Estudos apontam que má alimentação pode atrapalhar na fertilidade

Casais que estão tentando ter filhos devem prestar atenção, pois itens do cotidiano que podem influenciar no resultado

Por: Alcione Herzog e Willian Guerra  -  13/06/21  -  10:45
  Existem estudos mostrando que a saúde rica em gordura, açúcares e produtos com agrotóxico atrapalham a fertilidade
Existem estudos mostrando que a saúde rica em gordura, açúcares e produtos com agrotóxico atrapalham a fertilidade   Foto: Imagem Ilustrativa/Pixabay

Engravidar nem sempre é uma tarefa fácil. Os motivos são variados: o envelhecimento dos óvulos da mulher, a infertilidade masculina e até mesmo falta de hábitos alimentares saudáveis. Aliás, já existem estudos mostrando que a saúde rica em gordura, açúcares, produtos com agrotóxico e a obesidade atrapalham a fertilidade humana, conta Gisele Rosa, nutricionista especialista em clínica pediátrica pela Faculdade de Medicina da USP.


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Naturalmente, a saúde de óvulos e espermatozóides vai diminuindo ao longo da vida. Com o movimento de homens e mulheres deixando para ter um filho depois dos 30 anos, priorizando a vida profissional, é normal que a gravidez não venha de forma tão rápida.


Na mulher, a idade grita de forma progressiva. Portais de reprodução humana apontam que a ‘tentante’ de 25 a 30 anos têm até 18% de chances de engravidar durante o mês. Esse índice cai para 15% para quem tem entre 31 e 35 anos. 9% de 36 a 40 anos e menos de 5% para quem passou dos 41 anos. Para que esses números não sejam ainda mais baixos, a alimentação saudável é decisiva. “Quanto mais tarde a ‘tentante’ deixar para cuidar das suas refeições, mais ela vai agredir o seu corpo e será também mais difícil ter uma fertilidade”, analisa Gisele Rosa.


Para os casais que estão tentando melhorar a alimentação para conseguir uma melhor fertilidade, a nutricionista indica a ingestão de produtos antioxidantes. Para ela, uma dieta rica em vitamina A, C, E, além de nutrientes como selênio e zinco contribuem para a boa formação e saúde de óvulos e espermatozóides.


Camilla Simões, nutricionista especialista em dietas para ‘tentantes’ e gestantes, acrescenta à esta lista os alimentos ricos em vitamina D e vitamina B9, chamado de folato, e a coenzima Q10.


Sopa de letrinhas


E onde essa sopa de letrinhas está presente? Camila dá alguns exemplos. Carne vermelha, castanhas, semente de abóbora e leguminosas como feijão e grão-de-bico são os principais alimentos fornecedores de Zinco. Lácteos, sardinha e ovos são fontes de vitamina D, enquanto sementes em geral, amêndoas, avelã e amendoim contêm vitamina E. Castanha-do-Brasil e a gema de ovo garantem o Selênio. A vitamina B9 pode está na lentilha, quiabo, espinafre, brócolis e na laranja.


Por fim, a coenzima Q10 pode ser obtida no salmão, na sardinha, no morango e no abacate. Nesse caso específico, pelo fato da absorção deste nutriente por meio da ingestão de alimentos não ser muito boa, na maioria das vezes é necessário recorrer à suplementação.


Se as dietas desbalanceadas são um dos vilões para a boa formação das células envolvidas no processo de fertilidade, como identificá-las para, então, evitá-las? Segundo Camila, um exemplo de dieta desbalanceada é uma alimentação com menos de duas porções de frutas ao dia, com baixo consumo de vegetais e de água. A ingestão de produtos ricos em sódio, gorduras ruins e açúcar também são inimigos dos casais que estão tentando.


Além de um cardápio equilibrado outros hábitos de vida interferem nas chances de fertilidade. “Sedentarismo, alimentação rica em alimentos industrializados, consumo excessivo de bebida alcoólica e cafeína podem ser prejudiciais para quem deseja engravidar. O ideal seria diminuir bastante o consumo de álcool neste período e reduzir o café para 2 xícaras pequenas ao dia”.


