Muita gente já ouviu falar em envelopamento de veículos. Trata-se da ação – que nem é novidade – de revestir a lataria de um carro para mudar a sua aparência. Mas diversas pessoas desconhecem que a arquitetura e a decoração puxaram essa técnica para aplicar nos lares. E esse resultado é ainda mais amplo. Quando envelopadas, as paredes, os eletrodomésticos e eletrônicos ganham nova característica.
Pode-se renovar, personalizar, camuflar ou simplesmente mudar a aparência de um objeto de determinado ambiente – muitas vezes, gastando bem menos do que na pintura ou compra de um novo item.
Segundo a arquiteta Cristiane Schiavoni, os tipos mais comuns de envelopamento são os coloridos e os de efeito lousa. “Há muitas opções no mercado. A tecnologia desses materiais evoluiu bastante. Antes, pela limitação da matéria- prima ou pela dificuldade de aplicação, o uso mais comum era o de fotografias em portas. Hoje, você consegue moldar o material na peça, com um soprador de ar quente. Por isso fica tão perfeito e parece pintura”, diz ela, contando que dá para fazer em armários, batedeira, liquidificador, luminárias, ar-condicionado, coifa, entre outros.
Júnior Palácio, da @JuniorMaona Massa, que atende pelo Instagram, atua como “marido de aluguel”. Ele já envelopou de geladeiras a iates, e explica que é preciso prestar atenção na qualidade do material usado. “Principalmente se for para forno, geladeira, máquina de lavar. Tem que utilizar o vinil automotivo. Há material mais barato, como adesivo simples de papelaria. Eles se parecem, mas, no acabamento e durabilidade, são totalmente diferentes. O metro quadrado do adesivo comum custa, em média, R$ 15 e o automotivo, R$ 35. O preço varia de acordo com a cor ou a textura”, explica.
Outra dica do profissional é que, se o objeto que vai ser envelopado estiver enferrujado, precisa receber funilaria primeiro. Não dá para cobrir ferrugem e buraco com envelopamento. “É preciso lixar, passar um produto e depois começar. É como uma parede. Se tiver marcas ou o rejunte, eles aparecem”, ressalta.
Fernanda Trindade, arquiteta de Santos, lembra que, apesar de a técnica poder ser aplicada depois de uma recuperação, o envelopamento tem mais graça quando cria nova proposta de decoração. E também é uma opção a quem não pode pintar paredes ou se desfazer de nada num imóvel alugado e mobiliado.
“Dá para tirar e voltar ao original. Por isso é importante lembrar que o correto é sempre envelopar peças inteiras. Num móvel, por exemplo, se você faz numa parte só, depois que tirar, pode ficar a marca do envelhecimento natural”.
Fernanda só indica atenção aos excessos, quando se faz o serviço sem arquiteto ou decorador. “Há gente que pensa que tudo tem que ser combinadinho. Às vezes, não é legal botar um floral no ar-condicionado junto da parede. É possível camuflar, mas com cuidado, principalmente ao optar por estampas”, diz.
A sócia-proprietária da Tprint Gráfica e Comunicação Visual, Tatiana Shigueta, ainda lembra que é possível imprimir imagens, deixando um objeto ainda mais personalizado. Só se deve tomar cuidado ao tentar reproduzir algo que já está envelopado. “Porque não dá para garantir a fidelidade na cor. Inclusive, levamos material a mais, sempre que vamos atender um cliente, para que tudo seja feito com o material do mesmo rolo,
para ter a mesma tonalidade”.
Outra dica da especialista é se atentar aos botões. Alguns podem não funcionar se envelopados. Por isso, geralmente se aplica tinta spray neles. Já as informações dos painéis podem ser impressas.
Veja mais orientações de usos e combinações da técnica a seguir:
Estampando preferências
Se a família gosta de cinema ou tem um ar despojado, pode usar o envelopamento para evidenciar o estilo dos moradores daquela casa. Schiavoni já fez geladeiras com personagens e até a frente de uma Kombi.
Abraçando a marcenaria
Se há uma cor vibrante de destaque na cozinha, vale a pena pensar num eletrodoméstico que combine com aquilo e realce a área.
Frase da família
Muitas famílias fazem questão de colocar o máximo de elementos possíveis que representem as suas raízes e a sua história. Uma parede lousa é ótima opção para quem gosta de se expressar. E a arquiteta Fernanda Trindade destaca duas dicas importantes nesse caso.
Uma é usar escrita já pronta, impressa, imitando giz ou, no caso da preferência pelo giz, pode-se limpar depois. “Quando se pensa em lousa, é algo para se escrever e apagar. O giz precisa ser limpo, para não manchar”.
Combinando o seu ar com a decoração
O ar-condicionado nem sempre precisa ficar numa parede branca. Ele pode tomar qualquer cor para combinar com outro ambiente ou tonalidade de parede. Mas é preciso lembrar que, para todos os trabalhos, sempre é indicada a aplicação do adesivo por um profissional.