Veterinários explicam se lugar de pet é dentro ou fora de casa

Algumas doenças são transmissíveis entre humanos e animais. Veja quais são os limites e cuidados necessários

Por: Sheila Almeida  -  26/04/20  -  20:07
Até alguns anos atrás, a maioria dos cães ficava só na garagem.A cultura mudou
Até alguns anos atrás, a maioria dos cães ficava só na garagem.A cultura mudou   Foto: Matheus Tagé

Há animais de estimação que dormem na cama dos tutores, usam mais o sofá que os moradores da casa e se sentem os verdadeiros donos do apartamento, em qualquer cômodo. Para algumas pessoas, isso é um total absurdo, pois nem faz tanto tempo  assim que o comum era ouvir: “lugar de bicho é fora de casa”, Mas, esse entendimento mudou. Se antes a preocupação com as doenças passadas pelos pets era enorme, hoje tem pai e mãe deixando os peludos lamberem seus filhos. Especialistas tranquilizam: não há problema, desde que o animal esteja saudável.


Bruna Rosa, veterinária do projeto cão guia, do Instituto Magnus, explica que zoonoses – as doenças transmitidas pelos animais aos humanos – são poucas e evitáveis com vacinas e vermífugos. 


“Leishmaniose, por exemplo, tem como vetor um mosquito. Para que o cachorro se torne transmissor, é preciso que o mosquito pique o cão, depois, outro pet e então um ser humano. Já para o cão transmitir raiva, precisa ser mordido por um morcego. Nos dois casos, há vacinas de prevenção às doenças”.


A veterinária destaca que justamente pela presença maior dos pets dentro de casa, os cuidados se tornaram mais frequentes, e os banhos, mais regulares. A tecnologia também ajudou. Pulgas e carrapatos são repelidos por coleiras e produtos para limpar as patinhas são facilmente achados nos petshops.


Eduardo Filleti, médico veterinário e professor, lembra que esse contato mais íntimo entre pessoas e animais faz mais bem que mal à saúde. 


“Alguns estudos indicam até que crianças lambidas por cães desenvolvem mais imunidade do que aquelas criadas numa bolha. Bichinhos levam, na saliva, bactérias não tão maléficas que ajudam as crianças a se protegerem de doenças no futuro”, diz. Apesar de tranquilizar, é sempre bom lembrar que não dá para relaxar com prevenção, diz Rosa. 


“O problema não é a proximidade. A questão é que muita gente vacina os animais apenas nos primeiros meses de vida e nunca mais voltam ao veterinário. Vacinas precisam ser aplicadas anualmente e, vermífugos, ao menos duas vezes ao ano”, lembra ela, sobre vermes presentes nas fezes de animais. 


“Então, prevenir é bom e higienizar, também. Pegou na caixinha de areia do gato, lave a mão para evitar toxoplasmose. Limpou as fezes do cão, higienize. Se as doenças fossem de transmissão tão fácil, veterinários estariam sempre doentes”, diz ela.


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