Animal de estimação: Presente ou problema?

Além da questão da posse responsável, há vários detalhes para analisar antes de presentear crianças ou adultos com um bichinho

Por: Fernanda Lopes & Sheila Almeida &  -  16/12/19  -  17:57
Lei estadual garante atendimento veterinário gratuito aos animais de pequeno porte
Lei estadual garante atendimento veterinário gratuito aos animais de pequeno porte   Foto: Fábio Pozzebom/Arquivo/Agência Brasil

Um bichinho de estimação é o sonho de muitas crianças – e também de vários adultos. Mas oferecer um pet como presente de Natal nem sempre é uma boa ideia. Além da questão da posse responsável, há vários outros detalhes a serem considerados antes de encontrar o melhor amigo animal de outra pessoa.


Segundo o veterinário Jorge Morais, fundador da rede de cuidados para pets AnimalPlace, nesta época do ano é preciso ainda mais cuidado. Principalmente em relação às crianças que insistem no pedido. Às vezes, os pais não cedem, mas familiares próximos se rendem aos apelos, sem avisar.


“Sem o consentimento prévio da pessoa que vai cuidar do animal, essa decisão é muito arriscada. Os pais precisam estar cientes de que dividirão essa responsabilidade com os filhos”, afirma o veterinário, lembrando que há condições básicas necessárias para cuidar de qualquer pet, como oferecer um local apropriado, recursos para alimentação e cuidados veterinários. Além disso, é preciso tempo para exercícios e higiene.


Thais MartinsChucri, professora do curso de Medicina Veterinária da Universidade Metropolitana de Santos (Unimes), lembra que os problemas de um pet malcuidado podem ser transmitidos aos moradores da casa: de sarna a doenças fúngicas ou bacterianas.


Definindo o tipo


A escolha do bichinho é outro detalhe importante, caso a família queira um pet. Aí é precisosentare avaliar: o tempo médio de vida de um cãozinho varia entre 10 e 15 anos. Já os gatos vivem até 20 anos. Animais não são descartáveis, por isso é preciso cautela na escolha.


Roedores, como o porquinho-da-índia, são boa dica para quem mora em apartamento ou em casa pequena. Eles vivem uns oito anos.


A veterinária Alessandra Silva Gonçalves, especialista em gatos, ressalta também que não se deve agir por impulso. Às vezes, os pais estão receptivos, mas não imaginam até que ponto um novo integrante muda a rotina de toda a família.


“É preciso saber se o animal tem o comportamento adequado ao estilo de vida da família. Cão grande em apartamento pequeno, por exemplo, sofre. Um labrador para um casal de idosos nem sempre se adequa, porque é uma raça que exige gasto maior de energia”.


Felinos


Gatinhos são uma opção cada vez mais procurada. Eles são mais autônomos e vão sofrer menos com famílias que passam muito tempo fora de casa. Mas não se deve esperar de um felino o mesmo comportamento de um cão.


“Há casos em que as pessoas se frustram, porque não estão acostumadas. É preciso entender que os gatos são carinhosos, mas fazem as coisas na hora que querem. Para eles, arranhar é um comportamento natural”, diz Alessandra. Uma dica é dar o gatinho junto com algunsarranhadores.


“Há os mais diversos tipos, para os donos não ficarem sem poltrona ou sofá”, brinca a especialista, indicando como raças mais dóceisragdollemainecoon.


Filhotes ou adultos?


Nem sempre filhotes são os mais indicados, sejam eles gatinhos, coelhinhos ou cãezinhos, diz Thais.


“O bom de pegar um animal adulto é que tem um monte de bichinho abandonado, para adoção”, conta ela, lembrando que, às vezes, os filhotes são mais bagunceiros. “Mas, quando a gente fala de animais, não é ciência exata. Às vezes, o filhotinho é difícil de ensinar e o adulto já está disciplinado. Depende muito”.


Réveillon: Cuidados na hora dos fogos


Com o fim do ano se aproximando, muitos donos de animais já começam a se preocupar com os fogos de artifício e como o barulho gerado no Réveillon pode afetar cães e gatos. Para Leila Abreu, chefe da Coordenadoria de Defesa da Vida Animal (Codevida), da Secretaria de Meio Ambiente de Santos, algumas dicas são úteis para minimizar o problema.


“Em primeiro lugar, o responsável deve se manter calmo”, enfatiza Leila, que também é especialista em comportamento animal. “Tanto cães quanto gatos percebem a energia de seus tutores. Manter a calma, a serenidade, é o passo inicial”.


Porém, aqueles que deixarão seus animais sozinhos em casa têm de manter portas e janelas fechadas, evitando fugas, que, nesse período, costumam aumentar. “Se for por pouco tempo, retire a comida e deixe bastante água. Uma roupa com o cheiro do tutor também ajuda.


E há, ainda, aqueles animais que se acalmam com a tevê ligada”. Já para quem vai viajar é importante ter reserva em algum local especializado. “Nessa época,a procura é grande. Por isso, as pessoas precisam garantir vaga”. Infelizmente, revela Leila, é nesse período do ano em que o número de abandonos ficamaior.


“Acontece todo ano. Muitos deixam para a última hora e, ao não conseguirem vaga em hotel, simplesmente abandonam o animal. É algo bem triste, que revela bastante do caráter da pessoa”.


Crime ambiental: Maus-tratos devem ser denunciados


Você sabia que maus-tratos e abandono de animais de estimação são crimes ambientais, que podem levar os infratores a reclusão de até um ano e gerar multas que podem superar R$ 10 mil?


Quem faz o lembrete é a Seção de Fiscalização da Vida Animal (Sefiva), órgão ligado à Secretaria de Meio Ambiente (Semam). Semanalmente, aSefivarealiza vistorias, inclusive com o apoio da Polícia Ambiental. Constatada alguma irregularidade, o infrator estará sujeito a multa que vai de R$ 500 a R$ 5 mil.


Já a Polícia Ambiental, por sua vez, pode aplicar multa de até R$ 3 mil (o dobro em caso de morte) e, em casos graves, conduzir o infrator à delegacia para abertura de inquérito policial, com base na Lei de Crimes Ambientais (9.605/98, artigo 32).


O que são maus-tratos?


Submeter o pet a qualquer prática que cause ferimentos ou morte;


Manter o animal sem abrigo,em lugares impróprios ou que o impeçam de se movimentar e/ou descansar, ou ainda onde fique privado de ar ou luz solar, bem como de alimentação adequada e água;


Obrigar o bichinho a fazer trabalhos excessivos ou superiores à sua força ou castigá-lo ainda que para aprendizagem/adestramento;


Transportar o pet em veículos ou gaiolas inadequadas ao seu bem-estar;


Utilizar o animal em rituais e em lutas entre bichos da mesma espécie ou de espécies diferentes;


Abater o pet para consumo;


Sacrificar o animal com métodos não humanitários;


Soltar ou abandonar o bichinho em vias ou logradouros públicos.


A quem denunciar?


Ouvidoria (0800 –112056), pelo e-mailouvidoria@santos.sp.gov.brou pela Ouvidoria Digital. Seja consciente: para cada denúncia sem fundamento, atrasa-se o atendimento de outra que pode ser verdadeira.


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