Crônica de Terça: Via Gastronômica de Santos, o que deveria ser feito nela?

A Rua Tolentino Filgueiras têm restaurantes de culinárias variadas e deveria receber mais atenção e ter uma identidade própria

Por: Fernanada Lopes  -  04/02/20  -  14:51
Rua Tolentino Filgueiras foi oficializada Via Gastronômica de Santos
Rua Tolentino Filgueiras foi oficializada Via Gastronômica de Santos   Foto: Alexsander Ferraz/ AT

Sou cinquentona, o que quer dizer que vivi outros carnavais. Curti muito pulando em salões de clubes, desfilando em blocos, escolas de samba e, claro, bandas – que sempre foram uma tradição santista. Depois que o barulho de balas e bombas silenciou tamborins em casos trágicos como o da Banda da Serra, em 1999, voltamos a ter, nos últimos anos, nossas bandas desfilando pelos bairros, reunindo famílias e vizinhos. 


Agora, novamente tivemos confusão e medo durante o que deveria ser só diversão. O que me chamou atenção é que foi em uma banda na Rua Tolentino Filgueiras. Não me parece uma via adequada para esse tipo de evento. Afinal, o público que frequenta a via, vai ali para comer e beber. 


Não à tôa, foi denominada pela Prefeitura, em 2018, a Rua Gastronômica da Cidade. Título justo. Ali, em três quadras está concentrada uma enorme variedade de especialidades culinárias. Italiana, japonesa, mexicana, chinesa, brasileira, havaiana... 
Há opções moderninhas, para os mais jovens, e clássicas, para quem prefere tradição. Pode-se comer um lanche, bem rápido, até um requintado menu, da entrada à sobremesa. 


Essa concentração aconteceu espontaneamente, mas poderia (e deveria) ser melhor tratada, valorizada. Ali, podíamos ter mais um ponto turístico. Afinal, quando viajamos sempre procuramos os melhores lugares para comer. 


No Réveillon, amigos paulistanos pediram dicas de onde ir. Era uma segunda-feira, dia em que muita coisa fecha. Indicamos a Tolentino, afinal ali certamente encontrariam mais de uma opção aberta. Ficaram tão impressionados que voltaram mais duas vezes para experimentar outros restaurantes.


Sei que os comerciantes são unidos e não trabalham em concorrência. Têm consciência que um pode trazer cliente para o outro. Há espaço para todos. A via merecia mais. Tem que ter uma identidade visual diferenciada. Talvez um pórtico como há nas ruas gastronômicas de Paris, ou uma calçada diferente. Quem sabe bandeirinhas ou uma cobertura bacana... 


Podia-se organizar um evento anual que juntasse todos os estabelecimentos da rua, com música e festa, mas no qual a estrela fosse a gastronomia, a vocação natural dali. 


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