Supla comemora renovação do seu público, com clipe em Cubatão, e fala da ligação com Santos FC

Cantor e compositor está cheio de novidades. Entre elas: retomar parceria com o irmão, no Brothers of Brazil

Por: Stevens Standke  -  04/04/21  -  10:30
Além de louco por rock, Supla se amarra em esportes e artes plásticas
Além de louco por rock, Supla se amarra em esportes e artes plásticas   Foto: Foto Alexsander Ferraz

Eduardo Smith de Vasconcellos Suplicy, o Supla, tem uma história e tanto. Ainda pequeno descobriu a paixão pela música, ouvindo discos de rock e tocando bateria, e com o seu carisma e o seu jeito único, construiu uma carreiramúltipla, na qual, além de cantar, acumula trabalhoscomo ator, apresentador e até curador de umaexposição de artes plásticas.


Sem falar que cultiva forte ligação com os esportes,tendo sido, inclusive, vice-campeão de um torneio de boxe. Torcedor do Santos Futebol Clube, o paulistanode 55 anos também vai participar, em breve, da campanha de lançamento do novo uniformedo Peixe.


Na entrevista a seguir, Supla explica o porquê de Cubatão ter um papel importante no processo de renovação do seu público e fala, entre outros assuntos, da relação comos pais, Eduardo e Marta Suplicy,do tempo em que morou nos Estados Unidos e dos seus próximos projetos – que incluem transformar o livro Crônicas e Fotos do Charada Brasileiroem e-book e audiobook.


MÚLTIPLO Ao longo da carreira, por mais que a música sempre tenha sido sua prioridade, você explorou diferentes facetas, comoa de ator. Foi algo planejado?


Eu me inspirei um pouco noDavid Bowie nesse sentido. Aproveitei as oportunidadesque o show business me oferecia aqui no Brasil. Fiz filme comOs Trapalhões e a Angélica(o longa-metragem Uma Escola Atrapalhada), a minissérie Sex Appeal, da Globo, que lançou a Luana Piovani e a Carolina Dieckmann. Também já fui apresentador de TV e curador de uma exposição de arte.


Gosta de artes plásticas?


Curto bastante, apesar de estar longe de ser um expert. Van Gogh é o meu pintor preferido. Queria muito ir à exposição que tem projeções 3D das obras dele, tomara que ela venha para o Brasil um dia, quando a pandemia passar. Tenho alguns quadros e esculturas de artistas nacionais em casa. Adoro conversar com artistas plásticos. Outro universo pelo qual me interesso é o das histórias em quadrinhos.


Você já vendeu 1 milhão de CDs em bancas de jornal e gravou um clipe inteiro usando o iPhone. Sente a necessidade de se reinventar com frequência?


Temos que nos arriscar, inclusive na forma como vendemos o nosso produto. Não adianta fazer igual todo mundo está fazendo. Para nos destacarmos, temos que ser diferentes. Foi por isso que eu pintei o cabelo de loiro bem claro, após ver um show do David Bowie. Como deu certo, eu mantive esse visual tipo Marilyn Monroe até os dias de hoje.


  Foto: Foto Divulgação

HONESTO Vivemos um novo boom dos reality shows. As pessoas ainda falam da sua participação na Casa dos Artistas?


Sim, bastante. Vou te dizer que eu não me interesso muito por reality shows, mas não posso negar que a Casa dos Artistas foi ótima para mim. As pessoas puderam conhecer melhor o meu jeito de ser. Na época, eu morava nos Estados Unidos e tinha vindo passar um tempo no Brasil para ajudar na campanha da minha mãe (Marta Suplicy) para prefeita de São Paulo. Algo que também me deu muita visibilidade nesse período foi o fato de o Marcos Mion tirar sarro de mim com frequência no programa Piores Clipes do Mundo, da MTV Brasil.


Para você, quais são as suas principais características?


Sou muito organizado, sei onde estão todas as minhas coisas. E digo o que penso, procuro ser honesto ao máximo. Uma pessoa ponta firme deve ser assim. Também sou meio maluco, no bom sentido, e deixo isso aparecer um pouco, pois todo mundo precisa se soltar, né? É importante saber exatamente quem a gente é.


Qual é o perfil do seu público hoje?


Do ano passado para cá, o meu público passou por um processo de renovação, que começou com o clipe que gravei em Cubatão (da música Kung Fu On You). A dança que eu faço no vídeo viralizou e, por causa disso, tenho hoje um monte de fãs jovens, que se somaram às pessoas que já me curtiam.


A gente comenta aqui na redação que você é o seu próprio assessor de imprensa. De repente, atendemos o telefone e é você querendo sugerir uma matéria.


Passei a fazer isso, principalmente porque já trabalhei com gravadora que me blindou de todo jeito. Se eu quero divulgar um novo álbum no jornal, participar de um programa de TV ou de um festival como o Rock in Rio, eu mesmo ligo para ver se há a possibilidade de aquilo rolar. Não existe ninguém melhor para me promover do que eu mesmo, concorda? Mas tenho pessoas que trabalham para mim, mais na parte comercial e nos shows. Meu irmão André, que é advogado, costuma me representar.


ATLETA Quando te liguei para marcar a entrevista, você disseque estava saindo para dar uma corrida. Gosta de esportes?


Costumo cuidar do corpo, para poder cantar bem. E sempre fui ligado em esportes. Já pratiquei capoeira, joguei futebol, basquete e fiquei em segundo lugar no Forja de Campeões (mais tradicional torneio de boxe amador do País). Como o meu bisavô promoveu a primeira partida de polo do Brasil, eu também me envolvi um pouco com essa modalidade. Agora, estou parecendo o rei dos coxinhas...


Você torce para que time de futebol?


Para o Peixe! O meu avô paterno, Paulo Cochrane Suplicy, foi um dos fundadores do Santos e jogou no primeiro time amador do clube. Aliás, a família Suplicy é da Cidade. Eu vou participar da campanha de divulgação do novo uniforme do Peixe.


Teve ligação com mais algum esporte?


Quando eu era pequeno, os meus pais resolveram estudar nos Estados Unidos e a gente se mudou para lá. Primeiro, fomos para Michigan, depois para a Califórnia, onde conheci o surfe e decidi praticá-lo. Por causa dos meus pais, tive acesso a muita coisa, mas não foi isso que me fez ter sucesso. Se quisesse, eu poderia ter sido político; inclusive, recebi diversos convites para seguir carreira parlamentar. Só que optei por me dedicar a algo em que acredito demais: a música. Eu mesmo fui atrás das minhas oportunidades, não fiquei dependendo dos meus pais. Tanto é que, já adulto, fiz questão de voltar a morar nos EUA, para ver se conseguiria dar certo no mercado americano da música e eu e o meu irmão João assinamos contrato com uma gravadora de lá para o projeto Brothers of Brazil, que nos levou a tocar pelo mundo.


  Foto: Foto Divulgação

FAMÍLIA Você e o João pretendem retomar a parceria?


Sim. Nós estamos gravando um EP do Brothers of Brazil, para lançar logo mais, com o total de cinco músicas. Eu e o João temos uma comunicação meio mágica, a nossa relação é bem bonita. Em paralelo ao tempo em estúdio com ele, estou divulgando o meu novo álbum solo, SuplaEgo, que saiu no início do ano.


Alguém mais da sua família se dedica à música?


O meu sobrinho Teodoro, de 18 anos, que é filho do André, tem composto algumas letras comigo. Nossa troca, nossa parceria é bem legal. Um aprende com o outro. Acho ruim quando os mais velhos não escutam os mais jovens; também não aceito quando os mais jovens não respeitam os mais velhos.


O que despertou a sua paixão pela música?


A minha tia Tetê (Vasconcellos), irmã da minha mãe, que dirigiu o filme El Salvador: Another Vietnam e concorreu com ele ao Oscar de Melhor Documentário na década de 80, teve papel importante na descoberta da minha paixão pela música. Lembro que ela me deu um skate e diversos discos de rock, entre eles o do The Clash. Além disso, eu vivia na casa dos vizinhos da minha avó. Eles curtiam jogar futebol; sem falar que amavam Beatles, The Rolling Stones, David Bowie, Alice Cooper e tinham amplificador e alguns instrumentos. Com 13, 14 anos, comecei a tocar bateria, porque um desses vizinhos precisava de alguém para acompanhá-lo, enquanto tocava violão e guitarra na noite de São Paulo.


Teve o apoio dos seus pais?


Sim. O meu pai (Eduardo Suplicy) sempre falou que eu deveria estudar e me dedicar ao máximo em tudo na vida, e fazer, de preferência, algo de que eu gostasse de verdade. Quando comecei a ir ao programa do Chacrinha nos anos 80, eu estava cursando Economia na PUC (Pontifícia Universidade Católica) de São Paulo e as pessoas passaram a me reconhecer no campus. Algumas até gritavam quando me viam. Como já tinha empresário e uma agenda de shows, disse para os meus pais que iria trancar a faculdade, para focar na carreira de músico profissional. A minha banda, Tokyo, estourou. A gente lançou dois discos. Mas, quando nos separamos, fiquei meio perdido e achei melhor investir na minha carreira solo. Hoje, já estou no meu 18º álbum.


Qual é a principal mensagem que deseja transmitir com o seu trabalho?


Tenho mente aberta. Gosto de mesclar o rock com outros estilos. O que mais quero é levar alegria e esperança para as pessoas, e às vezes, fazer críticas necessárias e propor alguns questionamentos. Recebo bastante amor do público. Muita gente já me disse que transmito uma energia, um astral bacana. Tive dois shows inesquecíveis em Santos, nos anos 80: um no clube Caiçara e outro na Praia do Gonzaga, para propaganda de uma marca. No fundo, somente estou fazendo as coisas em que eu acredito.


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