Evite desgastes desnecessários com os dentes das crianças

Quedas são comuns, inclusive, entre os pequenos. Veja a melhor maneira de cuidar da boca e dos dentes deles

Por: Joyce Moysés  -  11/10/20  -  19:16
  Foto: Adobe Stock

Rose Marques, dentista com pós em implantes dentários, sabe bem que as quedas que afetam a dentição e o rosto como um todo também são recorrentes entre as crianças. Afinal, levou um tombo da bicicleta quando tinha de 8 para 9 anos e viveu uma fase difícil. 


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“Virei dentista porque fraturei o dente. Fiquei por anos ‘banguela’ e tímida, sem sorrir. Quando o profissional refez meu dente, também veio a minha vocação!”


Por as crianças estarem em desenvolvimento, e algumas ainda terem dentes de leite, será que as orientações diferem das indicadas para os adultos? “Em princípio, pode-se adotar o mesmo procedimento”, responde Rose. 


“É necessário o dentista avaliar a dimensão do trauma bucal, verificar o tipo de fratura e o tratamento mais adequado. Se o lábio sofre um corte por causa da queda, vai haver um sangramento. Nesse caso, pegue um pano limpo ou gaze e faça pressão no local que está sangrando até chegar ao consultório dentário”. 


E se a criança caiu e o dente inteiro saiu da boca? Rose orienta pais e cuidadores a pegar o dente, colocar na água limpa ou no leite para mantê-lo hidratado e correr para o dentista. “O profissional vai avaliar a possibilidade de colocar de volta no lugar ou realizar um outro tipo de tratamento”. 


Cortou e sangrou
Não é raro que também ocorra corte no lábio. “Se for profundo, o dentista pode encaminhar, tanto criança quanto adulto, para um cirurgião plástico fechar e a cicatriz ficar quase imperceptível. O corte foi superficial? O dentista mesmo é capaz de suturar, ou seja, dar os pontos necessários para fechá-lo”, diz Rose, que tem 160 certificados em diversas especialidades no Brasil e na Europa e já foi professora de prótese dentária. 
É muito importante tomar a atitude certa em relação a esses acidentes, porque, quando Rose caiu da bicicleta, seus pais não sabiam que deveriam ter guardado os pedaços quebrados de seu dente – localizado na parte frontal da boca. “Com isso, carreguei essa marca e evitava sorrir até a vida adulta, quando consegui ir ao dentista e ter a autoestima de volta”.


Fazer ou não o implante?
"Na literatura, a gente segue o conceito de que o implante vai ficar estacionado, enquanto toda a estrutura óssea vai se modificar. Então, a colocação de implante está contraindicada enquanto o paciente não tiver atingido o crescimento ósseo. É preciso avaliar outras opções para que não fique sem dente – do contrário, poderá até sofrer bullying”, alerta José Marcio Amaral, mestre em implantodontia.


E há outros recursos, como próteses móveis e fixas. Amaral acha importante ter um acompanhamento paralelo do  ortodontista e odontopediatra, a fim de que a criança use algo que possa ser adaptado, sem travar a movimentação natural do crescimento ósseo.


“Uma prótese de dente da frente apoiada nos dentes laterais não costuma ser uma boa opção, porque a estrutura óssea vai aumentando, enquanto a prótese estará ‘amarrando’ os dois dentes. O ideal é analisar a possibilidade de prender o dente em um só lado”, avalia o diretor do Instituto Implante Vida.


No fundo da piscina
Digamos que a criança mergulhe e bata a boca no fundo da piscina. “Temos duas estruturas: a raiz e a coroa do dente, que é o que aparece. Se a coroa for quebrada no topo, a única saída é tratar o canal do dente e substituir o que foi perdido por uma coroa de porcelana, o que fica bem bonito. Mas, se a fratura não for no topo, não é necessário tratar canal, nem coroa. O dente pode ser reabilitado só com uma resina composta”. 
E mais: vale observar se, futuramente, a coroa vai mudar de cor ou sofrer qualquer outra alteração, caso o nervo tenha morrido ou ocorrido sangramento na parte interna do dente com o trauma. “Isso pode fazer com que o dente fique acinzentado ao longo do tempo”, completa Amaral, que resume as suas recomendações assim: 


  • Faça um exame de diagnóstico (imagens)
  • Não descarte uma avaliação multidisciplinar.
  • Opte, se possível, por uma clínica dentária com laboratório, que permite a reposição do dente no mesmo dia. “Com essa estrutura, consigo ver o nível da fratura, escanear o dente... Posso, inclusive, escanear o dente vizinho e fazer cópia digital dele, agilizando o processo de reabilitação”, explica.
  • No caso dos dentes de leite que entram de volta para a gengiva, é possível reposicionar ou deixar assim e analisar com o tempo.
  • Há três situações comuns: fratura, que pode ser pequena ou grande; avulsão (o dente sai inteiro para fora), e intrusão do dente pelo trauma – isso pode acontecer com um dente permanente, que nasceu há pouco tempo e não tem a raiz toda formada.
  •  Depois da reabilitação, procure fazer consultas de manutenção a cada três meses.

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