Viver Bem: veja como lidar com as incertezas em tempos de pandemia de coronavírus

Dificuldades financeiras, saudade das pessoas queridas e perda de emprego e de familiares têm afetado muita gente; psicólogos mostram como fazer o dia a dia ficar mais leve

Por: Nathália de Alcantara  -  06/02/21  -  17:00
Como está lidando com a pandemia?
Como está lidando com a pandemia?   Foto: Sydney Sims/Unsplash

A pandemia de coronavírus trouxe, de uma vez só, dificuldades, medos e dilemas, mas, acima de tudo, incertezas. O aperto nas finanças, a perda de emprego, o luto por um familiar ou amigo, a saudade da vida normal... E você, como está lidando com isso?


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A psicóloga Ana Lídia Fonseca Zerbinatti explica que as incertezas são assustadoras justamente por nosso cérebro gostar de rotina, segurança e estabilidade.


“Esse tipo de situação gera instabilidade para o organismo e, principalmente, desregula quimicamente o nosso cérebro. Por isso, entramos em estado de alerta”.


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Ela explica que o estresse e a ansiedade são situações evolutivas importantes para enfrentarmos os problemas há muitos anos. E, nos dias de hoje, as incertezas e inseguranças acontecem de forma mais sutil, como quebra de expectativa e de estabilidade, exatamente o que tem acontecido com a chegada da pandemia.


“Tínhamos planos, projetos e acabamos perdendo planejamento e certezas. Existe uma pressão externa e temos ainda as questões internas que estão desregulando nossa forma de encarar e lidar com esses problemas. Por isso é tão difícil lidar e gerenciar toda essa situação nova”, explica Ana Lídia.


De imediato, situações como a atual causam o estresse. Mas, quando ficamos por muito tempo nesse estado de alerta e não aprendemos a recalcular a rota, criar nova rotina e até procurar ajuda, podemos evoluir para um problema crônico.


“Ansiedade e depressão são alguns dos riscos. Temos ainda pessoas com problemas de sono e de alimentação, além de tantos outros transtornos. No quesito de saúde mental, as incertezas têm um impacto muito grande”, explica a psicóloga.


Postura


O psicólogo Luiz Antonio Guimarães Cancello lembra que estamos sempre diante de incertezas. “De maneira geral, a vida é cheia de acasos e incertezas. No dia a dia, temos de nos comportar como se tivéssemos certeza. Um sujeito indeciso o tempo todo se inviabiliza pessoalmente e socialmente”.


Ele lembra que, de fato não podemos evitar as incertezas da vida. Mas, sim, podemos ir tomando as nossas decisões, aquelas que nos parecem mais corretas e sensatas nessa hora.


“Mas temos de saber que elas podem não ser as melhores decisões e temos a capacidade de voltar atrás e ir por outro caminho, se assim for necessário”, explica Cancello.


Para o psicólogo, a pandemia pegou todo mundo de calça curta e tirou uma série de certezas muito grandes da nossa vida.


“Nesse tempo, temos de ter paciência e serenidade. Teremos de adiar muitos projetos e esperar a vacina, tomando os cuidados para chegarmos vivos até ela”.


Frases


"Quando veio a pandemia, desregulou o nosso cronograma. Ou seja, isso é uma desregulação externa que desregula o nosso interno, pois o corpo não está preparado para lidar com essa questão. Precisamos de esforço muito maior para reorganizar, replanejar e lidar com o fator externo"
Ana Lídia Psicóloga,psicólogada Escola Inteligência

"Precisamos tomar consciência de nossas falhas e impotências, lembrando que o mundo é cheio de incertezas, acasos e acontecimentos inesperados. mas que com serenidade e clareza podemos tomar decisões adequadas a cada passo”
Luiz Antonio Guimarães Cancello, psicólogo


Historinha


O psicólogo Luiz Antonio Guimarães Cancello compartilhou a seguinte história, que fica como reflexão para o momento atual:
Tem um menininho brincando na beira de uma piscina. A mãe vê a cena e briga com ele, tirando-o pelo braço do local e falando que era algo perigoso e que não poderia ser repetido. "Resumindo, não sabemos se ele estará contando essa mesma história, daqui a alguns anos, no psicanalista ou se ele apenas dirá a um amigo que a mãe era firme ou ainda que o reprimia e não o deixava fazer nada. Essa história dá para termos uma ideia de como ficamos a mercê dos nossos próprios atos. Nunca temos muitas certezas".


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