Educação Infantil é uma fase essencial no processo de aprendizado

Para se adaptar ao novo contexto sociocultural, vem assumindo formatos diferenciados

Por: Joyce Moysés & Da Redação &  -  23/09/19  -  18:49
As escolas têm de trabalhar a construção da identidade da criança, sua socialização e cidadania
As escolas têm de trabalhar a construção da identidade da criança, sua socialização e cidadania   Foto: Adobe Stock

A Educação Infantil vive uma grande transição para se adequar ao mundo atual e às necessidades das crianças e de seus familiares. A seguir, profissionais do ensino levantam pontos relevantes.


Amor e encorajamento. Um dos principais desafios das escolas é realmente mergulhar na realidade sociocultural que as cerca. Segundo Keli Haro Benetton, diretora do Colégio Passionista Santa Maria, em Praia Grande, é preciso atualizar o processo educativo regularmente, a partir de análises periódicas da sociedade. De modo a preparar os alunos para assumir uma atitude crítica e que promova bem-estar.


“Trabalhamos com um estilo educacional que adota o pensar e o agir pedagógicos baseados na relação interpessoal nascida do amor. Isso acontece desde a Educação Infantil num processo que contempla a diversidade e o respeito”, explica Keli, que acredita que a escola ajuda a formar pessoas capazes de transformar a realidade.


Ela ainda destaca a importância de manifestar o amor às crianças, encorajando-as, auxiliando-as no processo educativo com diálogos que equilibram docilidade e firmeza e que são guiados pela prudência, em especial na Educação Infantil, quando não basta apresentar o significado dos valores. 


“Os alunos devem vivenciá-los com responsabilidade e liberdade. Sempre em parceria com a família, que é fundamental na construção do ser integral”, avalia. 


Antes da alfabetização. Maria Cleonice Cefaly Machado, diretora do Colégio São José, de Santos, aponta grande mudança no papel da Educação Infantil nos últimos anos. “Antes, ela era mais assistencial e sem uma proposta pedagógica específica. Hoje, é reconhecida como primeira etapa da Educação Básica, na nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei 9.394/96, artigo 29), e como um segmento crucial do processo”. Portanto, as escolas têm de trabalhar a construção da identidade da criança, no exercício de sua cidadania, na socialização, no desenvolvimento dos aspectos afetivos, cognitivos e emocionais – de forma a ampliar o conhecimento dentro da realidade cultural e social. “A Educação Infantil vai até 5 anos. As crianças precisam ser estimuladas a exercitar o seu potencial e fazer descobertas sobre si e o meio que as cerca, antes de iniciarem o processo de alfabetização”, diz Maria Cleonice.


Para tanto, o ambiente escolar deve ter espaços diversificados de aprendizagem que desafiem e estimulem a criatividade, a atitude colaborativa/participativa e a autonomia. “As tecnologias aliadas às propostas curriculares permitem ao aluno aprender a pesquisar, pensar, questionar, expor ideias”.


A diretora do São José acrescenta: “É preciso ensinar limites, como se relacionar com o outro e como cuidar do próprio corpo, incluindo rotinas saudáveis na hora de comer e de dormir”.


Felizes e seguras. Para Maria Cleonice, o colégio deve “ter uma estrutura boa para que as crianças se sintam confortáveis e felizes, desfrutando de alimentação de qualidade e espaços diferenciados para brincar, aprender e descansar – com atividades que visam o seu desenvolvimento mesmo nos momentos lúdicos”.


A segurança é outro fator importante. “O uso de aplicativos para a comunicação direta entre a escola e a família ajuda bastante”, completa a diretora. Quem trabalha nesse nível de ensino também tem de possuir formação sólida, estar continuamente se capacitando e se colocar como um mediador entre os estudantes e o mundo.


Coordenadora pedagógica da Educação Infantil e Anos Iniciais do Colégio Passionista São Gabriel, em São Vicente, Maria Socorro Souza concorda. “Precisamos conhecer os principais problemas vividos pelos alunos para lidarmos melhor com os conflitos e bolarmos atividades diferenciadas”.


Sem falar que as crianças de hoje são bem diferentes das de gerações anteriores. “O educador deve desenvolver novas habilidades, como a escuta atenta e o olhar 
sensível. O professor é um parceiro nas investigações e tem de dialogar com diferentes áreas do conhecimento”, diz Maria Socorro.


Valéria Pimentel, coordenadora pedagógica da unidade Itararé da Escola Verde, complementa: “O colégio precisa ser um espaço de convívio, onde se aprende a interagir, resolver conflitos e desenvolver a empatia. Afinal, os espaços públicos se transformaram e, hoje, são poucas as crianças que vemos convivendo livremente em ruas seguras”. 


E Michelle Federici, que coordena a unidade Canal 3 da Escola Verde, lembra: “As experiências ricas e diversas de interação humana formam crianças emocionalmente mais estruturadas para enfrentar os vazios, as lacunas do mundo atual”.


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