Sobre dor, geriatra dá o recado: quem não sentiu ainda vai sentir

Possibilidade cresce com a idade; mas o médico Alberto Macedo Soares aposta na prevenção por uma vida feliz

Por: Tatiane Calixto & Da Redação &  -  27/09/19  -  16:25
O médico geriatra Alberto Macedo Soares inaugurou o projeto Envelheça Leve, promovido por Tribuna
O médico geriatra Alberto Macedo Soares inaugurou o projeto Envelheça Leve, promovido por Tribuna   Foto: Irandy Ribas/ AT

Se há quem não tenha sentido dor, é muito provável que ainda vá sentir. Não é praga ou alarmismo a fala do médico geriatra Alberto Macedo Soares. Mas um fato. E o outro é que a possibilidade aumenta com a idade. Apesar disso, é possível prevenir, tratar e ter uma vida mais saudável e feliz.  


Foi isso o que Soares discutiu, nesta quinta-feira (26), com um auditório lotado durante o primeiro evento do projeto Envelheça Leve, que teve como mediadoras a editora-chefe de A Tribuna, Arminda Augusto, e a jornalista Ivani Cardoso.  


O geriatra abriu o ciclo de debates do projeto que tem o objetivo de discutir o envelhecimento e é uma iniciativa de A Tribuna, em parceria com o laboratório Celulla Mater.  


“Existem inúmeras dores e, com o evoluir dos anos, elas se tornam mais frequentes”, afirma Soares. Por isso, é importante falar sobre o assunto, principalmente com uma população que está vivendo cada vez mais. No entanto, nem sempre de forma saudável.  


Apesar da dor aparecer com mais frequência com o acumular das primaveras, o alerta que fica é que o idoso não pode simplesmente aceitá-la. “Dor precisa ser investigada”, frisa.  


Segundo ele, um paciente que se queixa há mais de duas semanas, por exemplo, precisa ser submetido a exames.  


Medicamento e estilo de vida  


Entender que nem sempre um medicamento será a solução do problema é um passo para uma vida mais autônoma e menos dolorida. “A gente sabe que a vizinha sempre tem uma receitinha boa para dor, um remedinho. Mas isso é perigoso”, garante Soares.  


O uso indiscriminado de anti-inflamatórios, por exemplo, pode ser uma bomba para os rins, já que eles são capazes de estreitar os canais que levam líquido aos órgãos. No caso de alguns analgésicos, o risco é por conta da inibição de determinadas atividades do fígado.  


Isso pode atrapalhar, por exemplo, a metabolização de outros medicamentos. Por isso, é um profissional quem deve fazer a análise do paciente e prescrever o medicamento, aconselha o geriatra.  


“Diante de uma dor, o ideal é tentar fazer um tratamento não farmacológico”, diz Soares. Assim, a fisioterapia e o exercício físico são atividades que devem fazer parte da rotina dos idosos.  


Dor da alma  


No entanto, além da caminhada, do pilates ou dos exercícios na academia, encontrar a alegria no passar dos dias é importante para diminuir a dor, tanto ou mais do que qualquer analgésico.  


Segundo o médico, estudos apontam uma ligação que merece atenção: a dor leva à depressão e a depressão piora a dor. “O estresse pela perda de um cônjuge, a perda da autonomia, situações repetidas de angústia. Tudo isso pode levar à depressão e a transtornos de ansiedade. E essa dor da alma é mais difícil de curar”.  


Por isso, garantir momentos de convivência e diversão, manter uma rotina com atividades físicas e alimentação saudável e, se preciso, buscar o acompanhamento de um profissional, podem garantir dias mais leves, felizes e com menos dor. “Às vezes não percebemos, mas ficar se lamuriando pode tornar o envelhecer mais difícil”.  


Exemplo 


“A idade tem seus inconvenientes e a dor é um deles. Mas na vida temos que aprender a viver cada fase da melhor maneira possível. Por isso, eventos assim são importantes para a gente aprender. Estou muito bem. Acho que tenho a tendência a ser leve e procurar a alegria. Isso tem me ajudado”, conta Maria Jacinta Petrocínio, com a experiência de seus 95 anos. 


Próximos 


❚ 15 de outubro: “Você está preparado para viver 100 anos?”, Denise Mazzaferro, mestre em Gerontologia


❚ 7 de novembro: “Envelhecer é não parar”, Ignácio de Loyola Brandão, contista, escritor e colunista de A Tribuna


❚ 10 de dezembro: “Meditar, ferramenta poderosa do envelhecer”, Lia Diskin, escritora e coordenadora do Comitê Paulista para a Década, programa das Nações Unidas para a disseminação da cultura de paz  


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