Você é líder do seu cão

Seu melhor amigo de quatro patas tende a seguir seus passos e é aí que está o segredo para ensiná-lo a ser equilibrado, respeitoso e feliz – e quem sabe até fazer alguns truques

Por: Júnior Batista  -  02/03/20  -  14:28
  Foto: Adobe Stock

Para o seu cão, além de “pai”, você é um líder que ele vai seguir. E se a máxima de que bons líderes inspiram é válida, não será diferente com o seu amigo de quatro patas. Isso vai fazer muita diferença, inclusive, na hora de ensinar para ele boas maneiras – e até mesmo uns truques. 


“Os cães, na matilha, necessitam de um líder: um cão que, graças às suas habilidades, conduza os demais nas tarefas do dia a dia. Inúmeras regras são impostas por ele ao grupo. Para o cachorro, nossa família é a matilha à qual pertence. Para ele, somos cães! Ser líder da matilha significa estabelecer as regras”, explica Bruno Alvarez, adestrador do Clube Au Au. 


O líder é o membro mais querido do grupo entre os cães. Ser líder significa ter em troca seu respeito e muito amor. “O tempo inteiro os animais recebem e passam informações uns aos outros a respeito de quem é o líder e de quem é o subordinado. A hierarquia canina é obrigatória, não importam raça, sexo ou idade do cachorro”, observa o profissional. E isso, segundo Alvarez, é uma questão primordial; caso contrário, o cão é que se tornará o líder, pois toda matilha precisa de um.


Esse respeito vem com atitudes firmes, mas, muitas vezes, simples, que podem ser feitas no dia a dia. E, claro, ressalta Bruno Alvarez, sem qualquer tipo de violência ou agressividade. “O cão aprende por imitação. Se você foi violento com ele hoje, amanhã ele poderá fazer igual com outros cães, com os seus filhos ou até mesmo com você”, acrescenta o adestrador.


Essa relação começa pelos passeios. Eles são essenciais para que o cachorro fique mais tranquilo, equilibrado, controlável e feliz. O ideal é variar sempre as rotas, para que o pet entenda a sua liderança naturalmente. “Recomendo que haja, no mínimo, dois passeios diários de, pelo menos, 30 minutos”, diz o especialista, que afirma: “Para os machos, é interessante evitar a demarcação territorial com xixi em excesso”.


No que se refere à alimentação, é essencial que haja horários pré-estabelecidos, para que o cão veja o dono colocando e tirando a comida da vasilha. E treiná-lo, preferencialmente, para que espere aquilo. “O ideal é sentado, e que coma somente quando receber o OK do tutor”. 


Cães são animais territoriais, por isso devemos sempre indicar quais espaços, objetos e móveis da casa “pertencem” aos humanos. Nos locais em que ele não pode circular, sempre reforce os comandos como “sai”, “fora” etc. 


Brincar de cabo de guerra não estimula a agressividade, pelo contrário, é uma ótima hora para controlar e direcionar a agressividade para algo saudável. Quando o pet perde a brincadeira, entende que é “inferior” e respeita o dono. “Os humanos sempre devem ‘vencer’ situações de confronto. De qualquer forma, bons líderes evitam confrontos desnecessários, como calçados soltos pela casa”.


Cães submissos deixam e gostam de ser manipulados através do toque. É sempre interessante estimular a liderança por meio do toque em áreas sensíveis: cauda, orelhas, boca, patas dianteiras e traseiras, genitálias, barriga para cima etc.


Exercício diário


Estimular e ensinar o seu cão é um ato que deve ser feito todos os dias e que requer paciência e persistência. Outra recomendação importante é não exagerar nos mimos. “A liderança é um exercício constante que deve ser mantido durante toda a vida do cão. Quando não há liderança, não há equilíbrio”, diz Alvarez. 


Banheiro


para xixi e cocô no lugar certo, o adestrador dá algumas dicas, como mapear o local onde o pet deve fazer as necessidades, utilizando até mesmo a própria urina do animal; restringir o lugar onde ele vai fazer as necessidades logo após a alimentação e liberá-lo no exato momento em que as fizer; levar o cachorro até o local correto quando ele fizer no lugar errado (sem gritar ou esbravejar), e recompensar os acertos. “Jamais bata ou grite quando ele fizer xixi ou cocô no lugar errado, tampouco use jornais enrolados, chinelos ou esfregue o focinho do animal nas necessidades dele”, destaca.


Preste atenção


Passeios. Variar caminhos e rotas é sempre uma boa para que o cão entenda o dono como líder, além de fazer com que o passeio seja mais proveitoso e cansativo.


Atividades físicas. De vez em quando, o cachorro deve fazer trilhas, praticar corrida, natação, brincar com outros cães soltos, fazer agility, stand up paddle, tração de bike, patins, skate etc.


Brincadeiras. Elas têm de sempre ser estimuladas, pois é dessa forma que o cão consegue gastar a sua energia e canalizar os seus instintos. 


De roer: essa é uma necessidade básica de qualquer cachorro. Podemos simular essas atividades oferecendo ossos recreativos ou naturais, vísceras defumadas.


De morder: se o seu cão não morde brinquedos, pode morder pessoas e outros animais, o que, em excesso, pode ser um problema. Brinquedos que simulem presas, pelúcias, cordas, pedaços de pano velho, brinquedos de plástico resistente são algumas sugestões de bons estímulos para a mordida.


De buscar: a brincadeira de buscar bolinhas e objetos é perfeita para suprir a necessidade de buscar algo, além de, automaticamente, servir como treino para chamar o cachorro de volta para o dono.


Puzzles e atividades mentais. Os cães são animais inteligentes que precisam não somente de exercícios físicos, mas também de exercícios mentais. Existem muitos brinquedos do gênero atualmente no mercado. O tutor ainda pode optar por brincadeiras caseiras, como oferecer petiscos congelados, esconder comida pela casa, kong caseiro (caixa de papelão), entre outras.


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