Fique atento no seu bichano
As doenças do trato urinário estão entre as mais comuns nos felinos, principalmente naqueles que se encontram em idade avançada. Saiba como evitar esses problemas
É fundamental que os tutores de gatos acompanhem bem de perto a saúde de seus felinos. O sistema urinário desses animais, por exemplo, é algo que merece uma atenção especial. Por diversos fatores, infecções e lesões podem ocorrer e, em situações extremas, até levar o pet a óbito. A seguir, médicos-veterinários desmitificam essas doenças e dão dicas de como se pode preveni-las.
A primeira etapa é entender como o sistema urinário dos gatos funciona. Ele é composto por dois rins, responsáveis por filtrar o sangue; dois ureteres, que levam a urina dos rins para a bexiga; a bexiga, que armazena a urina; e a uretra, que transporta a urina para o meio externo, como explica o médico-veterinário Eduardo Filetti, especializado em clínica e cirurgia de felinos.
A partir disso, por fatores que vão desde a hereditariedade até a idade, os hábitos alimentares e as infecções externas, os gatos podem desenvolver, por exemplo, cistites, insuficiências renais ou mesmo obstruções na uretra que são emergências médicas. E a raça do animal também pode interferir nisso. Como é o caso dos gatos persas, siameses e maine coon, que, de acordo com Filetti, têm mais predisposição para desenvolver cálculos renais.
Casos de cistite
A cistite, como complementa o veterinário Mário Paulo Escrovi, é uma das doenças que mais assola os gatos. Ela acontecena bexiga e pode ser causada por estresse, bactérias, fungos ou pela formação de
pedras na bexiga.
Alguns dos sinais são dificuldade para urinar ou quando o gato urina em vários lugares da casa. A presençade sangue no xixi e o animal miar de dorsão outros detalhes que devem ser observados para, na sequência, buscar ajuda especializada.
A situação fica mais séria quando é um caso da cistite obstrutiva. Nessa situação, que ocorre quando o gato tem baixa ingestão de água ou uma predisposição maior de concentrar urina, se formam cristais na bexiga que obstruem a região uretral.
De acordo com Mário Paulo Escrovi, é mais comum queesses casos de obstrução ocorram com machos, pois a uretradeles costuma ser mais estreita.
Caso o dono perceba que o felino está sem urinar, ele deve levá-lo imediatamente a um veterinário. Pois, em cerca de 48 horas, o petpode vir a óbito, por conta das toxinas que ficarão concentradas em seu corpo, ressalta Escrovi.
Lesão renal
Outro problema em torno dotrato urinário dos felinos é a lesão renal, que é quandoo rim do gato perde asua capacidade filtrante, como explica Filetti. Para o especialista,esse “cansaço” do rim pode vir com a idade,mas também pode se dar por fatores genéticos, pelo gato ter tido infecções urinárias recorrentes ou também por estar obeso.
O tutor deve ficar atento se o gato está comendo menos, emagrecendo muito e se a sua urinaestá ficando clarinha demais – um sinal deque as substâncias quedeveriam ser expelidas estão sendo contidase “o animal está se intoxicando com os próprios elementos que não consegue eliminar”. E esses podem ser sinais de insuficiência renal.
Mas a instrução principal segundoFiletti é que sejam realizados exames laboratoriais, além dos clínicos, com frequência no pet. Principalmente quando o gato vai ficando mais velho, em torno dos 7 anos. “Ao se descobrira lesão renal com o animal mais jovem, o veterinário já vai passar a ração apropriada, vitaminas e ajudará para queesse problema não se agrave”.
Já quanto ao tratamento, Filetti destaca a mudança na dieta,de modo que o gato passará acomer uma “ração renal”, contendo proteínas de alta qualidade e em menos quantidade. Em casos de crises, o veterinário dará sorocom medicamentos para o animal.
Mais uma ameaça
Há mais uma outra doença em torno dos rins que pode ser mortal. O veterinário Mário Paulo Escrovi alerta sobre a Injúria Renal Aguda (IRA), que é como a insuficiência renal citada por Filetti, mas paralisa os rins de forma quase instantânea.
A causa é o lírio, que é nefrotóxico. “Às vezes, essa planta nem precisa ser ingerida, só o seu pólen já pode induzir os rins do gato a parar de funcionar”, observa Escrovi.
Nesse caso, o pet pode vira morrer rapidamente. Portanto,é importante que o seu dono o leve a um serviço de emergênciao mais rápido possível.
Trate de prevenir
Para evitar todas essas doençasque ocorrem em torno do sistema urinário do felino, além de buscar fazer exames periódicos, os dois especialistas indicam o chamado “enriquecimento ambiental”.
As dicas de Filetti são quea ração seja de boa qualidade efique em locais altos, para que o gato tenha que se exercitar para comer. Em contrapartida, deve haver muita água à disposiçãodo bichano. Sendo colocados potes em vários pontos da casa, para que o animal não desanime de se hidratar. “Além disso, a águanunca pode ficar perto da vasilha sanitária. O gato se inibe, ele fica sem prazer e sem vontade debeber água perto do cheiro de sua urina e das suas fezes”.
Para completar o processo de melhora do ambiente, Mário Paulo Escrovi ressalta a importância deter “uma caixa de areia a mais do que a quantidade de gatos” na casa.“O felino gosta de tudo limpinhoe, às vezes, ele acaba segurando a urina, porque a caixa de areia está suja. Isso pode levar à cistite”.
