Ter uma boa noite de sono é fundamental para a saúde

Não é coisa de preguiçoso ou item de luxo e ninguém deve sentir culpa por querer dormir um pouquinho mais

Por: Joyce Moysés & Da Redação &  -  27/05/19  -  14:59
Sono de qualidade deve ser prioridade, garantindo a higiene mental necessária para tarefas diárias
Sono de qualidade deve ser prioridade, garantindo a higiene mental necessária para tarefas diárias   Foto: Adobestock

O fundador do Facebook estava tão preocupado com o sono da mulher, Priscila, que inventou recentemente uma caixa de dormir. Mark Zuckerberg publicou no Instagram a foto de uma caixa de madeira, que emite uma luz suave entre 6 e 7 horas da manhã, quando é esperado que as filhas acordem. “Até agora, funcionou melhor do que esperava e ela pode dormir a noite toda. Como engenheiro, construir um artefato para ajudar minha mulher a dormir bem é uma das melhores maneiras que posso imaginar para expressar meu amor e gratidão”, escreveu na mensagem. O bilionário declarou ainda disponibilizar sua criação a outros empreendedores, para construírem caixas de dormir, beneficiando mais pessoas.


De fato, o mercado da exaustão está em expansão. Só nos Estados Unidos, segundo informe da consultoria Mckinsey de 2017, movimentou de US$ 30 a US$ 40 bilhões e vem crescendo com a venda de aerossóis calmantes, travesseiros para sonecas, treinamentos para sono (o programa de 12 semanas numa academia inglesa custa 750 libras, quase R$ 4 mil)... Aplicativos de autocuidado, com foco na saúde mental e no sono, foram apontados pela Apple como a principal tendência em aplicativos em 2018. E há uma empresa japonesa dando bônus a colaboradores em dia com o sono, motivada por pesquisas provando impacto positivo na produtividade. 


O pesquisador britânico Matthew Walke faz sucesso com seu livro Why We Sleep (Por Que Dormimos, em inglês) ao defender que todo mundo deve reivindicar seu direito a um sono diário de sete horas ou mais sem sentir culpa. “Vai deixar para dormir quando morrer?”, provoca esse professor de Neurociência da Universidade da Califórnia, em Berkely. No mês de abril, ele apresentou uma série de estudos ligando a privação do sono a inúmeros problemas de saúde. Começou falando dos testículos (ficam menores em quem dorme só cinco horas por noite) e expandiu para a facilitação de tumores, Alzheimer e ataques do coração. 


Fundador do Centro de Ciência do Sono Humano em Berkeley, ele dá conselhos básicos como não beber álcool e cafeína, ter regularidade de sono e sob temperatura ambiente (entre 16 e 18 graus). Também orienta não levar celular/tablet para cama e escurecer o quarto, mas levantando-se e indo para outro cômodo se não adormecer em 15 ou 20 minutos. Para animar as pessoas a melhorarem o sono profundo, o professor argumenta no livro que a fadiga provocada pelo trabalho, deslocamentos, interatividade virtual está sendo catastrófica para saúde, expectativa de vida, segurança, produtividade e educação dos filhos. 


A mestre em Educação Evelyn Silveira, que também é fonoaudióloga e pedagoga, concorda: “Temos presenciado crianças e adultos ansiosos, desconcentrados e cansados durante o dia. Quando converso com as famílias, ouço sobre a dificuldade de seguirem uma rotina de horários mais rígidos. É um círculo vicioso, pois todos saem de casa muito cedo, permanecem em atividade todo o dia e, quando retornam, demoram para acalmar. Seja porque realizam mais tarefas, seja porque estimulam o pensamento com smartphones, notebooks e jogos on-line sem limite de tempo”.


Evelyn lembra que, se o cérebro não passa por todos os estágios de sono, eleva o índice de desatenção e intolerância a atividades que exigem foco e disciplina. Entre os efeitos colaterais estão “falsos diagnósticos de transtorno de deficit de atenção e hiperatividade (TDAH) e de transtorno opositor desafiador (TOD), além do aumento abusivo de remédios e outras drogas para combater ansiedade e insônia”. 


Alimentação e sono de qualidade devem ser prioridades, garantindo a higiene mental necessária para as tarefas diárias e a aprendizagem. Não por acaso, pesquisas evidenciam mudanças de comportamento nas crianças que não dormem bem e no mesmo horário. Mas como mudar de hábitos? “Os responsáveis em escolas e creches precisam chamar a família e revelar o baixo rendimento e outras consequências de dormir tarde e sem rotina. Muitos pais até estão conscientes, mas imersos em uma vida acelerada e de diversos afazeres, necessitando ser (re)orientados”.


Confira reportagem completa na edição deste domingo (26) da AT Revista.


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