“Basicamente não existe churrasco errado. O errado é não fazer churrasco, só porque se mora em apartamento”, diz Domingos Neto, o Netão Bom Beef, açougueiro e churrasqueiro. Tanto ele como especialistas que trabalham com churrasqueiras explicam: mesmo para quem mora em apartamento, há muita opção.
Diferentemente do que muitos pensam, o carvão nem sempre será o melhor para garantir um bom sabor. Há vários tipos de churrrasqueira, uma para cada necessidade e bolso. Os valores médios variam de cerca de R$ 200 a mais de R$ 7 mil, dependendo do tamanho, tipo e funções automatizadas ou não.
Marcelo Wetzel, sócio proprietário da ArteGrill Churrasqueiras Gourmet, orienta que o primeiro passo para a escolha é saber se o condomínio permite a instalação de uma churrasqueira a carvão no apartamento.
“Pois o prédio precisa comportar a saída de fumaça. Se não há shaft (uma tubulação por onde a fumaça vai sair), é preciso escolher outro modelo. Coifa de cozinha não resolve. Nenhum depurador consegue conter”, diz.
Em busca de uma alternativa, muita gente recorre a outro tipo de churrasqueira: a ecológica, que faz menos fumaça pelo fato de o carvão ser queimado na lateral. Mas Netão alerta: “Não é tão legal por dois motivos. O carvão na lateral não agrega tanto sabor, pois é a fumaça da gordura que cai nele que defuma. E, com o calor na lateral, a grelha não esquenta por igual”.
Carlos Henriques, empresário dono da Coalfe, que também revende churrasqueiras, lembra que há outras alternativas. Algumas elétricas e a gás atingem tanta temperatura quanto à convencional. “O legal é que nesses tipos você já consegue achar em tamanhos a partir 60 cm x 50 cm. A elétrica pode ser colocada em qualquer superfície, porque a maioria tem proteção. Os modelos a gás também são protegidos e podem até ficar perto de armários”.
Henriques explica que há até modelos a gás instalados em pedra ou carrinhos embutidos. “Mas esses modelinhos com queimadores estilo americano são um pouco maiores”.
Dicas
Henriques conta que alguns modelos importados usam ferro fundido como matéria-prima para a churrasqueira, o que no Brasil não é tão boa ideia.
“Lá fora eles fazem churrasco com muito tempero barbecue. Como nós usamos sal e nosso clima é úmido, o ferro corrói mais rápido. O melhor é o aço inox”.
Outra dica do especialista é sobre a potência e temperatura atingidas. Alguns modelos até deixam se regular a temperatura. Em todo caso, a qualidade da grelha é vital.
“Na grelha argentina, em formato de canaleta, o excesso de gordura cai num reservatório. Entre as vantagens: a fumaça é menor no caso do carvão e a limpeza é mais fácil na elétrica ou a gás”.
Gabriel Fernandes, arquiteto, diz que quando o apartamento já tem churrasqueira embutida, mas o cliente não gosta dela, a solução é manter, mas modernizar.
Wetzel, que trabalha também com personalização, lembra que é possível fazer grill sob medida, revestimento para facilitar a limpeza, escolher a altura dos espetos giratórios ou não e até ter sistema de exaustão personalizado.
Fernandes indica um cuidado essencial ainda com as escolhas de materiais na área de churrasco, para uma boa experiência antes, durante e depois de assar a carne.
“Porque não é toda pedra que suporta o calor. Cabe investir na escolha de materiais que possam ter contato com água, sol e chuva e reduzir manutenção. Tons mais escuros mostram menos a sujeira”.
Depois da escolha, Netão lembra de outro ingrediente importante. “Uma boa carne. Porque se você tiver um equipamento bom e uma carne ruim, não adianta”.