Livre-se da dor na sola do pé

Fascite plantar é uma inflamação que incomoda ao andar. Ela pode demonstrar que você está usando o sapato inadequado e precisa fazer alongamento intenso

Por: Daniela Paulino & De AT Revista &  -  03/02/20  -  15:56
Os sintomas da fascite são diferentes, pela atividade de cada um
Os sintomas da fascite são diferentes, pela atividade de cada um   Foto: Adobe Stock

Sabe quando você chega em casa, depois de um dia intenso, e diz: “Meus pés estão me matando!”? Preste atenção, porque pode ser o sapato que você tem usado. Rasteirinhas ou saltos muito altos podem ser verdadeiros inimigos da fáscia plantar (membrana de tecido conjuntivo fibroso e pouco elástico, que recobre a musculatura da sola do pé). Quando ela inflama, instala-se a fascite plantar. “Normalmente, inicia-se como um processo inflamatório, mas sabe-se que existem lesões degenerativas associadas a isso”, afirma o ortopedista Fabiano Nunes, da BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo. 


A fáscia plantar liga o calcâneo à parte da frente dos dedos. Ela dá sustentação e ajuda a formar o arco plantar, que é a curva que a gente tem na sola do pé. Mas o ortopedista faz um alerta: “Precisamos diferenciar a fascite plantar do esporão de calcâneo. Essa inflamação crônica da fáscia plantar pode estimular o crescimento de uma pontinha de osso na sola do pé, que é o chamado esporão de calcâneo. A gente também pode ter o esporão na parte de trás, geralmente por excesso de tração do tendão de Aquiles”. 


Os sintomas da fascite são diferentes, pela atividade de cada um. Os mais sedentários reclamam de dor quando pisam no chão, depois do descanso. Ela alivia com o movimento. “Quem trabalha o dia todo em pé tem essa dor no final do dia. Quando a pessoa é atleta, bailarina ou corredora, a dor piora à medida em que vai se exercitando. É uma dor mais de final de atividade. Pode doer no começo, mas vai piorando. É tipicamente mecânica. Quando você tira o pé do chão, tende a melhorar”, exemplifica Fabiano Nunes. 


Fatores de risco


Obesidade, deformidade nos pés (chatos ou cavos), pessoas que trabalham muito tempo de pé (principalmente em superfícies duras) e atividade física excessiva estão entre os fatores para o aparecimento da fascite plantar. E, claro, os calçados inadequados também. “Com a rasteirinha, você joga o peso todo em cima do calcanhar, sem nenhuma proteção. Como não protege a região, ainda aumenta o risco de dedos quebrados, torções, bolhas e arranhões”, explica o presidente da ABTPé (Associação Brasileira de Medicina e Cirurgia do Tornozelo e Pé), José Antônio Veiga Sanhudo.


O tendão de Aquiles é uma das coisas que influenciam bastante na fisiopatologia e na formação da fascite plantar, segundo o ortopedista Fabiano Nunes. “Ao usar uma rasteirinha, a pessoa estica demais esse tendão, que normalmente está curto. Isso faz com que ele tensione também a fáscia. Além disso, sem um bom apoio do arco, ela estica ainda mais”, ressalta Nunes.


Se for caminhar muito, o ideal, de acordo com José Antônio Veiga Sanhudo, é utilizar calçados que protejam o pé. Os melhores sapatos, quando se planeja fazer longas caminhadas durante o dia, são aqueles que dão apoio ao calcanhar, não comprimem os dedos e têm cadarços ou tiras que seguram o calçado no lugar. “Uma alternativa é usar sapatilha com sola um pouco mais grossa e também com um salto pequeno, de uns dois centímetros, para aliviar a pressão no calcanhar e na coluna”, pontua o médico.


Mas nada de culpar os sapatos baixos apenas. Segundo Fabiano Nunes, a biomecânica da pisada com saltos altos também pode causar muitos danos. “O uso de sapatos mais altos muda bem mais a forma de pisar no chão. Eles ajudam a piorar a fascite plantar. Quando você fica muito de salto, tem uma tendência maior de encurtar o tendão de Aquiles. E, à medida em que ele encurta, toda vez que você tira o salto para andar com um calçado mais baixo ou descalço, tensiona muito esse tendão. As mulheres que têm o hábito de usar bastante salto alto falam que não conseguem andar sem salto por isso”. 


Como tratar


O tratamento é eminentemente clínico. O objetivo é saber a causa e promover mudanças nos hábitos, com auxílio de medicamentos que aliviem a dor e que diminuam a inflamação. Alongamento também é fundamental. “Tanto do tendão de Aquiles quanto da fáscia plantar”, ressalta Fabiano, que dá uma dica para aliviar o incômodo: congele água em uma garrafa PET pequena. Pegue o objeto, coloque no chão e pise nele, massageando a sola do pé. “O gelo anestesia e, ao mesmo tempo, o movimento alonga. Tem um resultado a longo prazo bastante satisfatório”.


A recuperação da fascite plantar costuma ser lenta, de acordo com José Antônio Veiga Sanhudo, e a intervenção cirúrgica não é comumente indicada. Ocorre apenas quando os tratamentos não trazem melhora ao paciente. “Existem algumas opções cirúrgicas que consistem em alongar a fáscia plantar ou a musculatura da panturrilha”, finaliza.


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