Isolamento social não deve mudar alimentação dos animais de estimação

Com mais tempo ao lado dos pets durante o período de isolamento social, muita gente perdeu o controle da quantidade de ração, alimentação natural ou petiscos. Exageros podem causar problemas

Por: Sheila Almeida  -  03/05/20  -  19:51
  Foto: Matheus Tagé

Com o isolamento social, muita gente costuma comer mais. Mas não são só os tutores que estão ganhando quilinhos a mais e ficando mal-acostumados em tempos de confinamento. Muita gente não resiste ao olhar pedinte de cães – e às vezes até dos gatos – que querem um pedacinho de tudo o que os moradores da casa estão comendo.


Os veterinários alertam sobre os cuidados com o manejo alimentar dos pets nesse período. Além dos quilos a mais, é possível causar uma intoxicação.


O veterinário Flavio Silva, supervisor de capacitação técnico-científica da PremieRpet, explica que, de fato, não há muito para onde fugir. Ou os tutores têm pulso firme para negar tudo a todo momento, ou é preciso ter bastante controle com a própria dieta e também com a dos animais. 


“O ideal é que o tutor não fique no mesmo ambiente que o animal enquanto se alimenta. Caso isso não seja possível, deve ser evitado o oferecimento de petiscos que não sejam próprios para eles. O excesso pode levá-los à obesidade. Além disso, um outro agravante é o fato de que, muitas das vezes, nossos alimentos são cozidos com temperos que também são tóxicos para os animais, como cebola e alho”, observa Flavio Silva.


Segundo ele, não há problema em alimentar o bichinho mais vezes ao dia. No entanto, a quantidade diária deve ser mantida. “Se o recomendado é o que o animal coma 100g de alimento, por exemplo, você pode dividir essas 100g em duas, três, quatro ou até dez vezes ao dia, mas sempre mantendo a quantidade indicada”.


Shelly Oliveira, veterinária especialista em nutrição de cães e gatos que atua na Baixada Santista, conta que, além de ficar atento aos alimentos tóxicos e perigosos, o tutor deve ficar esperto para não causar uma gastroenterite – inflamação no aparelho digestivo, com sintomas como vômito e diarreia. Ela acrescenta que não é preciso se preocupar em deixar os pets “com vontade”. 


“A gente acaba transpondo a nossa vontade para os animais e cede aos mimos. Quer dar petiscos, indico os naturais, segundo plano alimentar”. 


Ela explica que o ideal é animais adultos comerem duas vezes ao dia e os filhotes com até seis meses, no máximo, quatro vezes. “E não precisa se preocupar se o animal come uma vez só. É natural. Pela domesticação, os acostumamos a comer mais pensando no nosso café, almoço e jantar. Mas, na natureza, eles, às vezes, nem comeriam todo dia”.


Para quem bagunçou o cardápio do pet, a dica é voltar ao normal, aos poucos. Há bichinhos que não suportam comer um grande volume de alimento de uma vez, pois passam mal. No caso deles, deve-se fracionar. Há os que também vomitam nos jejuns prolongados. É preciso observar e avaliar.


Para quem adotou gatos recentemente, Shelly Oliveira orienta que a disciplina alimentar tem de ser ainda maior. “Os gatos possuem hábito petisqueiro. Se há comida o dia todo, 
eles ficam obesos. O ideal é educá-los quando estão filhotes. Depois, eles dificilmente aceitam mudanças”.


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