Peixes não convencionais podem unir sabor, nutrição e fortalecer a pesca regional

Os 'penacos', como são chamados, estão cada vez mais na moda, principalmente por conta do engajamento de muitos chefs

Por: Da Redação  -  02/04/21  -  10:15
Betara, Palombeta ou Salteira são alguns exemplos de sugestões de penacos
Betara, Palombeta ou Salteira são alguns exemplos de sugestões de penacos   Foto: Imagem Ilustrativa/Pixabay

Você já ouviu falar de Penacos? Pois eles estão cada vez mais na moda, principalmente por conta do engajamento de muitos chefs. Trata-se da sigla para Peixes Não Convencionais, ou seja, aqueles que não são tão comerciais como os batidos linguado, robalo ou namorado, mas tem sabor espetacular. Geralmente estão na época, são menor agressivos ao meio ambiente pois não enfrentam sobrepesca e ainda são nutritivos.


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O Instituto de Pesca (IP-APTA), da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, desenvolve pesquisas e ações visando ampliar o consumo dos Penacos. Os trabalhos abrangem desde a qualidade nutricional desse alimento, ao aspecto social relacionado à pesca e o potencial de mercado envolvido, com foco no consumo consciente.


“O termo Penacos surgiu em Santos, através de um chef de cozinha que é também um estudioso, Fábio Leal, mas já está em muitos estados”, diz Erika Fabiane Furlan, pesquisadora do IP.


Como explica, basicamente, os Penacos são espécies de peixes usadas tradicionalmente por populações de pescadores e ribeirinhos, mas que tem menor valor comercial, por não serem usualmente conhecidas e consumidas por públicos mais amplos. “Esse termo já está tão bem estabelecido que pescadores de algumas colônias já se referem às espécies como Penacos”, afirma Ingrid Cabral Machado, também pesquisadora do Instituto.


Para Ingrid, a intenção de abarcar essas espécies sob a sigla é uma estratégia para auxiliar na conscientização do consumidor sobre a importância de consumi-los. “O pescador artesanal, que trabalha em baixa escala, em regime de economia familiar, acaba obtendo essas espécies na pesca e encontra dificuldade em comercializar. Há também uma sazonalidade na produção: ele não tem todas as espécies o tempo todo. Existe uma flutuação. A ideia é conseguir mercado para esses peixes também”, explica.


Conhecimento


As especialistas do IP dizem que apesar de seu vasto litoral e grande quantidade de rios, o consumidor paulista - assim como de boa parte do Sudeste e Sul brasileiros - ainda não vê o peixe como uma de suas principais fontes de proteína na alimentação diária. Nos grandes centros urbanos, acreditam, as pessoas têm menos contato com pescado, limitando-se a consumi-los em ocasiões especiais.


“Muitas vezes o consumidor não diferencia nem mesmo quais peixes são marinhos e quais de água doce”, menciona Erika, para quem muita gente tem dificuldade na escolha do pescado, por não ter o hábito de prepará-lo em casa. "Isso a gente vê nitidamente, por exemplo, quando vai conversar com os jovens, que comem muito fora de casa. Quando você fala de um ingrediente ele não sabe dizer o que é e nem como escolher, porque não tem o hábito de cozinhar. Às vezes os próprios pais já não tinham mais”, exemplifica. A pesquisadora constata que, no geral, o consumidor brasileiro muitas vezes não conhece nem mesmo as espécies convencionais de pescado, limitando-se ao salmão, ou tilápia (comercializada como Saint-Peter), por exemplo.


“As pessoas, muitas vezes, sequer conhecem os peixes que são pescados ou produzidos na própria região”, adiciona Ingrid, lembrando que mesmo em cidades do litoral de São Paulo, é mais regra que exceção os restaurantes servirem espécies importadas, como a merluza argentina ou a polaca do Alaska, ao invés das encontradas localmente.


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