácil plantio e consumo, tornou-se uma das peças de resistência alimentar naquele período da história.


Além disso, a fruta combina com receitas doces e salgadas e não precisa de preparos elaborados para se fazer presente em qualquer prato. Não é à toa que ganhou o mundo. Mostra-se prática desde o cultivo. Pode ser colhida verde e amadurecer aos poucos, o que facilita a sua comercialização. Na hora de comer, por não ter polpa suculenta, não suja as mãos, é fácil de descascar, não tem caroço e, quando está madura, nem é tão doce nem azeda. Ou seja, perfeita para o lanche de adultos e crianças.


gt;gt; Clique aqui e conheça as diferenças entre as bananas


Nutrientes
No entanto, quando a banana está verde, faz-se farinha ou ainda, com a sua casca, a biomassa, que anda na moda por ter baixo índice glicêmico. E essa fruta é rica em potássio, mineral que auxilia no equilíbrio hídrico e na contração muscular. Também contém vitamina C, que contribui no combate ao envelhecimento precoce e auxilia na absorção de ferro pelo organismo. Além disso, possui triptofano, um aminoácido que ajuda a diminuir o estresse e melhora o humor e a qualidade do sono.


“Quanto mais madura a banana está, ela concentra mais açúcares, e deve ser consumida com critério. Durante o amadurecimento, ocorre a redução dos teores de amido e o acúmulo de açúcares, como frutose, glicose e predominância de sacarose”, explica a nutricionista Tatiana Branco.


Na hora de comprar a fruta, se não for consumi-la imediatamente, prefira que não esteja totalmente madura. Escolha as com casca amarela, um pouco esverdeada, e com manchinhas marrons. Evite as com partes moles ou machucadas. Em casa, deixe-as amadurecer na fruteira ou num lugar fresco e arejado. A banana estará boa para o consumo, com todo o sabor apurado, quando a sua casca estiver completamente amarela, inclusive as pontas. Após amadurecida, pode ser mantida na geladeira entre três e cinco dias.


Para que não haja desperdício, o chef Melchior Neto explica que, quando ela está bem madura, quase passada, fica deliciosa em doces, como bolos, caldas ou até em uma vitamina batida no liquidificador. “Na cozinha, quase nada se joga fora, nem a casca, o talo ou muito menos a fruta. Busque sempre aproveitar os alimentos ao máximo e faça receitas deliciosas com eles”, afirma Neto. Ah... Quando a banana está bem madura, procure usar menos açúcar para complementar a receita, pois a fruta já oferece esse toque doce.


‘Pandemia’ nos bananais
Uma doença com transmissão silenciosa, que se espalha primeiro e só depois soa o alarme com os seus sintomas fatais, abrindo uma corrida científica para detê-la – que, até o momento, não tem cura. Pode parecer que se trata da covid-19, mas, na verdade, essa é também a descrição da Tropical Race 4 (TR4), que tem afetado as plantações de bananas.


Também conhecida como mal do Panamá, é causada pelo fungoFusarium oxysporum,que vem destruindo diversos bananais nas últimas três décadas.


Segundo reportagem da BBC, essa epidemia já atingiu a Ásia, Austrália, Oriente Médio, África e, mais recentemente, a América Latina. Encontra-se em mais de 20 países, provocando temores de uma escassez da fruta mais consumida do mundo.


Cientistas do planeta todo estão tentando encontrar uma solução para isso, incluindo a criação de bananas geneticamente modificadas e até de uma vacina.


Cada bananeira é geneticamente quase 100% idêntica, o que leva à produção de frutas uniformes, sem imprevistos. Algo bom do ponto de vista comercial, mas, epidemiologicamente, um prato cheio para um surto.


Por isso, cientistas acreditam que a alternativa é o cultivo de mais variedades de banana, apostando na diversidade.


Sensação
Um dos doces do momento, que estrela nove em cada dez menus de restaurantes e docerias, a banoffee é uma sobremesa que nasceu na Inglaterra em 1974. Foi criada por Nigel Mackenzie, do Hungry Monk Restaurant.


