Sócio de Ronaldo em produtora, Bruno De Luca se reinventou para consolidar carreira

Após ficar conhecido em Malhação, ele se tornou não só apresentador como empresário. E está cheio de projetos

Por: Stevens Standke  -  25/10/20  -  12:59
  Foto: Foto Multishow Divulgação

Quem vê Bruno De Luca na telinha não imagina a metamorfose que ele encarou até consolidar a sua carreira, que começou a construir quando ainda era criança – e “enganou” os pais para poder estudar teatro. Depois de brilhar em Malhação, ele viveu momentos difíceis, ao não conseguir outros papéis na TV, e decidiu cursar Jornalismo, para abrir o seu leque profissional. Aliás, o grande responsável por Bruno se tornar apresentador foi Fausto Silva, o Faustão.


Outra pessoa que fez diferença na sua vida foi o amigo e ex-jogador de futebol Ronaldo, com quem firmou sociedade para montar a Beyond Films, produtora que, entre vários projetos, prepara documentário sobre a trajetória do craque. Ela também responde pelo Vai Pra Onde?, programa de viagens que Bruno comanda, na frente e por trás das câmeras, no Multishow e que ganha nova temporada na quarta, às 18 horas, dedicada à ilha espanhola de Ibiza.


Na entrevista, o ator, apresentador e empreendedor de 38 anos fala ainda da opção por não seguir carreira no negócio da família, da paixão por viajar e de como o fato de trabalhar conhecendo o mundo não é algo tão glamoroso assim (Bruno já foi para 53 países). “Pretendo explorar o Brasil nas próximas temporadas do Vai Pra Onde? Tenho outros documentários e projetos de dramaturgia que vocês verão em breve. A gente está estudando, inclusive, rodar o terceiro filme de Os Parças”, adianta.


PROGRAMA Você gravou a nova temporada do Vai Pra Onde? em Ibiza na reabertura da ilha. Como estavam as coisas por lá? 
Fazer uma temporada em Ibiza surgiu de uma oportunidade. Eu já estava lá para outro compromisso de trabalho e, como a ilha passava pelo processo de flexibilização do lockdown, vi que seria pertinente e seguro gravar lá. Foi muito legal ver como os espanhóis se comportam, obedecendo aos protocolos da Organização Mundial da Saúde (OMS). As praias estavam liberadas, restaurantes e lojas abertos, mas com a utilização de máscara e respeitando o distanciamento em todos os ambientes.


O processo de gravação foi mais trabalhoso do que o normal?
Foi bem diferente do processo de gravação normal. Primeiro, eu estava com uma equipe que não era a minha de sempre. Trabalhei com profissionais locais e dei sorte, porque eles eram incríveis. Nos alinhamos muito bem e tudo deu certo.


Já estive em Ibiza e acho que as pessoas se prendem bastante no lado baladeiro da ilha, mas há muita beleza natural etc. O que é mais bacana para fazer lá, na sua opinião? 
Eu vou para Ibiza todo verão há dez anos e nunca tinha tido a oportunidade de conhecer alguns lugares da natureza, os restaurantes tradicionais históricos, os pontos culturais, as cavernas. Nas minhas viagens anteriores, eu estava tão focado nas festas que não tinha tempo de conhecer esses lugares. Eu tinha interesse, mas não trocava as festas por esses passeios.


Neste ano, por conta da pandemia e como estou namorando (Sthéfany Vidal, repórter do Domingão do Faustão), foi a oportunidade de conhecer praias que não frequentava, ver outra Ibiza, a dos locais. A Celina Locks, namorada do Ronaldo, me ajudou muito. Ela frequenta a ilha há anos e está sempre em busca de spots exclusivos e sem turistas.


Indica quais lugares? 
Realmente tem muita beleza natural na região, amei ir para Atlantis, que é como os hippies apelidaram uma praia de lá que parece a cidade perdida de Atlantis. Adorei conhecer a Ilha de És Vedra, um dos locais mais magnéticos do mundo, foi incrível. Também conheci melhor Formentera, antes só ia para a praia de lá durante o dia. Dessa vez, dormi uma noite lá e conheci a ilha por dentro. Vi que tem um centrinho, pontos culturais e turísticos, além de aspectos de civilizações antigas que povoaram Ibiza, e eu nunca havia parado antes para pensar nisso.


