Adapte seu pet para mudanças de rotina

Vai voltar a trabalhar? Mudar de casa? Receber um novo bichinho de estimação ou integrante na família? Veja os cuidados essenciais para não ter estresse - para você e par os animais

Por: Sheila Almeida  -  19/07/20  -  17:58
  Foto: Adobe Stock

A fase amarela na Baixada Santista na retomada da economia em meio à pandemia de covid-19, fez muita gente voltar ao trabalho e, com isso, deixar os pets por mais tempo sozinhos outra vez. Especialistas em temperamento animal explicam como adaptar os bichinhos nessa e em outras situações, como a vinda de um bebê, de um novo pet ao lar e até a morte de um tutor.


Retorno ao trabalho
Por estarem mais tempo em casa, alguns donos passaram a mimar mais seus cães. Segundo Ricardo Ueda, educador pet da Amahvet, numa mudança repentina o animal pode ter problemas de comportamento, como inquietação, lambedura excessiva e destruição de móveis. 


A prevenção exige paciência.“O tutor tem que se programar mais ou menos um mês antes. O petisco que acostumou a dar de graça deve ser dado após alguma obediência. E é ideal o dono fazer algumas saídas: por três dias, de tres a quatro vezes, por dez minutos; depois, aumentar o tempo para 20 minutos e, após uma semana, uma, duas horas”.


Alessandra Silva Gonçalves, veterinária especializada em medicina felina, conta que gatos sentem menos. “Mas, como tudo que é de forma abrupta causa estresse para eles, desde já é bom começar a dar um tempo para o animal, sem pegar nem chamar, e recriar a rotina. Ao sair, deixar a tevê ligada ou uma música, que acalma, para não causar um vazio repentino”.


Partida do tutor
A pandemia trouxe muitos óbitos. Nesses casos, não há como preparar um animal. Mas os especialistas indicam tratamentos psicológicos aos pets que tiverem mudança de comportamento. Há terapias naturais, aromaterapia, música aplicada e medicamentos, se preciso. Só que é importante sempre buscar ajuda veterinária.


Alessandra Gonçalves ressalta que muita gente não percebe a mudança de comportamento dos gatos. “Tem que ver se ele está fazendo as mesmas coisas, se está comendo menos, fazendo xixi fora da caixa, se passa a ser hiperativo, se o miado anda diferente. De repente, pegar uma roupa do dono e deixar próximo ajuda”.


Mudança de lar
A pandemia também trouxe dificuldade na negociação de muitos contratos de locação – o que tem feito bastante gente se mudar. Há uma dica para que cães não marquem território no novo endereço inteiro, logo na chegada. Ueda recomenda três dias antes de ir para o novo endereço levar o cão para passear nas ruas bem próximas do novo imóvel e, antes de entrar, colocar o xixi do próprio animal onde ele deverá fazer suas necessidades.


“É só pegar uma toalhinha de papel, molhar na urina e guardar num saquinho atóxico. Na nova residência, não tem que soltar o animal no ambiente, mas levá-lo antes onde está a marcação do xixi. A chance de fazer onde está o cheiro dele é maior. Aí, dê um petisco”. Agora, se o pet fez o xixi no lugar errado, não adianta brigar, explica o especialista. O ideal é lavar com uma solução repelente, como óleo de citronela.


Para gatos, a mudança precisa de mais paciência. Felinos se esfregam em móveis para liberar hormônios demarcando o território como área segura. A dica para não estressar o animal é pegar todas as coisas dele, como arranhador, manta de dormir, caixa de areia e brinquedos, e pôr num só cômodo da nova casa.


“O gato vai ficar isolado ali com o que ele já conhece. Depois, é possível utilizar feromônios sintéticos, comprados com indicação veterinária, para colocar no resto do ambiente. Tem em spray e difusor. Ao aplicar uma semana antes, ajuda o animal a ficar mais tranquilo, sem crise de identidade”.


Chegada de outro pet
Quem não conhece alguém que tenha adotado um bichinho de estimação na quarentena? A quem ainda está pensando nisso, o ideal é pedir a quem vai doar, uns dias antes, ajuda para a sociabilização, diz Ueda.


“Você leva uma toalha limpa e esfrega no animal que virá para casa. Coloca esse pano perto da casinha do seu pet. Ele vai sentir o odor e se habituar. E o bom é apresentar os dois na rua, com petiscos. Deixe um cheirar o outro e entre com os dois juntos”.


A dica da toalha é válida para os felinos, mas Alessandra ressalta: “O gato residente sempre deve ter regalia. O que chegar vai ficar isolado num cômodo só da casa. Não se pode deixar que tenha contato visual logo de cara. Isso pode ser incorrigível”.


O passo seguinte é tirar o novo morador do cômodo fechado numa caixa de transporte. “Aí, deixe os dois na sala, oferecendo um sachê para cada (um dentro da caixa e o outro fora). Um dia, faz isso por cinco minutos; depois, dez, observando reações”.


Nascimento de um bebê
Maternidades não fecharam e os bebês não esperam para chegar. Caso haja animais na casa, o ideal é mostrar o quarto da criança para o pet, bem antes. Se há uma fragrância do bebê que a família possa passar antes no corpo e nos objetos do cão ou gato, isso tende a ajudar. Ueda conta que, se for possível trazer a toalha do primeiro banho para os animais cheirarem, ótimo. Alessandra lembra que áudios de recém- nascidos chorando, meses antes, ajudam o felino a se acostumar com o novo som que pode estressar. 


Os dois profissionais afirmam que brincar com os animais, dar petiscos e incluir em momentos bons o cheiro do bebê valem a pena. Aí, é só a mãe ou pai, com a criança no colo, apresentar ao pet, para que o bebê não seja encarado como intruso. Porém, a supervisão é essencial, principalmente no início, até que os pets se familiarizem. 


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