Fiorella Mattheis se aventura como empreendedora e prepara programa sobre pets

A atriz e apresentadora fala ainda da paixão por esportes e moda e relembra fatos marcantes da sua carreira

Por: Stevens Standke  -  04/10/20  -  14:10
  Foto: Foto Gui Paganini/ Divulgação

Medo é uma palavra que não faz parte do vocabulário de Fiorella Mattheis. Desde que deu os primeiros passos como modelo, aos 14 anos, ela sempre se permitiu se reinventar e se tornar cada vez mais múltipla. Tanto é que decidiu cursar Jornalismo e, aos 18 anos, já apresentava programa no SporTV, o que acabou abrindo portas para estrear como atriz, em Malhação, na Globo, em 2007.


Agora, Fiorella, que nasceu em Petrópolis (Rio de Janeiro), mergulha de cabeça em um novo desafio: o Gringa, plataforma que fundou de moda circular (prática mais sustentável, em que você vende roupas e acessórios que não usa mais e compra para seu armário peças de outras pessoas).


Na entrevista, a atriz, apresentadora e empreendedora de 34 anos relembra momentos marcantes da sua trajetória, fala da paixão por esportes e pets, do programa que prepara para o GNT e do quanto as redes sociais foram “estratégicas” para manter a sua vida pessoal mais privada – Fiorella tem 3 milhões de seguidores no Instagram.


NEGÓCIO O que despertou a vontade de empreender?
Fazia alguns anos que eu já tinha essa vontade de montar o meu próprio negócio, mas levou um tempo para que definisse em que iria empreender exatamente, porque queria que, além de ser algo que tivesse mercado, fosse um projeto em que eu acreditasse de verdade e que tivesse a minha identidade. Trabalho com paixão, em tudo que faço. Outro fator que também pesou bastante para que decidisse empreender no Gringa foi a temporada que passei nos Estados Unidos, entre 2017 e 2018. Foi lá que descobri a economia e a moda circular e comecei a comprar e vender as coisas que estavam paradas no meu armário em plataformas que prestam esse tipo de serviço.


Foi uma experiência muito positiva como consumidora e amante de moda. Vi que, nos EUA, eles cuidam do processo inteiro, que é rápido, transparente e permite fazer bons negócios, já que você pode usar o dinheiro das roupas que vendeu para comprar peças usadas que desejava ter no armário. Em julho do ano passado, bati o martelo de que ia trazer uma experiência, dentro desses moldes, para o Brasil. Fui atrás de sócios, investidores e o Gringa entrou no ar em março.


Bem no início da pandemia.
Uns dias antes de ela estourar. Tivemos de mudar alguns dos nossos planos por causa da pandemia, mas acredito que o fato de estarmos em pleno isolamento social ajudou a acelerar bastante a tendência da economia circular no Brasil.


Nos EUA e na Europa, isso já é muito forte. Por aqui, de um tempo para cá é que estamos começando a nos preocupar mais com o que consumimos, com a forma como cuidamos do nosso lixo e do meio ambiente, com a maneira como utilizamos nosso tempo, nosso dinheiro e nosso espaço.


Tem ideia de aonde quer chegar?
Tenho uma visão bem clara do que pretendo realizar. Iniciamos pelas bolsas, mas o objetivo é expandir para as demais categorias da moda masculina, feminina e infantil, para o segmento de design e joias, enfim, a ideia é oferecer tudo o que tem a ver com o universo fashion. Aí, abrir lojas físicas pelo Brasil e quem sabe na América Latina.


Espero com isso ajudar a estender o tapete vermelho no nosso País para a moda e a economia circular. Afinal, todo mundo tem alguma coisa em casa que não usa mais. A gente precisa acabar com o pensamento de que vender algo que está parado no nosso armário é um mico, que significa que estamos necessitando de dinheiro. Simplesmente é uma atitude inteligente, que todo mundo deveria fazer, pois assim contribuímos com a produção de menos lixo.


Sem falar que a indústria da moda é a segunda que mais polui o planeta.
Sim, ela só perde para a indústria do petróleo. Vale dizer que, apesar de, na economia e na moda circular, você estar comprando um produto usado, dependendo do serviço oferecido, aquele item parece novo, não tem cheiro. Sabe, o Gringa vem ocupando boa parte do meu dia a dia. O escritório da empresa é dentro da minha casa, trabalho de segunda a domingo, uma média de 14 horas por dia. Em três meses, cadastramos quase mil produtos na plataforma.


  Foto: Foto Gui Paganini/ Divulgação

EQUILÍBRIO O que recomenda para quem pretende aderir à economia e à moda circular?
Faça uma limpa no seu armário, praticando o desapego. Leve em consideração o seguinte: quais produtos você usou nos últimos seis meses? Quais itens pretende utilizar nos próximos seis meses? Você se vê usando determinada peça de novo? Se houver algum tipo de apego emocional, analise o motivo de aquele produto ser tão importante para você. Dependendo das respostas que der para esses questionamentos, o item deve ser retirado do armário e revendido.


No meu guarda-roupa, pratico o desapego pensando que a gente está sempre em busca de algo novo, de renovação. Por mais que a peça que compro seja usada, para mim ela é nova, porque não a tinha antes. A moda e a economia circular são um negócio sustentável. Elas fazem bem mais sentido do que a economia linear, em que adquirimos algo, pouco utilizamos aquele produto, deixamos guardado no armário, estragando, até que jogamos no lixo.