Se para casais que estão com dificuldades de ter filhos beber socialmente significa ingerir álcool todo final de semana, por exemplo, esse é um dos pontos que precisará ser mudado na rotina. “Eu, como nutricionista, recomendo que durante o processo se faça a retirada da bebida alcoólica da dieta. O consumo até poderia ser esporádico, mas isso dependendo do caso. Mesmo assim, em caso de liberação, minha orientação é de que o consumo não extrapole cerca de uma vez a cada 30 ou 40 dias, em poucas quantidades”.


Na hora de abastecer a dispensa e a geladeira, dê preferência para alimentos orgânicos e livres de veneno. Já foi comprovado cientificamente que os pesticidas prejudicam a saúde como um todo e isso inclui impactos na fertilidade. Outros hábitos também precisam ser revistos, como o uso de anabolizantes e o cigarro.


As suplementações de vitaminas devem ser feitas com acompanhamento profissional e de forma individualizada, analisando caso a caso. A nutricionista Camila não é a favor do consumo de suplementos vitamínicos prontos. E justifica: por exemplo, uma ‘tentante’ pode precisar de 10mg de zinco, outra de 20 e outra talvez não precise suplementar.


“Cada caso é um caso e a grande vantagem da nutrição é poder individualizar o tratamento e ir de encontro as necessidades de cada paciente. Suplementando o que for necessário, ajustando sempre de acordo com os exames bioquímicos e, claro, em parceria com o ginecologista obstetra para um melhor desfecho”.


Engravidei! E agora?


Solucionado o problema que tanto atormentava o casal, agora é hora de cuidar ainda mais de perto da saúde materna. Além da mãe, outro ser já está envolvido na história e tudo o que for ingerido será absorvido pelo bebê. Ciente dos males de uma alimentação industrializada, como ficam os famosos desejos que surgem durante a gravidez? “Não pode ser totalmente radical. Tem que ter sim o dia dela comer o que tem vontade, mas ela precisa ter consciência da moderação”, explica Gisele Rosa.


Assim como na preconcepção, durante a gestação a mulher precisa focar nos alimentos certos para o bom desenvolvimento da gravidez e do bebê. Neste momento todos os nutrientes acabam sendo importantes. “Um menu completo é fundamental para a formação celular e cerebral do neném. Além disso, essa é uma pré-introdução alimentar da criança. Tudo o que a mulher come, acaba influenciando no paladar da criança”.


Nasceu! E agora?


Após as horas inesquecíveis do trabalho de parto, o casal deixa o hospital e vai para casa. Ainda conhecendo esse novo membro familiar, pai e mãe precisam se desdobrar em cuidar da criança, da casa e de si mesmos. Sem uma rede de apoio, muitas mulheres acabam se fragilizando. Algumas chegam a se deprimir com a transformação que a gravidez provocou em seus corpos. Neste momento, a amamentação pode ser uma aliada.


“O gasto calórico que a mulher tem com a amamentação é muito alto. Então, se ela teve um ganho de peso muito grande, se mantiver a alimentação da gravidez, naturalmente já vai perder um pouco de peso. Se ela não consegue amamentar, a recomendação é procurar um nutricionista e, iniciar uma atividade física”, diz Gisele.


Sem muito tempo para fazer as refeições do dia, o casal acaba caindo nas tentações das comidas prontas. Se por um lado a praticidade ajuda, por outro, ela atrapalha a saúde dos envolvidos. Para driblar esse adversário, a nutricionista aconselha um planejamento para que o casal consiga cozinhar e congelar os alimentos durante o sono do bebê.


Passados os seis primeiros meses de amamentação exclusiva, a criança entra na introdução alimentar. Gisele conta que essa fase é fundamental para o bebê, não só pela janela imunológica, mas para que ele crie futuros hábitos alimentares saudáveis. “Se ele souber quais produtos são bons, lá na frente ele não terá problemas com a fertilidade”.


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