Aprenda a colorir sua casa sem medo de errar

O Carnaval passou, mas as cores vibrantes das fantasias não precisam se despedir das nossas vidas. Elas podem também estar do piso ao teto de casa. Veja dicas de como combinar tons para deixar os ambientes mais harmoniosos

Por: Sheila Almeida  -  02/03/20  -  13:07
Ambiente de Guilherme Torres ganha ar descontraído com cores.
Ambiente de Guilherme Torres ganha ar descontraído com cores.   Foto: Denilson Machado-MCA Estúdio

Todo mundo tem uma cor favorita. Ela aparece no carro, guarda-roupa ou na mesa de trabalho. Mas nem sempre é traduzida no lar. Está certo que, nos ambientes de casa, principalmente nas paredes, escolher tons vibrantes é algo que assusta muita gente. Há quem só deixe tudo branco ou cinza, por puro medo de errar. No entanto, segundo especialistas, as cores conferem a identidade do morador à casa. Ou seja, não há tom errado. Só é preciso equilibrar a proposta.


Quem explica é o arquiteto Guilherme Torres, autor da trilogia Stronger Collection, que traz entre as obras Color Me, sobre o uso das cores nos ambientes. De acordo com ele, não é preciso ter medo. O cuidado necessário é somente com o exagero nas combinações. Pois, além das paredes, muita gente esquece que há cor no piso, nos objetos de decoração e nos móveis. Portanto, toda cor pode ser utilizada, desde que se pense também na harmonização com o resto do ambiente. 


“A cor das cortinas não precisa combinar com a do tapete, por exemplo, mas é legal haver um equilíbrio entre eles. Já nas almofadas, pode-se brincar e ousar nas tonalidades”.


Assim, na hora de colorir, especialistas recomendam analisar primeiro tudo o que pode mudar de cor e o que será difícil trocar, como móveis e cortinas. 


Cor escura em ambiente pequeno pode. Só é preciso luz.
Cor escura em ambiente pequeno pode. Só é preciso luz.   Foto: Denilson Machado-MCA Estúdio

No lugar certo
Muita gente sabe que o azul e o verde claro transmitem paz, o amarelo e o vermelho deixam as pessoas mais atentas e alegres e os tons terrosos e amadeirados causam a sensação de conforto. Mas muita gente desconhece que o equilíbrio precisa acontecer também na escolha de quais espaços receberão essas cores.


Segundo a arquiteta Alessandra Aulicino, além de definir onde a cor vai fazer mais diferença no ambiente, também é preciso pensar qual tonalidade dela será mais adequada para aquele espaço.


“Cores mais escuras acabam deixando o ambiente menor, enquanto as que não são tão fechadas dão sensação de amplitude em algumas paredes. Também deve-se lembrar que tudo é influenciado pela iluminação, então, se colocou cor escura, é legal iluminar”, diz Alessandra, reforçando a dica de Torres sobre tons fortes em cômodos pequenos.


“Isso pode ser feito. Mas é necessário atentar-se à entrada da luz e usá-la a favor do ambiente. A iluminação natural pode ser trabalhada em conjunto com os volumes, aberturas e recuos. O ideal é pintar uma ou até duas paredes com tons fortes e deixá-las com entrada de claridade pelas janelas”.


Ana Weege, arquiteta que projetou uma sala com sofás em veludo rosa e poltrona verde, diz que elementos translúcidos ajudam a não bloquear a passagem da luminosidade, enquanto os escuros balanceiam a projeção da luz.


“Os painéis de madeira mais escura auxiliam na absorção dessa luz e deixam o ambiente mais aconchegante”, observa.


Ana Weege ensina quais materiais ajudam na iluminação.
Ana Weege ensina quais materiais ajudam na iluminação.   Foto: Fotos de Rafael Renzo

Outras dicas para lançar mão de cores na sua casa sem medo:


  • Mais amplo. O ambiente todo claro dá a impressão de um espaço maior. Um piso escuro em relação a paredes e tetos mais claros também promove a mesma sensação, seja qual for a cor utilizada. 
  • Mais estreitos. Já para a área parecer mais estreita, profunda e alta, basta pintar as paredes que são paralelas, com cor mais escura do que a do resto do ambiente. Escurecer só as laterais de um cômodo dá a impressão de um túnel, estreitando e alongando-o. 
  • Diminuir a profundidade.Há imóveis em que o maior problema é a distância entre os ambientes. Dar uma cor mais escura a apenas uma parede de fundo chama a atenção para aquele espaço. O resultado é a impressão de que há uma diminuição na distância entre quem olha e o que está colorido com um tom escuro. Esse truque é bastante usado para integrar cômodos.
  • Alargar. Chão e teto claros em torno de paredes mais escuras ressaltam as linhas horizontais do espaço. É uma ótima dica para quem quer alargar um cômodo. 
  • Liberdade. Existem aqueles lugares que ninguém sabe explicar o motivo, mas dão a algumas pessoas a sensação de sufoco, prisão. Se há esse problema na sua casa, verifique se o teto não é o único espaço mais claro. Quando isso ocorre, se reproduz a sensação de uma caverna, onde a luz só chega pelo alto. Por outro lado, cores claras no teto são uma ótima forma de refletir a luz natural.
  • Geométricos. Outra dica para que estilo e cores se misturem de uma forma mais fácil é apostar nas pinturas geométricas. Elas estão nos quadros, tapetes, almofadas e já invadiram paredes. São ótimas opções para ajudar a mesclar a paleta de cores e tirar a monotonia de qualquer ambiente, de maneira monocromática ou colorida.
  • Cortinas e persianas. Não é apenas a cor dos tecidos que influencia. Mas a quantidade de luz que o modelo escolhido deixa passar. Em alguns ambientes é preciso maior transparência para dar sensação de amplitude durante o dia. À noite, cuidar da coloração das lâmpadas para criar um ambiente aconchegante também ajuda. As luzes brancas costumam deixar as pessoas mais alertas. As amareladas dão acolhimento. A intensidade da luminosidade, portanto, deve ser dosada.
  • Elementos decorativos. Segundo Alessandra Aulicino, para quem ainda assim não tem coragem de ousar pintando as paredes, por falta de segurança ou auxílio profissional, a dica é brincar com elementos decorativos. “Nos meus projetos, quando o cliente fica inseguro, mostro num desenho 3D como ficará. A quem não tem apoio profissional incentivo optar por cores neutras e testar o mobiliário mais colorido”.
    Ela ainda sugere inserir, até acostumar, uma cor por cômodo. Aí não dá para errar: um vaso, um quadro, uma bandeja de tom forte podem dar alegria ao ambiente.

    Cor vai em qualquer lugar, causando diferentes sensações. (Foto: Denilson Machado-MCA Estúdio)

Logo A Tribuna
Newsletter