Eis uma atividade clássica e democrática, que pode trazer benefícios à coordenação motora, às emoções... De acordo com Beatriz Carunchio, neuropsicóloga com doutorado pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), envolve ainda funções neuropsicológicas como memória, aprendizagem, atenção, linguagem. E influencia até mesmo na compreensão do que temos em nós mesmos e da realidade em que vivemos. E mais: “a troca de bilhetes e cartas ajuda a criar e aprofundar laços afetivos fundamentais à saúde física e mental, em todas as idades”, continua ela, que integra o Laboratório de Psicologia Anomalística e Processos Psicossociais da Universidade de São Paulo (USP).
A escrita à mão voltou à moda, sendo uma das características do mais recente livro vencedor do prêmio Jabuti, À Cidade, do cearense Mailson Furtado. Vários idosos, por exemplo, gostam dessa atividade por resgatarem costumes deixados de lado ao longo da vida. “No caso da terceira idade, trabalha funções neuropsicológicas, inclusive a memória, diminuindo o declínio cognitivo”, diz Beatriz.
E como incentivar uma geração que já nasceu digital, com tantas tecnologias e telas à disposição, a curtir utilizar lápis e caneta? Para a neuropsicóloga, “a primeira atitude é explicar. As crianças entendem! Quando escrevem à mão, usam áreas do cérebro ligadas à percepção, cognição e motricidade de forma combinada, e isso traz ganhos imensos para o desenvolvimento neuropsicológico. Também é importante que os adultos deem o exemplo. As crianças tendem a reproduzir comportamentos que observam em pessoas significativas”.
Beatriz comenta que, quando escrevemos digitando, não utilizamos certas funções, como a coordenação motora fina – afinal, basta apertar um comando ou encostar os dedos no touchscreen. “Com isso, inexiste o uso combinado de diferentes funções, modificando aspectos, como os ligados à aprendizagem (fluidez da linguagem e do pensamento)”.
Prazer caseiro
Lições matinais
A criadora do blog Desancorando, Maki De Mingo, apesar de focar no universo digital de produção de conteúdo, ama trabalhos manuais e escrever à mão: “É uma forma de desacelerar a mente e sair um pouco da frente das telas”. Ela se desafiou a escrever páginas matinais à mão e percebeu que: