'The Last of Us Part II' vai te deixar boquiaberto e em crise moral; veja o review completo do jogo

O game exclusivo de PS4 sai na sexta-feira. Nele, Ellie está em busca de vingança

Por: Stevens Standke  -  16/06/20  -  17:27
Seattle é o cenário principal do game. Os mapas e ambientes estão bem amplos
Seattle é o cenário principal do game. Os mapas e ambientes estão bem amplos   Foto: Reprodução

Um dos jogos mais aguardados do ano e que vem registrando números expressivos já durante a pré-venda, The Last of Us Part II chega com exclusividade ao PlayStation 4 nesta sexta-feira. Sem a menor chance de dúvida, algo que pode ser afirmado sobre o game é que, como sua história gira em torno de uma pandemia (no caso motivada por um fungo), o fato de seu lançamento acontecer em tempos de covid-19 vai fazer com que a sequência da franquia da Naughty Dog seja ainda mais impactante.


Afinal, por mais que a pandemia retratada no jogo se mostre bem mais sinistra, com as pessoas infectadas se transformando em criaturas sanguinárias, ouvir conversas da protagonista Ellie sobre as dificuldades enfrentadas na quarentena e ver os sobreviventes se lembrando de colocar as máscaras de proteção para ingressar em áreas contaminadas são coisas que poderiam passar meio que batidas se o game tivesse saído antes de o novo coronavírus dar as caras. Mas, hoje, cenas assim mexem fundo.


Fique tranquilo que a análise, a seguir, está livre de spoilers. Tomei esse cuidado não só pelo embargo estipulado pela Naughty Dog e pela Sony, para a publicação de reviews antes da data de lançamento. Também quis preservar ao máximo a experiência de quem vai jogar The Last of Us Part II, para que, assim como eu, a pessoa se surpreenda com as reviravoltas da longa história. Ela dura entre 30 e 35 horas e, em alguns momentos, faz com que a gente não acredite no que está vendo (ou fazendo) e fique boquiaberto, como se tivesse levado um soco no estômago.


Por isso, sugiro que quem for curtir o game mergulhe nele de cabeça e o mais "limpo" possível. Ou seja: evite ler detalhes da trama que vazaram na web. Tudo porque o grande trunfo de The Last of Us Part II não são o sistema afinado de controles e os belos gráficos (que impressionam principalmente pelo realismo dos personagens). Na verdade, o carro-chefe do jogo é o seu enredo bem costurado e provocante – as peças vão se juntando aos poucos; algumas constatações, inclusive, mudam com o desenrolar dos fatos. E está aí o motivo de a Naughty Dog ter descartado qualquer recurso on-line/multiplayer.


A relação amorosa entre Ellie e Dina permeia e impacta o jogo como um todo
A relação amorosa entre Ellie e Dina permeia e impacta o jogo como um todo   Foto: Reprodução

Dilema ético


O jogo acontece alguns anos depois do primeiro The Last of Us. Ellie e Joel levam uma vida, na medida do possível, tranquila na comunidade murada de Jackson. Só que um incidente chocante deixa a agora adolescente sedenta por vingança. E para fazer esse “acerto de contas”, Ellie se manda para Seattle, em busca das pessoas que provocaram o seu sofrimento. Lá, ela ainda precisa lidar com a milícia Frente de Libertação de Washington (WLF) e o culto religioso dos Serafitas – aliás, os dois grupos são rivais e competem pelo domínio da cidade.


Você deve estar se perguntando: “E os infectados?” Eles continuam tendo destaque na trama (há até algumas criaturas estreantes, e todos eles contam com uma inteligência artificial bem mais apurada do que no game anterior). Mas, infelizmente, a “maior ameaça” em The Last of Us Part II é o ser humano.


Em vários momentos, você vai se pegar pensando como, mesmo em meio a uma pandemia, a humanidade consegue se manter desunida e viver em conflito. O que implica em mais mortes do que as causadas pela infecção. E nessa hora, é inevitável não refletir sobre o mundo atual, nas devidas proporções, lógico.


Os infectados estão com inteligência artificial aperfeiçoada; há novos tipos deles
Os infectados estão com inteligência artificial aperfeiçoada; há novos tipos deles   Foto: Reprodução

Constantemente, o jogo também vai te colocar em dilemas éticos, ao mostrar o quanto a ânsia por vingança pode ser devastadora para todos os envolvidos, das formas mais variadas. Acredite: além de pensar sobre como o desejo por vingança faz com que Ellie, em certos instantes, vá da posição de heroína para a de vilã, em alguns trechos do game cheguei a dizer para mim mesmo: "Não quero fazer isso!" Numa dessas situações, tentei, inclusive, deixar a cena interativa sem resposta, para ver se conseguia agir de um jeito diferente, só que, no fim das contas, fui obrigado a fazer o que queria evitar...


Cenários amplos


Os cenários de The Last of Us Part II chamam atenção pelo seu tamanho. A maioria foi projetada com passagens, vegetação alta, áreas alagadas e, dependendo do caso, pouca luz para permitir um estilo de jogo mais furtivo. E os ambientes costumam trazer cartas e documentos que aumentam a compreensão da história do game e dos sentimentos das pessoas que moraram nesses locais.


Isso sem falar que Ellie carrega um diário, onde não só escreve como desenha. Ah... Ao longo da saga, também fica evidente a relação dela com a música (há até momentos reservados apenas para tocar violão).


Quanto ao arsenal e às habilidades da personagem, é possível aperfeiçoá-los no decorrer da aventura. Mas fica a dica: como não vai dar tempo de subir tudo de nível, priorize os aspectos e os itens que mais têm a ver com a sua tática de jogo.


Além de buscar vingança, Ellie vai enfrentar uma milícia e um culto religioso
Além de buscar vingança, Ellie vai enfrentar uma milícia e um culto religioso   Foto: Reprodução

Acessível e engajado


A Naughty Dog ainda merece ponto extra por ter incluído vários recursos de acessibilidade no game e por entregar uma história com doses de engajamento, especialmente no que se refere às questões LGBTI+. Apesar de os trailers já terem adiantado que Ellie se envolveria com uma mulher (Dina), muita gente vai acabar se surpreendendo com a forma como a relação das duas vai permear e impactar a trama como um todo.


Para cruzar a cidade, você pode andar de barco, cavalo ou simplesmente a pé
Para cruzar a cidade, você pode andar de barco, cavalo ou simplesmente a pé   Foto: Reprodução

Logo A Tribuna
Newsletter