Um bom churrasco reúne a família, os amigos e transforma qualquer ocasião em uma confraternização. Só que nem todo mundo dá tanta bola para algo primordial no preparo da carne: a escolha da churrasqueira. Ela garante boa parte do sabor e pode trazer praticidade.
Mais do que isso: quando a escolha é bem pensada, resolve até briga no condomínio, já que nem todos os apartamentos têm infraestrutura suficiente para a fumaça não incomodar os vizinhos.
Para entender melhor o mundo das churrasqueiras é preciso olhar para trás e lembrar como eram os churrascos até há pouco tempo: em geral, eram feitos só com espetos.
O motivo é que as carnes não tinham tanta qualidade, como explica o especialista Domingos dos Santos, o Netão, proprietário do BomBeef, em Santos.
“A gente usava espetos, porque era preciso deixar a carne mais tempo na churrasqueira para ficar macia. Hoje, podemos fazê-las grelhadas, selando primeiro. A vantagem desse modo de preparo é que a carne fica mais dourada e suculenta”, diz Netão.
Outra curiosidade é que, para se ter um bom resultado, a carne deve passar por várias transformações químicas. Uma delas tem nome: Reação deMaillard.
“É uma reação química entre o carboidrato e o aminoácido da carne, que, em alta temperatura, gera uma espécie decaramelização, dourando, mudando a textura e ajudando no aroma e no sabor. Por isso, a distância entre a carne e o fogo é essencial e a churrasqueira certa faz toda a diferença”.
Quanto mais a carne estiver perto da brasa, maior será a temperatura. Logo, a grelha também é importante – ela distribui o calor por igual. O ideal é ter uma churrasqueira com duas alturas de grelha: uma baixa para selar e outra para preparar a carne. Em média, calcula-se entre 22 e 25 centímetros do fundo da churrasqueira até a grelha.
Elétrica ou a gás?
Quem não pode colocar a churrasqueira na garagem ou na varanda, geralmente, opta por modelos elétricos ou a gás. Principalmente nos que utilizam eletricidade, a diferença é que a temperatura atingida é menor. A dica é aquecer a grelha, ligando a churrasqueira 40 minutos antes.
Outro detalhe é que tanto o modelo a gás quanto o elétrico dispensam o carvão. Por um lado, o sabor da carne fica diferente. Por outro, a fumaça é menor.
Tipos de grelha
Nos churrascos domésticos, Netão diz que o mais recomendado é ter uma grelha tipo argentina – aquela formada por canaletas em V, que conduzem a gordura para um coletor específico. “A proposta é fazer com que pingue menos gordura direto na brasa, porque isso faz o fogo subir. E a carne se faz na brasa, não no fogo”.
Grelhas moedinhas, com vários círculos, são as menos indicadas. Além de difíceis de limpar, elas não seguram nem distribuem bem o calor para assar a carne por igual.
Um tipo comum de churrasqueira é a de tijolinhos. Esse material é bom, pois segura o calor, mas, na maior parte das vezes, deixa a carne longe da brasa. A dica é colocar tijolos no fundo, para a carne ficar na altura ideal.
Área gourmet projetada
Hoje, o mercado está bem amplo e as churrasqueiras têm virado um item que praticamente se conecta com o lazer na casa. Mas muitos dos lares não têm área gourmet projetada. Aí, entram as soluções profissionais, como explica Caio Oliveira, da Caio Oliveira Arquitetura. “A gente consegue agregar a churrasqueira a esses imóveis, sem interferir ou incomodar os vizinhos.
Os pontos principais a se perguntar para escolher o melhor modelo são: o que a moradia oferece de infraestrutura, que tipo de churrasco será feito e com qual frequência”, indica. Segundo Oliveira, modelos a carvão exigem exaustor – o que requer obra prévia.
Quem não pode instalar exaustor tem a opção das churrasqueiras combinadas com o fogão ou instaladas avulsamente, numa área de lazer ou numa bancada.
“Algumas importadas são até de embutir e usam o gás encanado. Muita gente as acopla nas torres de eletrodomésticos, junto com o micro-ondas e o forno”, diz Oliveira, ressaltando que, independentemente do modelo, é importante contratar um profissional para a instalação. “Todo equipamento tem uma distância mínima para não gerar aquecimento e causar transtornos”.