AMOR Você era bem baladeiro, pelo jeito. 
Gosto muito de uma balada, mas estou bem mais calmo agora, namorando e pensando no meu futuro. Eu venho de uma família italiana, meus pais são muito próximos, assim como meus irmãos, e todos baladeiros. Gostamos de festa, de curtir, tenho isso no meu sangue.


Como sente por ter sua vida amorosa exposta na mídia, ainda mais por se relacionar com alguém que também é conhecida? 
Eu não ligo de ter a minha vida exposta, estou muito acostumado com isso. Trabalho na TV desde os 10 anos, portanto tenho bem mais tempo de vida pública do que de vida privada. Me acostumei a conviver com isso, com as curiosidades das pessoas. Falo da minha vida abertamente, às vezes até me exponho demais, porque sempre fui muito falador e conversador. Conto muito da minha vida para as pessoas, e sou feliz dessa forma.


ATOR A sua família tem o frigorífico Frescatto. Foi difícil não seguir esse legado? 
Foi um pouco difícil para mim, sim, porque a minha família é italiana e muito unida. Todos os meus primos trabalham no frigorífico, mas eu sabia desde os 10 anos que queria ser artista, então não tinha como seguir aquela rotina e trabalhar com peixe.


Me sentia mais triste de não estar perto da minha família e de não seguir o legado do meu avô e do meu pai do que por qualquer outro motivo. Eu sabia que não tinha talento para aquilo. Hoje, o meu irmão é CEO da Pescatto e tenho muito orgulho e admiração pelo que ele e meus primos construíram.


Sente vontade de voltar a investir mais no seu lado ator? 
Gosto muito de atuar, mas amo mais ainda minha carreira de apresentador. Hoje, atuo quando dá tempo na agenda. É mais uma diversão do que uma profissão oficial. As oportunidades foram surgindo como apresentador e acabei me apaixonando mais e mais. Tenho muito orgulho disso. Leio vários livros de dramaturgia, vejo um monte de filmes, peças. Fazer Malhação foi muito importante na minha trajetória profissional, porque foi minha formação como ser humano, não só como ator. Me dediquei dos 12 aos 17 anos a esse trabalho.


O que despertou o seu interesse pelas artes cênicas? 
Assistir às novelas Vamp e Top Model foi o que me fez querer ser ator. Sempre pedia para os meus pais para fazer teatro e eles não queriam, mas eu pesquisava cursos. Quando tinha 10 anos, eles fizeram uma viagem para a Europa de um mês e, durante esse período, minha tia ficou responsável por levar eu e meus irmãos nas atividades extracurriculares. Falei para ela que tinha um curso de teatro, que minha mãe já tinha deixado fazer, então ela me levou regularmente para as aulas. Quando meus pais voltaram de viagem, como eu já estava muito envolvido com o curso, eles ficaram com pena de me tirar. Depois, apareceu meu primeiro teste, para fazer a novela Fera Ferida.


  Foto: Foto Multishow Divulgação

TRANSIÇÃO É verdade que depois de Malhação recebeu muitos nãos em testes e resolveu dar uma reviravolta na sua vida? 
Depois de Malhação, eu fiz testes para todas as novelas possíveis e não passava em nenhum. Na época, eu tinha 17 anos, também prestei vestibular para Comunicação e comecei a cursar Jornalismo na PUC (Pontifícia Universidade Católica) do Rio. Gostei muito disso e era uma maneira de ocupar minha vida, porque, com Malhação, minha vida era atribulada e, quando parei de gravar, ficou um gap na minha rotina. Então, mergulhei de cabeça no Jornalismo. O Faustão sempre falava que eu tinha talento para ser apresentador, ele foi o grande incentivador para que eu entrasse nessa carreira.


Realmente fez estágio no jornalismo diário da Globo? 
Eu já tinha feito Faustão e Caldeirão do Huck, aí comecei um estágio no jornal local da tarde da Globo Rio. Foi muito legal, tive altas experiências. Trabalhei com Tim Lopes, o repórter investigativo; saía para fazer matéria, para ajudar os jornalistas. Era estranho, diferente, as pessoas me reconheciam na rua por causa de Malhação e eu estava ali em outra função. Foi uma experiência muito forte que me fez ver que eu não daria certo no jornalismo mais sério. Cobri até porta de delegacia e fiquei bastante triste e chocado com as situações do dia a dia.