Pretende empreender mais vezes?
Há outros segmentos em que eu gostaria de empreender, mas confesso que, pelo menos nos próximos três anos, meu foco será totalmente no Gringa, até porque quero expandir a abrangência da plataforma, para todas as categorias que citei. Teremos muitos desafios pela frente. Depois disso, quem sabe não invista em um outro negócio.


  Foto: Foto Divulgação

ANIMAIS Como vai conciliar o Gringa com a carreira de atriz e apresentadora?
A sorte, digamos assim, é que, por ser autônoma, consigo escolher com o que vou trabalhar a cada período da minha vida. E como existem muitas entressafras na carreira de atriz e apresentadora, isso me ensinou a me reciclar e descobrir coisas novas.


Vou continuar aberta para projetos nessa linha que aparecerem no caminho, o que importa é o meu olho brilhar só de pensar em fazer aquilo. Inclusive, estou com um programa em produção no GNT. Por causa da pandemia, demos uma desacelerada no projeto, mas a ideia é começarmos a gravar em novembro. Vou conciliar tudo, o meu foco é trabalhar duro (risos).


O que pode adiantar do programa do GNT?
Ele será sobre animais. Trata-se de um tema que eu amo, com o qual me identifico. Os pets são uma das minhas paixões. Estou superanimada com esse projeto. Tenho escrito o programa junto com o canal, está algo bastante autoral.


Costuma se envolver em questões animais no dia a dia?
Sim, sou super da causa da proteção animal, defendo a adoção e a castração. Me tornei madrinha de várias ONGs. Acho importante a gente falar sobre isso, incentivar os bons tratos, o respeito com os bichos.


Normalmente se dá pouco espaço para as campanhas de castração, deveria haver um maior estímulo e conscientização sobre esse tipo de prática, que é importante demais. Em casa, dois dos meus cinco cachorros são adotados. Também tenho sete gatos, todos adotados.


TRAJETÓRIA Quais as lembranças mais legais que guarda do tempo em que trabalhou como modelo?
Fui modelo dos 14 aos 18 anos. Esse trabalho abriu os meus horizontes. Foi quando saí do conforto da casa dos meus pais, do colo deles, para encarar o mundo e arregaçar as mangas, em busca dos meus sonhos, dos meus objetivos, da minha realização pessoal e profissional.


A moda acabou abrindo caminhos para a minha carreira como um todo. Tanto é que, depois, fiz faculdade de Jornalismo, que concluí em 2012, e apresentei programa no SporTV. Tem mais: a moda é uma das minhas grandes paixões, sou completamente apaixonada por esse universo. Eu vivo, respiro moda no dia a dia, do momento em que acordo até a hora em que vou dormir. Sou uma consumidora de verdade, fico pesquisando tendências.


E como surgiu a oportunidade de trabalhar como atriz?
Quando eu estava no SporTV, um produtor de elenco da Globo me chamou para fazer um cadastro na emissora. Coincidentemente, enquanto eu esperava na praça de alimentação dos Estúdios Globo (Projac) para gravar o material para o banco de talentos, o (diretor) Ricardo Waddington veio falar comigo. Ele perguntou se eu era atriz. Disse que não, que era apresentadora, e ele quis saber se eu tinha vontade de atuar, se faria um teste. No ano seguinte, estreei como atriz em Malhação, interpretando a Vivian Pimenta, antagonista da temporada (de 2007).


Você, pelo jeito, não tem problema em se aventurar e deixar as coisas fluírem.
Com certeza! Medo é algo que não faz parte da minha vida. Adoro desafios, agarro as oportunidades que vão surgindo. Amo aprender, sou curiosa. Quando um trabalho me instiga, embarco para valer nele.


  Foto: Foto Divulgação

ESPORTES O que faz para manter a forma?
Os esportes fazem parte da minha vida desde sempre, desde em que eu estava na barriga da minha mãe (risos). Ela foi triatleta e meu pai, piloto de carro de corrida. Eu já participei de provas de corrida de rua. Hoje em dia, além de correr, pedalo, pratico natação e ioga. E desde os 9 anos, jogo tênis. Sou apaixonada por esporte.


PRIVACIDADE Por mais low profile que você seja, o fato de ser famosa fez com que sua vida pessoal ganhasse destaque no noticiário algumas vezes, como quando terminou o casamento com o apresentador e ex-judoca Flávio Canto. Como administra essa exposição trazida pela fama?
Há momentos em que realmente é difícil a intimidade do artista não ficar escancarada. Mas, por incrível que pareça, as redes sociais me ajudaram muito a manter a minha vida pessoal mais privada, porque nelas somos donos dos nossos conteúdos, conseguimos escolher o que será divulgado. Há mais ou menos três anos, comecei a ensinar o público o que ele iria ter de mim.


Não importa se o que posto me traz mais ou menos likes e compartilhamentos, procuro me manter fiel aos meus valores, às minhas crenças. Seleciono qual parte da minha vida pessoal vou dividir com o público. Nas minhas redes sociais, você vai ter desde eu fazendo um tutorial de maquiagem até momentos carinhosos que rolam dentro de casa com os meus pais, os meus irmãos, o meu namorado e os meus amigos. São coisas que eu quero partilhar. Prefiro ter a minha vida pessoal mais reclusa, pois acho que preciso proteger, primeiro, quem convive comigo e não é deste meio, e logo não tem a obrigação de se expor.


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