Vitamina D: Sol que faz a diferença

Nutriente é muito importante para o organismo, principalmente para 'segurar' o cálcio em nosso corpo

Por: Júnior Batista  -  22/03/20  -  16:44
Vitamina D: Sol que faz a diferença
Vitamina D: Sol que faz a diferença   Foto: Adobe Stock

Para pegar um sol, nestes tempos de pandemia, é preciso certa dose de malabarismo, mas dá para aproveitar a janela, a varanda e até mesmo aquela passeada com o cachorro para obter a vitamina D. Segundo especialistas, bastam de 20 a 30 minutos diários para garantir o nível necessário desse nutriente tão importante.


A vitamina D é responsável por “segurar” o cálcio no organismo. “Ela tenta normalizar a nossa absorção de cálcio, faz essa ação superimportante tanto na parte urinária quanto na intestinal. Na prática, a vitamina D não deixa o cálcio ir embora. Quando há uma diminuição crônica dela, você vai perdendo cálcio”, diz o cardiologista Luiz Otávio Lopes Abrantes, do Instituto Santista de Hemodinâmica.


Tem mais: a vitamina D é ativada pelo sol. O médico explica que também é possível consegui-la através da alimentação, mas acaba não sendo exatamente a mesma coisa. “São poucos os alimentos ricos em vitamina D. Há a gema de ovo, o óleo de fígado de bacalhau e alguns peixes mais gordurosos, como o atum e o salmão. Só que 
não é uma quantidade tão grande que dê para normalizar o nível de vitamina D no nosso organismo”, observa Abrantes.


Quem precisa mais?


Normalmente, quem mais necessita de suplementação de vitamina D são pessoas idosas e quem tem tons de pele mais escuros, porque não absorvem tanto essa vitamina, de acordo com o médico. “Quanto mais a gente envelhece, maior a deficiência na produção dessa vitamina”, comenta. 


O problema, segundo Abrantes, é que isso acaba desencadeando diversos outros problemas. Há um hormônio, chamado paratormônio (PTH), que, caso não haja vitamina D suficiente para manter o cálcio que ingerimos, o retira dos ossos. “Ele sobe na circulação, tentando produzir uma quantidade maior. É como se fosse lá e raspasse um pouco o osso para ter essa quantidade maior na circulação”.


Parece inofensivo, mas não é. Com o tempo, isso favorece o surgimento de doenças. “A longo prazo, o osso vai perdendo a força, ficando fraco. Há maior chance de desenvolver uma osteopenia”, diz Luiz Otávio Abrantes.


A osteopenia é quando o corpo não produz um novo osso tão rapidamente como reabsorve o osso antigo. A doença, crônica, atinge mais de 2 milhões de brasileiros. 


“Com essa diminuição, ao longo do tempo, a pessoa desenvolve um quadro de osteoporose”, ressalta o médico. Nessa condição, os ossos se tornam frágeis e quebradiços, e essa situação se torna ainda mais grave no caso dos idosos, porque eles estão muito mais suscetíveis às quedas. 


Como proceder


A orientação de Abrantes é se expor ao sol de 15 a 30 minutos, com proteção apenas na face. “Depois desse tempo, é que se deve passar o protetor solar, pois ele acaba dificultando o processo, por bloquear a produção da vitamina D”, explica. Isso pode ser repetido de quatro a cinco vezes por semana. 


Também há situações em que se indica o consumo de suplementos. São pílulas mesmo, tomadas a partir de indicação médica – elas só podem ser ingeridas após prescritas por um especialista.


“A suplementação está cada vez mais frequente, tanto pelo fator alimentar quanto pela exposição ao sol, que não é mais tão adequada como antes”, diz Abrantes, referindo-se às rotinas de trabalho, cada vez mais feitas em ambientes fechados, além de, nas horas de lazer, ficarmos mais dentro de casa.


Além da suplementação, o médico recomenda manter um aporte adequado de cálcio, através do consumo de leite e de seus derivados, como iogurtes, que são ricos em cálcio. “Cerca de 70% dos idosos têm quantidade diminuída de vitamina D. Eles estão mais em risco justamente porque há chance de desenvolver osteoporose e as quedas causarem fraturas. Esse é o principal problema no caso dessa parcela da população”.


Estudos


Segundo a Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM), estudos têm sugerido que a vitamina D é capaz de influenciar também o sistema imunológico. A sua deficiência pode estar relacionada com o desenvolvimento de doenças autoimunes, como diabetes mellitus insulinodependente, esclerose múltipla, doença inflamatória intestinal, lúpus, encefalite autoimune e artrite reumatoide. 


Mesmo que não seja possível comprovar a relação causa-efeito, esses estudos indicam que a vitamina D pode, sim, afetar a prevalência de tais doenças. 
O Hospital Sírio Libanês, de São Paulo, publicou um artigo, em 2017, dizendo que a vitamina D é usada de forma experimental no tratamento de doenças autoimunes. “Acredita-se que a substância poderia inibir de forma seletiva a reação do organismo de se autoatacar”, aponta o texto.


Os estudos observacionais em humanos sugerem uma associação entre diabetes tipo 1, esclerose múltipla e doença inflamatória intestinal. Mas, até o momento, tal relação não foi comprovada. 


Na gravidez


Já para as gestantes, o consumo da vitamina D é ainda mais essencial. Segundo a SBEM, a gestação é considerada um período crítico e a deficiência desse nutriente, durante essa fase, pode estar associada ao desenvolvimento de diabetes mellitus gestacional, vaginose bacteriana, pré-eclâmpsia e baixo peso do recém-nascido, além de estar relacionada com algumas doenças quando as crianças ficam maiores, como baixo nível de massa óssea e o aparecimento de marcadores de risco cardiovascular nos pequenos em idade escolar.


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