O nome vem da união das palavras toffee (caramelo com creme de leite e, para nós, brasileiros, doce de leite) com banana. Conta-se que Mackenzie tentou usar outras frutas, como maçã, mas a textura da banana ficou perfeita com o caramelo e foi sucesso imediato. A moda chegou ao Brasil na década passada e se firmou cada vez mais, dando origem a várias versões. Geladinha, combina com o verão e damos, ao lado, uma receita da confeiteira Veronica Frenkiel, que tem o doce como uma das suas guloseimas mais vendidas.


Banoffee de banana
Banoffee de banana   Foto: Divulgação

Banoffee, Veronica Frenkiel Ateliê de doces
Ingredientes
Base: 300g de bolacha maisena; 150g de manteiga sem sal. Recheio: 3 bananas-nanicas cortadas ao meio em fatias (corte “de comprido”, da base ao topo da fruta); 1 lata de leite condensado; 300ml de creme de leite fresco ou chantili pronto; 40g de açúcar (só use se for com o creme de leite fresco); 10g de cacau em pó.


Preparo
Base: processe ou bata no liquidificador os biscoitos até obter uma farofa fina. Derreta a manteiga e jogue por cima da farofa. Mexa até que forme uma massa. Cubra uma forma pequena com a massa, vá apertando com a ponta dos dedos e subindo um pouco pelas laterais. Leve ao congelador até que a massa esteja completamente congelada. Se você quiser desenformar a torta, asse em forno preaquecido a 220ºC por 10 minutos. Se preferir servir na forma, pode montá-la sem assar a base. Recheio: você vai preparar o doce de leite com o leite condensado cozido. Para isso, cozinhe o leite condensado na pressão por 30 minutos (caso prefira, use doce de leite pronto de boa qualidade). Bata o creme de leite com o açúcar até o ponto de chantili (ou utilize chantili pronto). Montagem: faça estas camadas sobre a massa: primeiro, espalhe o doce de leite; em seguida, cubra com as bananas; por último; coloque o chantili. Polvilhe com o pó de chocolate. Leve à geladeira por, pelo menos, 2 horas antes de servir.


Peixe com escama de banana e molho de vôngoles
Peixe com escama de banana e molho de vôngoles   Foto: Divulgação

Peixe com escama de banana e molho de vôngoles, chef Dário Costa, Madê
Ingredientes
2 filés de pescada-branca grandes com pele (de aproximadamente 180g cada); 1 banana-da-terra verde, cortada em lâminas bem finas; 1 maço de coentro; 100ml de óleo de soja; suco de 1 limão; azeite para pincelar; 100g de vôngoles; 6g de cebola-chalota picada; 2g de alho picado; 3g de alho-poró; 100ml de vinho branco; 80g de creme de leite fresco; 1 louro; 2g de tomilho e sal a gosto.


Preparo
Bata o coentro e o óleo no liquidificador até virar uma pasta. Depois, coe em uma peneira com um pano perfurado de cozinha limpo ou num coador de café de pano ou papel. Para preparar o molho, numa panela quente, coloque cebola, alho e alho-poró. Na sequência, acrescente vinho para deglacear. Deixe apurar até reduzir um terço do volume do molho. Acrescente o creme de leite, o tomilho e o louro. Deixe novamente apurar até reduzir um terço. Coe o molho e reserve. Em uma panela bem quente, adicione os vôngoles e vinho e tampe, deixando por aproximadamente 5 minutos. Passado esse tempo, abra a panela e verifique se os vôngoles já estão abertos, acrescente o molho e tempere com sal a gosto. Reserve. Descasque a banana verde e passe no mandolin (fatiador) para fazer fatias bem finas, esprema um limão por cima para não escurecer e reserve. Tempere o peixe com sal nos dois lados. No lado sem


a pele, vá colocando as lâminas de banana uma por cima da outra, até cobrir a metade da fatia anterior, formando uma espécie de escama, até o final do peixe. Para ela ficar bem apertadinha, enrole o peixe no papel-filme e deixe na geladeira por 15 minutos antes de grelhar. Em uma frigideira bem quente, ponha óleo e o peixe com a parte da pele para baixo e deixe grelhar até a metade do peixe mudar de cor, de cinza para branco. Depois, finalize no forno preaquecido a 250ºC por mais 10 minutos até dourar. Para montar, coloque em um prato o molho de vôngoles, disponha o peixe com as escamas para cima e pincele um pouco de azeite ou manteiga para dar brilho. Finalize com gotas de óleo de coentro.


Tudo sobre:
Logo A Tribuna
Newsletter