Mundo melhor: Projeto Mi Casa, Tu Casa ajuda venezuelanos na Baixada Santista e pelo Brasil

Segundo dados da Unicef, desde 2015, cerca de 200 mil venezuelanos chegaram ao país

Por: William Guerra  -  13/06/21  -  17:28
  Minha Casa, Tua Casa ajuda parte dos 200 mil venezuelanos no Brasil
Minha Casa, Tua Casa ajuda parte dos 200 mil venezuelanos no Brasil   Foto: Reynesson Damasceno/ACNUR/Divulgação

O agravamento da crise econômica e social na Venezuela na última década provocou um forte movimento de migração da população local para outros países da América do Sul. Uma das nações que recebeu parte dos venezuelanos foi o Brasil. Segundo dados da Unicef, desde 2015, quando a crise se intensificou, aproximadamente 200 mil venezuelanos chegaram ao país pela fronteira do Estado de Roraima, se concentrando principalmente nos municípios de Pacaraima e Boa Vista, capital do Estado.


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Sem uma estrutura capaz de acolher a demanda populacional, o governo estadual recorreu ao governo federal, sugerindo que parte desses migrantes fosse levada a outros cantos do Brasil. Com o pedido aceito, venezuelanos se espalharam pelo território brasileiro, inclusive aqui na Baixada Santista.


Além de dar um lar e comida para nossos amigos vizinhos, outro ponto crucial precisava ser resolvido: o ensino para crianças. A ONU estima que quase 7 mil meninos e meninas menores de 17 anos vivem somente no estado de Roraima. Um número preocupante, principalmente se formos levar em conta que esses jovens não possuem ferramentas para aprender uma nova língua e em um país com uma cultura diferente da que eles estão acostumados.


Buscando contribuir para o desenvolvimento dessas pessoas surge o projeto Mi Casa, Tu Casa. Minha Casa, Tua Casa. A iniciativa é uma parceria entre o jornal Joca e a Agência da ONU para Refugiados (ACNUR), com o apoio da organização Hands On Human Rights e busca acolher crianças que sofrem com o deslocamento forçado, por meio da educação.


A leitura como caminho


Entre as possibilidades acessíveis para contribuir com esse público, o projeto encontrou a leitura como fonte de inspiração. "Acreditamos que a leitura possa levar conforto a essas crianças e adolescentes, permitindo que continuem projetando seu futuro.”, explica Stéphanie Habrich, diretora executiva e fundadora do Joca.


Por meio de doações, o grupo reúne livros infantojuvenis em português e espanhol para envolver e aproximar mais a Venezuela do Brasil. “Os benefícios da ação vão além e também chegam aos jovens que se envolvem pelo Brasil. É uma oportunidade única de interagir com o que está acontecendo em nosso país vizinho.”, aponta Stéphanie.


O projeto acredita também que a leitura traz como consequência a redução dos sofrimentos decorrentes do refúgio e da migração, a promoção do acolhimento, o apoio à introdução de uma nova língua e a mobilização de brasileiros a acolhê-los cada dia melhor.


Protagonismo infantil


Diferente de outras ações sociais e humanitárias, onde o adulto ou uma grande empresa aparece à frente do projeto, o Mi Casa, Tu Casa coloca o jovem como protagonista. A iniciativa se mantém de pé através das doações lideradas por eles.


O conselheiro na Hands On Human Rights, Edgard Raoul refletiu sobre a questão. “Quem poderia mudar essa realidade não faz nada. São adultos que carregam ideias fixas e preconceituosas. O projeto Mi Casa, Tu Casa tira esse protagonismo dos adultos, entregando aos jovens. Esses, ainda em processo de formação, têm a sensibilidade e a força para questionar uma péssima realidade. A partir do momento em que os jovens se conhecem e se entendem como seres humanos, qualquer diferença sobre nacionalidade, religião e cultura desaparece.”


Além dos livros doados, a iniciativa ainda convida os jovens para participar enviando dedicatórias às crianças venezuelanas. Nessas cartas, os pequenos brasileiros podem dizer como vivem por aqui, as coisas que mais gostam de fazer e quais experiências nossos vizinhos poderão vivenciar. Essas cartas serão entregues e poderão ser respondidas pelos migrantes.


Parceria regional


Além do protagonismo infantil, o Mi Casa, Tu Casa conta também com uma campanha de financiamento coletivo. Escolas e famílias podem contribuir apoiando os jovens a arrecadar fundos para manter o projeto. Com os recursos, as equipes podem montar novas bibliotecas que serão utilizadas pelos venezuelanos em todos os cantos do Brasil.


Sensibilizada com a questão humanitária levantada pela ação, Karina Mariano, diretora pedagógica de uma escola particular de Praia Grande decidiu colaborar para a ampliação da iniciativa. “A gente entende que o projeto ajuda pessoas que saem da Venezuela em busca de uma vida melhor. Esse acolhimento é fundamental, principalmente nesse momento de pandemia.”, analisa Karina.


Ainda de acordo com a diretora pedagógica, o Mi Casa, Tu casa foi escolhido por aliar questão humanitária e leitura. “Acreditamos que pela literatura as crianças entendem melhor o mundo em que vivem, desenvolvem seu processo de imaginação, trazem discussão e ainda trabalham sentimentos únicos.”


Participar


Contribuir para o acolhimento e o bem estar de outras pessoas é mais do que preciso. Nesse momento de pandemia de covid-19, ele é fundamental. Por isso, o Mi Casa, Tu Casa é uma das plataformas que ajudam a equilibrar a balança da desigualdade social. As doações de livros, cartas ou novas parcerias estão abertas. Para ser mais um elo dessa corrente do bem, acesse este linkconteudo.jornaljoca.com.br/mi-casa.


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