PARCERIA Como surgiu a ideia de montar a produtora Beyond Films, para viabilizar projetos como o Vai Pra Onde?
Sou amigo do Ronaldo desde os 12, 13 anos. Ele sempre foi um grande amigo e incentivador da minha carreira. Sempre acreditou no meu trabalho e no meu talento, me deu muitas câmeras. Desde pequeno, na época de Malhação, eu andava com uma câmera filmando os bastidores, já era bem interessado no audiovisual, ficava na switcher (sala de controle das gravações). Fiz curso de direção em Los Angeles (EUA) e sempre fui envolvido em todas etapas de produção. Amo estar não só nas câmeras, mas também nos bastidores, e o Ronaldo me apoia desde sempre nisso. Depois que ele se aposentou, veio com a ideia de filmar coisas da vida dele. Surgiu, então, esse projeto de começarmos a gravar tudo que ele está vivendo, criamos a produtora e temos vários projetos juntos, além de um documentário sobre a vida dele. Eu sou um dos sócios, cuido bastante da parte criativa. O Ronaldo sempre foi interessado em audiovisual no geral. 


Vocês se conheceram como? 
O Ronaldo fez uma participação em Malhação e ficamos amigos. Nosso humor é muito parecido, damos bastante risada juntos. Temos vários aspectos em comum, nos identificamos e de cara fiquei amigo dele e da família. Há dois anos, viramos sócios na Beyond Filmes.


SONHO Antes da pandemia, você passava metade do ano fora de casa. Acha que as pessoas glamorizam o fato de ter de viajar com frequência a trabalho? 
Eu sou um cara muito social, amo viajar. Mesmo quando não estou trabalhando, gosto de viajar com família, amigos, sozinho. Fiz vários amigos pelo mundo, então sempre tenho onde ficar. Depois de terminar as gravações do Vai Pra Onde?, eu costumava ficar sempre mais um mês viajando e me hospedando na casa dos amigos, conhecendo os lugares.


As pessoas glamorizam, com certeza, o fato de ter que viajar a trabalho. É maravilhoso, só que também é cansativo, não há momento de descanso. Tenho um plano a cumprir e sou caxias em termos de conteúdo, gravo muita coisa a mais para o programa ficar dinâmico. É bastante cansativo, mas eu não troco isso por nada. Era um sonho ter um programa de viagens, desde quando eu trabalhava no Faustão e viajava para fazer matérias.


Qual o balanço das lives que realizou na sua casa no período de isolamento social?
Amei fazer as lives na minha casa, temos até projeto de continuar com transmissões de lá. Sempre fui ligado à música, então adoro poder ser a pessoa que une artistas diferentes com estilos distintos. Eu tenho um papel de agregar e gosto demais disso. Sempre apresentei muito as pessoas, sempre fui esse cara de ver as pessoas ficando amigas, já fui até cupido de vários casais. Essa é uma característica que vem de família.


VAIDADE A proximidade dos 40 anos o incomoda? 
No início, a chegada aos 30 incomodava mais. Fiz, inclusive, um especial no Multishow, de 30 coisas para fazer antes dos 30. Entrei em uma crise, porque achava que estaria muito melhor na vida aos 30, que teria uma família, um programa de auditório... Fiquei frustrado por não atingir os objetivos que tinha quando era criança – esse especial foi uma forma de suprir isso.


Depois desse programa, me acostumei com a idade, tenho orgulho do que vivi, da minha carreira e a chegada aos 40 anos não me preocupa. Sou vaidoso, cuido do cabelo e faço tratamentos para ele não cair, mas tenho muitos amigos mais velhos e me tranquiliza vê-los felizes. Me espelho muito nesses amigos e no seu jeito de levar a vida, como o Ronaldo e a Carolina Dieckmann.


Mudou seu estilo de vida em nome da carreira? 
Sigo uma dieta muito rigorosa. Sou guloso, portanto sempre foi importante observar o que como. Sou preocupado com isso, faço academia todos os dias e sou bem focado nesse sentido.


GASTRONOMIA Você participou do Super Chef, do Mais Você. Curte cozinhar no dia a dia? 
Curto, mas não sou bom, fui o primeiro a ser eliminado da competição. Não tenho talento nem medida certa, sou enrolado, deixava as coisas queimarem. Mas o importante foi que passei a dar valor para quem cozinha, porque, quando era pequeno e minha mãe cozinhava, eu reclamava da comida. O Super Chef me fez enxergar o trabalho que isso dá, como é bonito, como as pessoas cozinham com carinho.


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