Especialistas indicam que ensino híbrido veio para ficar

Pandemia deixou lição de casa para pais, alunos e educadores, que precisaram se habituar a termos novos, temas tecnológicos e linguagens das redes sociais nas atividades escolares

Por: Joyce Moysés  -  15/11/20  -  19:29
  Foto: Adobe Stock

A tendência do ensino híbrido veio para ficar, mesmo após a vacina. Bruno Joaquim,coordenador pedagógico do Ensino Médio no Colégio Jean Piaget, avalia que, “antes mesmo da pandemia, era uma dinâmica que já ganhava corpo em nossa escola. As tarefas de casa, quando ocorrem em plataformas digitais, já são parte dessa estratégia híbrida. Com o retorno dos alunos à escola, aprendemos a conciliar atividades presenciais e on-line em toda nossa rotina”.


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Trata-se, na verdade, de uma mudança na cultura escolar e nas práticas de professores e alunos, pois, segundo Bruno, envolve a compreensão de que o espaço e o tempo da escola se estendem para a internet, oferecendo novas possibilidades pedagógicas. Para o coordenador, “o potencial das ferramentas on-line, associadas a uma aula presencial de excelência, pode dar mais motivação a uma aprendizagem significativa”.


Esse ensino híbrido também já fazia parte da metodologia do Colégio Objetivo Baixada, mas agora se apresentou de forma muito mais intensificada. Ele reforça o protagonismo do aluno, além de deixar as aulas mais interativas, na visão das diretoras pedagógicas Cláudia Cafarella (Educação Infantil e do Ensino Fundamental 1) e Maria Dolores Alvarez (Fundamental 2). “Os alunos têm facilidade para lidar com a tecnologia e podem assim fazer uma ponte entre o presencial e o virtual. A sala de aula invertida e aulas rotacionais são dinâmicas que auxiliam no processo ensino- aprendizado. Hoje, o aluno tem mais liberdade e mais responsabilidade também”, diz Maria Dolores.


As diretoras informam que, para o cumprimento dos objetivos de aprendizagem e desenvolvimento da Educação Básica, as escolas, respaldadas pela Lei de Diretrizes e Bases (LDB), poderão adotar o continuum curricular, de duas séries ou anos escolares contínuos. “É importante não esquecermos que o contato físico e presencial é primordial, principalmente nos primeiros anos escolares. Nada substitui o contato físico, mas o ensino híbrido e as tecnologias vieram como forma de complementar o aprendizado”, observa Cláudia.


Aulas remotas (pela internet, com professores e alunos em diferentes espaços) e síncronas  (em tempo real) são outros termos que se tornam recorrentes. Bruno detalha que, na prática, seu uso exige estratégias didáticas dos docentes para evitar que o distanciamento espacial signifique perda de vínculo entre alunos e docentes. “Mas também oferecem maior uso de estratégias de gamificação, de metodologias ativas e contato rápido e permanente com um mundo de informações disponíveis na web, o que possibilita aprendizagens menos centradas no professor e mais colaborativas”, diz o coordenador do Jean Piaget.


Na Educação Infantil, o cenário é desafiador, uma vez que as crianças menores são ainda mais dinâmicas e precisam interagir de forma significativa, intensa e interessada. Janaína Xavier, coordenadora pedagógica da Educação Infantil no Jean Piaget, destaca que, nos últimos meses, a família e a escola se aproximaram, por meio de uma educação compartilhada, baseada na cumplicidade.


“Caminhamos juntos analisando o tempo e as atividades, a permanência de vínculos entre amigos e professores, por meio de um espaço lúdico, afetivo e aberto para ouvir as crianças. É importante que a escola e a família estejam atentas ao que elas precisam”.


E que tal aprender com memes?


“São um exemplo de recurso de linguagem que pode ser utilizado em todas as disciplinas e áreas do conhecimento, da mesma forma que o vídeo, a imagem, a música etc. Eles podem motivar, pois fazem parte das práticas sociais que os alunos vivenciam on-line, assim como os podcasts, tuítes e vídeos de curta duração nas principais redes sociais”, explica Bruno.


Os treinos atuais de redação também trazem à tona questões relevantes da atualidade, como solidão mundial e Big Data.


No Colégio Jean Piaget, as turmas dos terceiros anos estão produzindo textos sobre temas que possam ser exigidos no Enem e nos demais vestibulares. “Em 2020, a pandemia destacou alguns eixos temáticos que podem aparecer relacionados à tecnologia, saúde, educação e trabalho”, indica Cristiane Choia, coordenadora pedagógica do Ensino Médio no Jean Piaget.


Para a Educação Infantil, Cláudia conta que “o Colégio Objetivo Baixada continuará intensificando atividades presenciais, tão necessárias para o desenvolvimento das crianças, sem deixar de lado a tecnologia por meio de aulas síncronas, assíncronas, priorizando atividades de estímulo cognitivo e socioemocional e lúdicas”.


Para o Ensino Fundamental 1, “o ensino remoto do Objetivo Baixada deverá ocorrer como apoio à aprendizagem, nos programas de recuperação nas avaliações feitas através da gamificação, pela plataforma SEPPO. A tecnologia aproxima o aluno da atualidade dentro de um processo de aprendizado mais divertido. Neste ano, trabalhamos as eleições também com recursos de gamificação, e o resultado foi incrível”, diz Cláudia. Para os alunos da Educação Infantil e do Fundamental 1, o Classroom e Zoom continuam sendo plataformas de suporte nesse processo.


Para os alunos do Ensino Fundamental 2 e Médio, “adotamos a plataforma Canvas, que apoia o ensino com experiências de aprendizado mais intuitivas e conectadas”, aponta Maria Dolores, que destaca o uso do Zoom para auxiliar na comunicação e na interação entre alunos, professores, pais e coordenadores.


No Objetivo Baixada, tem havido investimentos em equipamentos que auxiliem professores e alunos a dinamizarem mais as aulas. “Buscamos incansavelmente ferramentas que estimulem o aprendizado numa linguagem mais próxima do aluno. Como exemplo, a gamificação é recurso útil desde a Educação Infantil até o Ensino Médio, servindo de base para o desenvolvimento de conteúdos”, analisa Maria Dolores.


Diante de tantas novidades, o aspecto socioemocional merece mais cuidado. Valquíria Vargas, psicóloga da Educação Infantil do Colégio Jean Piaget, comenta: “A escola é lugar de autoconhecimento. Acolher as emoções, dar voz a elas e refletir com os alunos sobre a gama de sentimentos emergentes é também essencial. Além disso, nesse período de ensino remoto, dirigimos esforços a uma gestão emocional que valorize a corresponsabilidade de toda a comunidade escolar, com ações psicoeducativas que estimulam o autocuidado físico e emocional, o fortalecimento de vínculos, o trabalho colaborativo”.


Olhando para os meses mais críticos da pandemia, as duas diretoras do Objetivo Baixada consideram que, apesar de toda a dificuldade imposta, foi possível manter o foco dos alunos através de plataformas que já estavam sendo utilizadas e incorporando novas tecnologias para estreitar a distância imposta pelo isolamento social. As práticas de mindfulness (atenção plena) e mindset (atitude mental), as rodas de conversas, atividades que desenvolvem as habilidades socioemocionais e as atividades físicas aconteceram tanto no virtual quanto no presencial.


“A transparência e a comunicação casa-escola foram nossas metas para esse recomeço. A retomada dos conteúdos dados também. Com todas as superações vividas em 2020, o ano de 2021 já virá com mais novidades para dinamizar, acolher, tornar a escola mais viva e prazerosa”, conclui Maria Dolores.


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