A curiosa história do coquetel Rabo de Galo, o preferido dos balcões de bar

Anote também receitas premiadas dessa bebida com sotaque ítalo-brasileiro

Por: Por Bruno Caldeiras Mendes  -  10/07/20  -  17:37
Receita 013 tem o toque de café, tradição santista
Receita 013 tem o toque de café, tradição santista

O assunto é extenso, mas vou tentar resumir essa história cheia de folclore. A criação do coquetel Rabo de Galo, sem dúvidas foi uma das estratégias de marketing mais bem sucedidas do mercado brasileiro.

Nos anos 1950 a coquetelaria estava agitada pelo mundo e o Brasil começava sua revolução industrial (1930 a 1956). A Cidade de São Paulo estava em franca expansão e nos planos do prefeito Jânio Quadros, a capital paulista entraria na nova década sendo a locomotiva do país. Seria a captação de outras grandes indústrias e empreendimentos culturais e, para isso, foi lançada uma série de incentivos para essas empresas. 

Assim, se estabelecia na cidade uma grande empresa italiana de vermutes. Os responsáveis fizeram uma grande pesquisa para entender o quê e como o brasileiro bebia. 

A pesquisa resultou, na época, que, “Brasileiro bebe principalmente cachaça pura em um copo baixo; despeja um pouco no chão que é para o santo, geralmente faz uma pequena oração, agradece pelo dia, pede proteção e sorte, bebe em um gole só e volta o copo ao balcão dando uma batida violência”. 

Imaginem os italianos tentando entender esse hábito do brasileiro repetido ao menos três vezes ao dia, de manhã antes do trabalho, na hora do almoço antes da refeição e na saída do serviço, antes de ir para casa.

Então, os italianos foram em uma grande fábrica de vidros e foi desenvolvido para a marca um copo shot específico, com uma marcação que seria a régua para a medida do vermute e o restante seria para completar com a cachaça. 
Outra característica do copo seria um fundo grosso e resistente, não tinha erro, eles tinham um copo único, tinham a cachaça amada pelo brasileiro e o vermute italiano.


Agora, só faltava um nome para o mais novo coquetel. Os executivos não pensaram duas vezes em batizar de cocktail, nome que estava na moda nos Estados Unidos e na Europa, mas certamente esse nome americanizado seria de difícil aceitação para a maioria dos consumidores nos balcões da Cidade.


Então, usaram o caminho mais fácil. Cocktail virou Rabo de Galo e, assim, a mistura de 50 ml de cachaça com 30 ml de Cinzano, nasceu o coquetel. E com ele vários outros vieram, Traçado ou Riscado, Concertada, Maria-Mole, Bombeirinho, Kriptonita etc.

E, desde 2017, Derivan Ferreira de Souza, conhecido como Mestre Derivan, referência nacional de coquetelaria de todos os tempos, que já teve um papel fundamenta na inclusão da Caipirinha no Hall de coquetéis da IBA (International Bartenders Association) e o barman Daniel Júlio, juntos são idealizadores em mostrar o Rabo de Galo para o mund.


Foi organizado, então, o 1º Campeonato Nacional de Rabo de Galo que tive o prazer de participar com outros 40 competidores e meu coquetel Rabo de Galo 013, ficou em 14º. Estamos aguardando a confirmação da data para dezembro desse ano.


RECEITAS
Taça dá sofisticação


Gabo de Galo, por Mestre Derivan


Ingredientes: 50 ml de cachaça envelhecida em barril de carvalho americano; 20 ml de Vermute craft; gotas de bitter de chocolate.


Preparo: em um mixing glass com gelo, misture os ingredientes por 15 segundos, coe para uma taça Cupe e decore com a casca de laranja. 


Receita com sotaque caiçara


Rabo de Galo 013


Ingredientes: 50 ml de cachaça premium com infusão de grãos de café Bourbon; 30 ml de Cynar aperitivo de alcachofras.
Preparo: em um mixing glass com gelo, misture os ingredientes por 10 segundos, faça a coagem para um copo on the rocks com gelo e finalize com a casca de laranja. Infusão: para 750 ml de Cachaça, coloque 250g de grãos de café Bourbon que são encontrados no Museu do Café em Santos.


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