Intercâmbio social une o turismo e o voluntariado

Gosta de conhecer lugares diferentes e de ser útil? Topa mudar o mundo ao menos um pouquinho? Embarque aqui!

Por: Joyce Moysés  -  15/04/19  -  15:17

Existe uma tendência de “intercâmbio social” que não tem formato único. Mas quem já uniu turismo e voluntariado, e viveu experiências de socialização no Brasil e no exterior, recomenda. “De maneira geral, as pessoas que optam por fazer esse tipo de intercâmbio desejam melhorar o mundo por meio de suas atitudes – o que tem tudo a ver com o brasileiro, reconhecido por ser generoso –, além de buscarem uma experiência diferente, a partir do contato com a cultura local”, afirma Rui Pimenta, diretor do Student Travel Bureau (STB), que nota um aumento exponencial na procura: 20% a mais por ano, desde que essa agência passou a ofertar esse tipo de programa, em 2015.


Um aspecto que muda totalmente após um trabalho voluntário no exterior é a forma de viajar. O olhar das pessoas para outras culturas e pessoas volta aguçado, segundo o diretor do STB, agência que intermediou a viagem do santista Jorge Luiz dos Santos Antônio à África do Sul em junho de 2018, por 23 dias. Os principais objetivos desse técnico em manutenção de elevadores eram treinar e aprender inglês, além de tentar ser útil à humanidade.


A região africana enfrenta uma necessidade extrema de racionamento de água. “No meu local de banho, por exemplo, havia uma bacia embaixo do chuveiro coletando parte da água, para ser utilizada como descarga depois. Nos shoppings, somente álcool em gel para higienizar as mãos. Na acomodação, comprávamos individualmente no mercado, já que a tarifa do consumo de água é bem alta, para incentivar o racionamento”, relata Jorge.


Mesmo assim, participar de uma aventura como essa, com suporte, não haveria como ser melhor. “As crianças oferecem amor puro inclusive pelo olhar. Quando eu chegava às creches, me sentia um popstar. As crianças pulavam, me abraçavam, gritavam meu nome! Além disso, a África do Sul é linda, com montanhas rochosas, arquiteturas antigas, interação com girafas, avestruz, elefantes... E muita história. Tenho um desejo grande de voltar lá, principalmente para rever os pequenos. Recomendo fortemente – e não pode amarelar no bungee jump”, comenta o volunturista.


Preparado para viajar só


Apesar de despertar interesse especialmente nos jovens, essa modalidade pode ser bem mais difundida no Brasil, de acordo com Carla Gama, diretora geral da agência de intercâmbios Experimento, pertencente à CVC, onde a procura subiu em pelo menos 5% de 2017 para 2018. “Via de regra, quem busca nossas opções já teve experiência internacional como viajante e intercambista, quer agregar tanto ao currículo como à vida pessoal. Para encarar, o viajante tem de ser mais descolado, ou seja, curtir viajar sozinho, para lugares com pouca estrutura”, alerta a diretora, que considera um dos entraves a falta de domínio da língua inglesa.


Entre os programas oferecidos pela Experimento, Carla destaca o African Horizon, um santuário animal localizado na região de Garden Route, e o Namíbia Medical Project, permitindo que os voluntários trabalhem numa clínica comunitária na Namíbia.


Relação ganha-ganha


Ricardo Gottlieb Lindenbojm (Rico) observa que mais brasileiros vêm buscando uma viagem com significado (“em vez de espectadores, querem ser os protagonistas da sua história”), mas recomenda ter o suporte de uma agência. A dele, Passion & Purpose Experience, cria roteiros sob medida a quem deseja unir paixão por viagens com vontade de ajudar as pessoas e o planeta, de crescer e evoluir como ser humano. “Tudo isso, é claro, em lugares deslumbrantes, para onde você iria mesmo que não fosse para voluntariar”, acrescenta Rico, que acha impressionante como o público feminino está mais aberto a viver o diferente.


“Quase 90% do nosso público é de mulheres entre 19 e 35 anos, sendo que já tivemos voluntárias com mais de 50 anos e também famílias. Temos uma preocupação grande com segurança, explicando que todos os destinos foram visitados com antecedência, que as acomodações serão em quartos para viajantes do mesmo gênero e que os passeios sugeridos serão acompanhados de guias locais e profundos conhecedores da região”, avisa Rico.


Sair da zona de conforto e se ver numa relação ganha-ganha, quando imaginava apenas se doar, é o que mais impacta cada viajante. “Recebe-se tanto carinho, amor e admiração!”, anima Ricardo, que vibra com o programa de voluntariado em Lisboa, em parceria com o projeto A Avó Veio Trabalhar. São senhoras cheias de vida, que recebem apoio nas tarefas do dia a dia, dando em troca histórias e dicas, além de hospedagem e atenção. “E você tem bastante tempo livre para desvendar a cidade do momento no cenário criativo e turístico mundial, repleta de cantinhos que encantam tanto quanto as novas melhores amigas”.


Confira a matéria completa na AT Revista deste domingo, 14 de abril de 2019.


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