Mercado de trabalho passa a exigir três novos tipos de inteligência durante recrutamento

O trio pode ser resumido na sigla Epa, ou seja, excelência, paixão e ação. Veja como desenvolver melhor isso

Por: Joyce Moysés  -  20/09/20  -  23:31
  Foto: Foto Adobe Stock

Ultimamente, o termo soft skills tornou-se um dos mais utilizados pelos recrutadores na busca de funcionários para empresas modernas e que olham para o futuro. OK! Mas o que significa? São as habilidades emocionais e mentais que fazem com que o profissional e seu ambiente de trabalho sejam mais produtivos, agradáveis e favoráveis a gerar resultados com a qualidade e a agilidade exigidas nos dias atuais.


Um levantamento global do LinkedIn lançado neste ano mostra que elas são a maioria das dez habilidades mais valorizadas por empregadores. E a boa notícia é que a maior parte das pessoas pode desenvolvê-las, de acordo com Christine Pereira, executiva de multinacionais de pesquisa e consultoria, que criou em 2018 o jogo Atitude EPA! para ajudar seus pares, equipes e amigos a identificarem as tais soft skills neles mesmos e naqueles com quem interagem.


Recentemente, Christine lançou o livro EPA – Excelência, Paixão e Ação, que vem acompanhado de seu jogo, com as regras. De fácil leitura, a obra apresenta um conjunto de habilidades vinculadas a cada uma dessas três inteligências:


1 Racional. Ajuda a alcançar a excelência naquilo que fizer e tem a ver com planejar, ter foco, objetivos e disciplina, lidar bem com a diversidade e outras habilidades relacionadas ao saber. Faz maior uso da razão.


2 Emocional. Ajuda a fazer as atividades com paixão, sorrindo com a alma, e tem a ver com se relacionar, ser resiliente, confiável e curioso; ter paciência e flexibilidade e outras habilidades relacionadas ao sentir. Faz maior uso da emoção.


3 Para realizar. Ajuda a ter ação querendo cooperar, arriscar, delegar, servir, ser exemplo, simplificar e outras habilidades relacionadas a “fazer acontecer”. Faz maior uso da interação e da comunicação.


Todo mundo tem condições de desenvolver essas três inteligências. E não adianta só cultivar o saber ou apenas ter paixão pelo que faz ou ainda contentar-se em ser um executor. Nas palavras da autora: “Você dificilmente obterá sucesso e brilhará investindo em uma das inteligências, renegando o resto. Deve caminhar com elas em conjunto, mesmo que não estejam em proporções iguais”.


Christine, que é estatística, com pós em Amostragem, MBA em Gestão de Pessoas e Negócios e pós em Estratégia Empresarial, incentiva a balancear tudo, garantindo no mínimo o que considera pré-requisitos:


>> Possuir um propósito claro em mente para poder se motivar e agir. “O meu era trabalhar com estatística aplicada em empresas de pesquisa de mercado”, diz ela.
>> Ter confiança e transparência, que são a base de qualquer relacionamento, e tornam tudo mais leve e gostoso.
>> Cooperar para, assim, garantir comprometimento e engajamento do seu grupo na busca do seu objetivo.


Para começar a usar essas três inteligências, Christine – que se apresenta como quem adora pessoas e números – recomenda realizar um exercício de autoconhecimento, com perguntas simples, que qualquer um pode fazer, como “quem sou eu?” e “o que eu quero?”. O objetivo é procurar identificar como cada indivíduo está em relação a essas três inteligências, perguntando-se “qual é a minha fortaleza?” e “qual preciso melhorar?”, por exemplo.


“Temos a nossa jornada na escola da vida, em que estamos no ponto A e queremos chegar ao B. Nesse trajeto, precisamos fazer uma série de escolhas, e ter atitude Epa! pode colaborar. Principalmente na hora de realizar algo junto com mais alguém (como um colega, familiar ou sócio) ou com um grupo de trabalho ou de estudo, liderando qualquer atividade”.


Por muito tempo, a inteligência intelectual era a que importava. Depois, entrou no radar a emocional, que é superimportante para uma pessoa se relacionar e reagir adequadamente às dificuldades, por exemplo. “Mas, às vezes, vemos pessoas cultas e com as emoções sob controle, faltando agir, fazer acontecer... Não podemos ficar espectadores da teoria do ‘não tem jeito’”, alerta a executiva.


Com a pandemia, que acelerou tremendamente o processo de uma vida mais presencial para digital, investir nas três inteligências é estratégia para se diferenciar no mercado de trabalho. “Mais do que nunca, estamos aprendendo a importância de habilidades como administrar o tempo e saber priorizar (o E de EPA), não ser “oito nem 80” (o P de EPA) e simplificar e delegar (o A de EPA)”, pontua a autora.


Como nem tudo são flores, Christine não ignora cinco atitudes negativas que travam as positivas, atrapalham, desestabilizam: humilhar, ameaçar, desprezar, jogar para baixo e inconstância de humor. Tanto no livro quanto no jogo elas aparecem com os nomes “Pesadelo” e “Que Preguiça!”.


Para equilibrar tudo, há ainda a carta “Sabedoria”, para usar naqueles momentos também necessários de pausa, reflexão e diálogo consigo mesmo.


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